terça-feira , 5 novembro , 2024

Crítica | Alice Júnior – Filme de amadurecimento de garota trans é divertido, moderno e importante

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As comédias de amadurecimento de adolescentes, muitas vezes chamadas de coming of age, são verdadeiro fenômeno da sétima arte, podendo até serem consideradas um gênero próprio. Geralmente, seguem uma estrutura simples e bem repetitiva, acompanhando um jovem deslocado que começa a lidar com os problemas de crescer, ainda não necessariamente chegando aos dilemas da vida adulta. A escola geralmente é o cenário padrão desses longas e os problemas envolvem relacionamentos, aceitação e bullying. São tantos filmes do tipo que a maioria das vezes, fica o questionamento: será que precisamos de mais um coming of age bobinho no mundo? Então, no caso de Alice Júnior, a responsa para tal pergunta é muito fácil: SIM!

O longa acompanha a youtuber trans Alice (Anne Celestino), que vive no Recife e tem uma legião de fãs e admiradores. Determinado dia, seu pai é transferido a trabalho para uma pequena cidadezinha no interior do Paraná, e a jovem tem que deixar sua rotina já estabelecida, os amigos e os crushes para acompanhá-lo. Na nova cidade, a garota acaba matriculada em um colégio religioso e passa a sofrer com a intolerância da diretora e com o preconceito de muitos dos colegas. Aos poucos, ela vai conquistando a atenção e a amizade das pessoas, mas não sem passar por alguns problemas.

Alice Júnior traz elementos já vistos inúmeras vezes nas telonas, mas o fato de ter como figura central uma personagem (e atriz) trans dá uma importância que não pode ser desconsiderada. Tudo é tratado de forma quase didática, mas o uso de elementos visuais e o carisma da protagonista ajudam a trama a seguir de forma divertida, sem soar muito explicativa. Deve-se valorizar ainda o fato de não termos uma personagem sofrida, deprimida e sem o apoio da família. Esta é sim a realidade de muitas pessoas trans, mas já foi vista inúmeras vezes nos cinemas. É importante que tal personagem seja tratada com naturalidade. Alice é segura de si, determinada, sabe o que quer e combate quem tenta lhe oprimir, muitas vezes com o apoio do pai. Inclusive, ela lida bem até com o fato de ter perdido a mãe muito cedo.

Obviamente, a questão do preconceito e do conservadorismo está presente na obra – que cria até alguns “vilões” bem estereotipados -, mas não é só sobre isso. O filme é sobre Alice, e ela inteira. A Alice que sofre perseguição de algumas pessoas no colégio, mas também a Alice que não tem medo de exigir seu espaço na sociedade.

Além da ótima presença da atriz Anne Celestino, a produção conta ainda com um ótimo elenco jovem, com uma ou outra exceção que cai mais na caricatura. O núcleo adulto, formado pelo pai, pelos professores e outras mães do colégio, também se destaca.

Dirigido por Gil Baroni a partir de roteiro de Luiz Bertazzo e Adriel Nizer Silva, Alice Júnior, como destacado acima, utiliza-se de inúmeros efeitos visuais, transmitindo bem a ideia de que estamos dentro de uma rede social. Os elementos também são usados para transmitir os sentimentos da protagonista e a forma como vê o mundo. Não é um filme sobre uma youtuber, mas um filme da geração YouTube.

Filme visto durante o 52º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro

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O longa acompanha a youtuber trans Alice (Anne Celestino), que vive no Recife e tem uma legião de fãs e admiradores. Determinado dia, seu pai é transferido a trabalho para uma pequena cidadezinha no interior do Paraná, e a jovem tem que deixar sua rotina já estabelecida, os amigos e os crushes para acompanhá-lo. Na nova cidade, a garota acaba matriculada em um colégio religioso e passa a sofrer com a intolerância da diretora e com o preconceito de muitos dos colegas. Aos poucos, ela vai conquistando a atenção e a amizade das pessoas, mas não sem passar por alguns problemas.

Alice Júnior traz elementos já vistos inúmeras vezes nas telonas, mas o fato de ter como figura central uma personagem (e atriz) trans dá uma importância que não pode ser desconsiderada. Tudo é tratado de forma quase didática, mas o uso de elementos visuais e o carisma da protagonista ajudam a trama a seguir de forma divertida, sem soar muito explicativa. Deve-se valorizar ainda o fato de não termos uma personagem sofrida, deprimida e sem o apoio da família. Esta é sim a realidade de muitas pessoas trans, mas já foi vista inúmeras vezes nos cinemas. É importante que tal personagem seja tratada com naturalidade. Alice é segura de si, determinada, sabe o que quer e combate quem tenta lhe oprimir, muitas vezes com o apoio do pai. Inclusive, ela lida bem até com o fato de ter perdido a mãe muito cedo.

Obviamente, a questão do preconceito e do conservadorismo está presente na obra – que cria até alguns “vilões” bem estereotipados -, mas não é só sobre isso. O filme é sobre Alice, e ela inteira. A Alice que sofre perseguição de algumas pessoas no colégio, mas também a Alice que não tem medo de exigir seu espaço na sociedade.

Além da ótima presença da atriz Anne Celestino, a produção conta ainda com um ótimo elenco jovem, com uma ou outra exceção que cai mais na caricatura. O núcleo adulto, formado pelo pai, pelos professores e outras mães do colégio, também se destaca.

Dirigido por Gil Baroni a partir de roteiro de Luiz Bertazzo e Adriel Nizer Silva, Alice Júnior, como destacado acima, utiliza-se de inúmeros efeitos visuais, transmitindo bem a ideia de que estamos dentro de uma rede social. Os elementos também são usados para transmitir os sentimentos da protagonista e a forma como vê o mundo. Não é um filme sobre uma youtuber, mas um filme da geração YouTube.

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