domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Além do Homem – viagem psicodélica pelos clichês

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Existem obras cinematográficas nas quais nos sentimos em uma espécie de viagem psicodélica, astral, como se nos entranhássemos na mente do protagonista e partíssemos com ele por um passeio além. Contudo, ao mesmo tempo em que isto pode ser algo positivo para a produção, pode também ser uma verdadeira armadilha.

O filme dirigido por Willy Biondani (Sertão: Veredas) conta a história de um escritor brasileiro chamado Alberto Luppo (Sergio Guizé) que vive em Paris há muitos anos. Entretanto, com a morte de um famoso antropólogo francês chamado Marcel Lefavre (Pierre Richard), supostamente devorado por canibais no interior do Brasil, ele se vê obrigado a retornar à terra natal para investigar o mistério e transformar tal história em um livro.



Além do Homem possui um roteiro rico em clichês. A narrativa se propõe numa mistura de ditados que toda avó diz, adaptados para o cotidiano, e diálogos sem construção de sentido. Por diversos momentos, o espectador se vê perdido mediante as mudanças de cenários, de situações e até mesmo do humor do protagonista, que pode variar de 8 a 80 em curto tempo. A dinâmica da história não funciona e só a deixa mais confusa em momentos diferentes.

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A direção cinematográfica de Biondani funcionaria melhor em um longa-metragem com qualidade de escrita. Em cenários cheios de natureza e beleza a história se constrói. O diretor tira proveito disso e até proporciona qualidade neste sentido, sendo possível afirmar que é o que o filme tem de melhor. Entretanto, a arte prejudica ao trabalhar com paletas de cores distintas que confundem a criação de identidade do espectador para com a obra. É como se não soubessem ao certo escolher entre algo quente ou frio, e até mesmo se fundem em diferentes momentos, o que só aumenta a estranheza de quem assiste.

Os atores fazem o melhor com o roteiro que possuem: Sergio Guizé, inclusive, que dá vida ao protagonista, como dito anteriormente, faz um trabalho muito bom. Enquanto Débora Nascimento, que vive Bethânia, o interesse amoroso do jovem brasileiro, parece mal aproveitada em cena, como se estivesse ali apenas para seduzir e nada além. Tião (Fabrício Boliveira), assim como os demais do elenco, são personagens absurdamente caricatos. É como se estivesse abrindo um livro folclórico, misturado com os estereótipos de “brasileiros”, já vistos em diversos filmes, livros e até séries diferentes.

O espectador, portanto, embarca numa viagem já vivida em algum lugar anteriormente, com o elemento novo da confusão, de não saber em que época, em que momento, em que cena ou local realmente tudo aquilo se passa. O teor sexual do longa-metragem é exaustivo, trazendo à tona o velho papo de que tudo que se refere à cultura brasileira está intrínseco ao sexo e mulheres voluptuosas. Como dito anteriormente, clichê em cima de clichê.

Além do Homem é um filme que não traz nada de novo, nem mesmo a psicodélica aventura ambígua em que o público embarca para o nada.

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Existem obras cinematográficas nas quais nos sentimos em uma espécie de viagem psicodélica, astral, como se nos entranhássemos na mente do protagonista e partíssemos com ele por um passeio além. Contudo, ao mesmo tempo em que isto pode ser algo positivo para a produção, pode também ser uma verdadeira armadilha.

O filme dirigido por Willy Biondani (Sertão: Veredas) conta a história de um escritor brasileiro chamado Alberto Luppo (Sergio Guizé) que vive em Paris há muitos anos. Entretanto, com a morte de um famoso antropólogo francês chamado Marcel Lefavre (Pierre Richard), supostamente devorado por canibais no interior do Brasil, ele se vê obrigado a retornar à terra natal para investigar o mistério e transformar tal história em um livro.

Além do Homem possui um roteiro rico em clichês. A narrativa se propõe numa mistura de ditados que toda avó diz, adaptados para o cotidiano, e diálogos sem construção de sentido. Por diversos momentos, o espectador se vê perdido mediante as mudanças de cenários, de situações e até mesmo do humor do protagonista, que pode variar de 8 a 80 em curto tempo. A dinâmica da história não funciona e só a deixa mais confusa em momentos diferentes.

A direção cinematográfica de Biondani funcionaria melhor em um longa-metragem com qualidade de escrita. Em cenários cheios de natureza e beleza a história se constrói. O diretor tira proveito disso e até proporciona qualidade neste sentido, sendo possível afirmar que é o que o filme tem de melhor. Entretanto, a arte prejudica ao trabalhar com paletas de cores distintas que confundem a criação de identidade do espectador para com a obra. É como se não soubessem ao certo escolher entre algo quente ou frio, e até mesmo se fundem em diferentes momentos, o que só aumenta a estranheza de quem assiste.

Os atores fazem o melhor com o roteiro que possuem: Sergio Guizé, inclusive, que dá vida ao protagonista, como dito anteriormente, faz um trabalho muito bom. Enquanto Débora Nascimento, que vive Bethânia, o interesse amoroso do jovem brasileiro, parece mal aproveitada em cena, como se estivesse ali apenas para seduzir e nada além. Tião (Fabrício Boliveira), assim como os demais do elenco, são personagens absurdamente caricatos. É como se estivesse abrindo um livro folclórico, misturado com os estereótipos de “brasileiros”, já vistos em diversos filmes, livros e até séries diferentes.

O espectador, portanto, embarca numa viagem já vivida em algum lugar anteriormente, com o elemento novo da confusão, de não saber em que época, em que momento, em que cena ou local realmente tudo aquilo se passa. O teor sexual do longa-metragem é exaustivo, trazendo à tona o velho papo de que tudo que se refere à cultura brasileira está intrínseco ao sexo e mulheres voluptuosas. Como dito anteriormente, clichê em cima de clichê.

Além do Homem é um filme que não traz nada de novo, nem mesmo a psicodélica aventura ambígua em que o público embarca para o nada.

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