quarta-feira , 25 dezembro , 2024

Crítica | Alien Covenant – Mais do mesmo

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Devo começar este texto realçando a importância e influência, não só de Alien – O Oitavo Passageiro (1979), como do diretor Ridley Scott, para o gênero da ficção científica como o conhecemos hoje – caso você ainda não saiba. O cineasta, com Alien (seu segunda longa-metragem), redefiniu o subgênero, ao ponto de até hoje seguirmos ganhando produções como o recente Vida. Só isso bastaria para o status de culto em cima do diretor. Mas Scott foi além, e entregou ainda um segundo filme divisor de águas para o gênero da ficção, Blade Runner – O Caçador de Androides (1982), cujo design de produção é muito replicado quando falamos em ambientes urbanos futurísticos.

De fato, foram duas décadas afastado do gênero que lhe serviu como alicerce de carreira, mas conhecendo, talvez como nunca antes, o sucesso de crítica e público – desde Gladiador (2000) o cineasta engatou numa crescente estável. Numa era de revisões, revisitações, blockbusters inflados e público disperso, Ridley Scott resolve assumir novamente as rédeas de uma ficção científica. E não apenas isso, mas investir no universo de Alien com Prometheus (2012). O resultado todos já sabem, mas num quesito devemos dar o braço a torcer, Prometheus trazia um dos trailers mais lindos dos últimos anos, e pode ser dito que nos ludibriou a crer que estávamos diante de outra obra-prima do gênero.



Com o velho ditado “me engane uma vez, a culpa é sua; me engane duas vezes, a culpa é minha”, nenhuma prévia de Alien Covenant havia me capturado de verdade. Penso que o objetivo de continuações é serem sempre maiores e melhores que seus predecessores, ou ao menos suas aspirações. Covenant não me dizia nada além de Prometheus e assim seguiu depois de tê-lo assistido. O elenco de nomes inferiores, soando como um nível abaixo de personalidades como Charlize Theron, Noomi Rapace, Idris Elba, Guy Pearce e Michael Fassbender (que retorna neste novo), não seria problema caso o roteiro os desenvolvesse de forma satisfatória.

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Na trama, a nave Covenant sofre um abalo em sua estrutura e alguns dos passageiros perdem suas vidas, já que todos estavam em estado criogênico. O objetivo da missão, assim como no recente Passageiros, com Jennifer Lawrence e Chris Pratt, é colonizar um novo planeta. Para isso, embriões congelados e centenas de corpos adormecidos para o transporte. A equipe responsável acorda e vamos conhecendo cada um deles, toda formada por casais – um dos diferenciais do longa. Eles recebem uma transmissão vinda de outro planeta, assim como no longa homônimo de 1979 – dá para notar as inúmeras referências aqui e perceber o desejo de Scott de voltar às origens.

Temos inclusive uma pretensa Ellen Ripley (Sigourney Weaver) nas formas de Daniels (Katherine Waterston), a bússola moral do filme e heroína trágica. Verdade seja dita, Daniels não tem um terço do carisma de Ripley ou de Elizabeth Shaw (Rapace), se formos pensar. Como apontou o norte-americano Alonso Duralde (The Wrap) em sua crítica, o novo Alien é um ‘Sexta-feira 13 do espaço’, no qual apenas assistimos aos corpos caírem um a um. No lugar dos monitores, exploradores espaciais. Tal planeta inóspito corrobora com o argumento, com árvores, mato e vegetação que lembram um acampamento de verão sangrento, tão presente nos slashers. Indo além, vejo certas semelhanças visuais e estruturais com O Mundo Perdido – Jurassic Park (1997), em sua disposição de apresentar figuras armadas para o abate.

Alien Covenant não é um filme ruim. Não faz a lambança que obras como Alien 3 (1992) e Alien: A Ressurreição (1997) fizeram no coração dos fãs, e está bem longe de irremediáveis incursões com a logo do alienígena cabeçudo e fálico, criado por H.R. Giger, vide Alien VS Predador (204) e sua continuação (2007). O novo longa estampando a assinatura de Ridley Scott é, no entanto, uma produção de roteiro preguiçoso, sem grandes atuações ou personagens (além de Waterstone, Billy Crudup, Demián Bichir, Carmen Ejogo, Danny McBride e a bela Callie Hernandez são apagados pelo texto) e sem um grande momento memorável – coisa que se formos parar para pensar, Prometheus (2012) com todos os seus enormes furos e inconsistências, possuía.

Quem se sai melhor é Michael Fassbender, entre outras coisas ampliando o arco dramático de David (um dos melhores itens de Prometheus) – favorecido por dois papeis no filme. Mas até Fassbender, embora seja o ator proeminente de Covenant, não entrega algo tão especial, que já não tenhamos absorvido com maior sabor no longa de 2012, no qual fez sua estreia no papel – este sim contendo uma performance única. Em resumo, Covenant termina como mais do mesmo, entregando o feijão com arroz básico de uma ficção / terror, decepcionando por consequência, e de maneira alguma sendo digno das primeiras obras levando como título a criatura.

As questões intrigantes levantadas em 1979 e 1986 há muito se foram, e Alien, assim como qualquer produto vendido aos montes às massas (salvos raros casos), é um item de consumo rápido, infelizmente. O nível de intensidade intelectual presente em O Oitavo Passageiro, hoje é encontrado em produções como Ex-Machina (2014) e Sob a Pele (2014). Esses são os ‘Aliens’ de hoje. Enquanto o verdadeiro, ah, esse se tornou apenas escapismo.

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De fato, foram duas décadas afastado do gênero que lhe serviu como alicerce de carreira, mas conhecendo, talvez como nunca antes, o sucesso de crítica e público – desde Gladiador (2000) o cineasta engatou numa crescente estável. Numa era de revisões, revisitações, blockbusters inflados e público disperso, Ridley Scott resolve assumir novamente as rédeas de uma ficção científica. E não apenas isso, mas investir no universo de Alien com Prometheus (2012). O resultado todos já sabem, mas num quesito devemos dar o braço a torcer, Prometheus trazia um dos trailers mais lindos dos últimos anos, e pode ser dito que nos ludibriou a crer que estávamos diante de outra obra-prima do gênero.

Com o velho ditado “me engane uma vez, a culpa é sua; me engane duas vezes, a culpa é minha”, nenhuma prévia de Alien Covenant havia me capturado de verdade. Penso que o objetivo de continuações é serem sempre maiores e melhores que seus predecessores, ou ao menos suas aspirações. Covenant não me dizia nada além de Prometheus e assim seguiu depois de tê-lo assistido. O elenco de nomes inferiores, soando como um nível abaixo de personalidades como Charlize Theron, Noomi Rapace, Idris Elba, Guy Pearce e Michael Fassbender (que retorna neste novo), não seria problema caso o roteiro os desenvolvesse de forma satisfatória.

Na trama, a nave Covenant sofre um abalo em sua estrutura e alguns dos passageiros perdem suas vidas, já que todos estavam em estado criogênico. O objetivo da missão, assim como no recente Passageiros, com Jennifer Lawrence e Chris Pratt, é colonizar um novo planeta. Para isso, embriões congelados e centenas de corpos adormecidos para o transporte. A equipe responsável acorda e vamos conhecendo cada um deles, toda formada por casais – um dos diferenciais do longa. Eles recebem uma transmissão vinda de outro planeta, assim como no longa homônimo de 1979 – dá para notar as inúmeras referências aqui e perceber o desejo de Scott de voltar às origens.

Temos inclusive uma pretensa Ellen Ripley (Sigourney Weaver) nas formas de Daniels (Katherine Waterston), a bússola moral do filme e heroína trágica. Verdade seja dita, Daniels não tem um terço do carisma de Ripley ou de Elizabeth Shaw (Rapace), se formos pensar. Como apontou o norte-americano Alonso Duralde (The Wrap) em sua crítica, o novo Alien é um ‘Sexta-feira 13 do espaço’, no qual apenas assistimos aos corpos caírem um a um. No lugar dos monitores, exploradores espaciais. Tal planeta inóspito corrobora com o argumento, com árvores, mato e vegetação que lembram um acampamento de verão sangrento, tão presente nos slashers. Indo além, vejo certas semelhanças visuais e estruturais com O Mundo Perdido – Jurassic Park (1997), em sua disposição de apresentar figuras armadas para o abate.

Alien Covenant não é um filme ruim. Não faz a lambança que obras como Alien 3 (1992) e Alien: A Ressurreição (1997) fizeram no coração dos fãs, e está bem longe de irremediáveis incursões com a logo do alienígena cabeçudo e fálico, criado por H.R. Giger, vide Alien VS Predador (204) e sua continuação (2007). O novo longa estampando a assinatura de Ridley Scott é, no entanto, uma produção de roteiro preguiçoso, sem grandes atuações ou personagens (além de Waterstone, Billy Crudup, Demián Bichir, Carmen Ejogo, Danny McBride e a bela Callie Hernandez são apagados pelo texto) e sem um grande momento memorável – coisa que se formos parar para pensar, Prometheus (2012) com todos os seus enormes furos e inconsistências, possuía.

Quem se sai melhor é Michael Fassbender, entre outras coisas ampliando o arco dramático de David (um dos melhores itens de Prometheus) – favorecido por dois papeis no filme. Mas até Fassbender, embora seja o ator proeminente de Covenant, não entrega algo tão especial, que já não tenhamos absorvido com maior sabor no longa de 2012, no qual fez sua estreia no papel – este sim contendo uma performance única. Em resumo, Covenant termina como mais do mesmo, entregando o feijão com arroz básico de uma ficção / terror, decepcionando por consequência, e de maneira alguma sendo digno das primeiras obras levando como título a criatura.

As questões intrigantes levantadas em 1979 e 1986 há muito se foram, e Alien, assim como qualquer produto vendido aos montes às massas (salvos raros casos), é um item de consumo rápido, infelizmente. O nível de intensidade intelectual presente em O Oitavo Passageiro, hoje é encontrado em produções como Ex-Machina (2014) e Sob a Pele (2014). Esses são os ‘Aliens’ de hoje. Enquanto o verdadeiro, ah, esse se tornou apenas escapismo.

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