quinta-feira , 21 novembro , 2024

Crítica | Alguém Tem Que Morrer – Ester Expósito, de ‘Elite’, BRILHA em Minissérie Tarantinesca da Netflix

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A ditadura Franco foi um dos períodos mais sombrios da história da Espanha, ocorrida entre os anos de 1936 e 1975. Inúmeras perseguições e atrocidades foram cometidas nessas quase quatro décadas de controle social, cujos reflexos ainda são sentidos pela população espanhola. É nesse contexto sócio-histórico que se passa ‘Alguém Tem Que Morrer’, nova minissérie de tensão da Netflix.



Dividida em apenas três episódios de quase cinquenta minutos de duração, em ‘Alguém Tem Que Morrer’ acompanhamos o retorno do filho pródigo, Gabino (Alejandro Speitzer), que, após uma temporada no México, retorna à Madri para conseguir um emprego e se casar. Só que, para a surpresa de sua família, Gabino traz a tiracolo um amigo, Lázaro (Isaac Hernández), o que desconserta sua avó, Amparo (Carmen Maura), sua mãe, Mina (Cecilia Suárez), e seu pai, Gregorio (Ernesto Alterio), que tinham planos para que ele se casasse com Cayetana (Ester Expósito). Toda essa situação provoca o ciúme de Alonso (Carlos Cuevas), e, por conta disso, segredos enterrados no passado virão à tona.

Apesar de curtinha, a história criada por Manolo Caro consegue dar conta de tudo que importa nesse pequeno espaço. Mais que isso, nesse compacto de três episódios o clima de tensão já surge na primeira cena, e segue em um crescente que o espectador já adivinha que “vai dar M. a qualquer momento”, a única pergunta é: quando.

Nesse viés, o roteiro de Fernando Pérez e Monika Revilla não perde tempo com nada que não tenha efetiva função na trama, já iniciando com o retorno do jovem Gabino e as consequências que isso acarreta na pequena e burguesa sociedade daquele vilarejo. Em vez de simplesmente mostrar o problema, o roteiro vai conduzindo o espectador a questionar a situação e, em seguida, adivinhá-la, para então, quando a coisa toda se realiza, a gente ficar com aquela sensação de “nossa, que droga, preferia estar errado”. Porque a realidade, quando colocada na ficção, tem o poder de nos impactar de maneira bem direta.

Uma história de qualidade não é nada se não estiver amparada por um elenco competente que consiga exprimir sensações para além do que os diálogos produzem, e nesse ponto Manolo Caro escolheu o elenco certo para o seu ‘Alguém Tem Que Morrer’. Ester Expósito brilha como uma filha mimada e atrevida incapaz de lidar com a rejeição; Cecilia Suárez está angustiante com sua capacidade de ocultar emoções, tal como as mulheres eram obrigadas a fazer naquela época; e Carmen Maura rouba a cena; dos rapazes, Alejandro Speitzer carrega uma doçura no olhar que o afasta de seu caliente Dario em ‘Desejo Sombrio’ e promete ser um desses atores que irá crescer muito na carreira ainda.

Intriga, desejo, repressões e rejeições: ‘Alguém Tem Que Morrer’ joga luz na podridão do poder social e nas tecnologias de controle que o dinheiro e o status imprimem numa sociedade. É dessas séries de ficção que parecem realidade e que cumprem com o que propõe, com um tom novelesco e pitadas de Tarantino.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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A ditadura Franco foi um dos períodos mais sombrios da história da Espanha, ocorrida entre os anos de 1936 e 1975. Inúmeras perseguições e atrocidades foram cometidas nessas quase quatro décadas de controle social, cujos reflexos ainda são sentidos pela população espanhola. É nesse contexto sócio-histórico que se passa ‘Alguém Tem Que Morrer’, nova minissérie de tensão da Netflix.

Dividida em apenas três episódios de quase cinquenta minutos de duração, em ‘Alguém Tem Que Morrer’ acompanhamos o retorno do filho pródigo, Gabino (Alejandro Speitzer), que, após uma temporada no México, retorna à Madri para conseguir um emprego e se casar. Só que, para a surpresa de sua família, Gabino traz a tiracolo um amigo, Lázaro (Isaac Hernández), o que desconserta sua avó, Amparo (Carmen Maura), sua mãe, Mina (Cecilia Suárez), e seu pai, Gregorio (Ernesto Alterio), que tinham planos para que ele se casasse com Cayetana (Ester Expósito). Toda essa situação provoca o ciúme de Alonso (Carlos Cuevas), e, por conta disso, segredos enterrados no passado virão à tona.

Apesar de curtinha, a história criada por Manolo Caro consegue dar conta de tudo que importa nesse pequeno espaço. Mais que isso, nesse compacto de três episódios o clima de tensão já surge na primeira cena, e segue em um crescente que o espectador já adivinha que “vai dar M. a qualquer momento”, a única pergunta é: quando.

Nesse viés, o roteiro de Fernando Pérez e Monika Revilla não perde tempo com nada que não tenha efetiva função na trama, já iniciando com o retorno do jovem Gabino e as consequências que isso acarreta na pequena e burguesa sociedade daquele vilarejo. Em vez de simplesmente mostrar o problema, o roteiro vai conduzindo o espectador a questionar a situação e, em seguida, adivinhá-la, para então, quando a coisa toda se realiza, a gente ficar com aquela sensação de “nossa, que droga, preferia estar errado”. Porque a realidade, quando colocada na ficção, tem o poder de nos impactar de maneira bem direta.

Uma história de qualidade não é nada se não estiver amparada por um elenco competente que consiga exprimir sensações para além do que os diálogos produzem, e nesse ponto Manolo Caro escolheu o elenco certo para o seu ‘Alguém Tem Que Morrer’. Ester Expósito brilha como uma filha mimada e atrevida incapaz de lidar com a rejeição; Cecilia Suárez está angustiante com sua capacidade de ocultar emoções, tal como as mulheres eram obrigadas a fazer naquela época; e Carmen Maura rouba a cena; dos rapazes, Alejandro Speitzer carrega uma doçura no olhar que o afasta de seu caliente Dario em ‘Desejo Sombrio’ e promete ser um desses atores que irá crescer muito na carreira ainda.

Intriga, desejo, repressões e rejeições: ‘Alguém Tem Que Morrer’ joga luz na podridão do poder social e nas tecnologias de controle que o dinheiro e o status imprimem numa sociedade. É dessas séries de ficção que parecem realidade e que cumprem com o que propõe, com um tom novelesco e pitadas de Tarantino.

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