quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | ‘Alien: Romulus’ é um dos MELHORES capítulos da icônica saga sci-fi

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Tem sido uma longa jornada para a franquia Alien.

Tendo início em 1979 com o lendário longa-metragem Alien, o Oitavo Passageiro’, encabeçado por Ridley Scott, o icônico terror de ficção científica transformou-se em uma saga que atravessou décadas e mídias diversas até sagrar-se uma das mais influentes da sétima arte, principalmente dentro do gênero. Entre altos e baixos, é notável como os fãs inveterados continuam apaixonados nessas instigantes narrativas – e, sete anos depois do último capítulo, Alien: Covenant’, somos convidados a retornar a esse cosmos intergaláctico com o ambicioso e antecipado Alien: Romulus’.



A trama se passa entre os eventos do primeiro filme e do segundo, ‘Aliens, o Resgate’, e nos leva a um planeta terraformado que funciona como colônia humana. Lá, os habitantes são obrigados a trabalhar copiosamente para coletar horas o suficiente para sair dessa espécie de prisão sem grades e ir para o merecido “paraíso”, por assim dizer, ainda mais considerando que seu atual lar é desprovido de qualquer contato com a luz do sol. Nesse cenário quase apocalíptico, acompanhamos Rain (Cailee Spaeny), uma jovem órfã que vive com o irmão, um sintético chamado Andy (David Jonsson). Rain tenta a todo custo sair de lá com a única pessoa que restou de sua família, mas se vê num beco sem saída até uma oportunidade imperdível aparecer através de seu amigo, Tyler (Archie Renaux).

alien romulus

Tyler, acompanhado da irmã, Kay (Isabela Merced), e dos companheiros Bjorn (Spike Fearn) e Navarro (Aileen Wu), pretendem viajar até uma estação espacial desativada, recuperar as câmaras de criogênio que lá estão e, assim, assegurar a viagem de todos até a “terra prometida” – só que o grupo precisa da ajuda de Andy para acessar o centro de controle. Com hesitações, Rain acata o plano de todos e, juntos, eles partem para essa instalação abandonada flutuando ao redor do planeta, sem imaginar que estavam caminhando em direção à morte certeira. Afinal, a estação se tornou um antro de xenomorfos que destruíram qualquer vida em prol de se manterem vivos.

O longa-metragem funciona em um âmbito que beira a perfeição cinematográfica e que, ao mesmo tempo, não deseja dar um passo maior que a perna. Um dos elementos que precisa ser explorado é a sólida direção de Fede Álvarez, que já emprestou suas habilidades para o ótimo suspense ‘O Homem nas Trevas’. Álvarez sabe como conduzir a câmera sem entregar de bandeja as reviravoltas de cada ato, permitindo que as sequências falem por si só e que elas sejam transformadas em pequenas joias artísticas – seja pela instigante fotografia, seja pelas referências que promove aos capítulos anteriores da saga. Há, também, uma predileção consistente às incursões do expressionismo, em que Álvarez une-se ao diretor de fotografia Galo Olivares para um jogo de luz e sombras que antecipa e desencaminha, na mesma medida, a atenção dos espectadores – alimentando a angústia que nos persegue até os créditos de encerramento.

alien romulus revela novo visual do xenomorfo do filme

O cineasta constrói uma épica carta de amor a Scott, a James Cameron e a todos os diretores que já tiveram a honra de participar da franquia Alien, ainda mais quando promove uma expansão mitológica que não premedita conhecimento prévio, podendo ser conferida para os estreantes nesse mundo do terror sci-fi. Na mesma medida, escolhas de enquadramento e de cenário homenageiam cenas memoráveis, sem se render ao puro mimetismo, mas adornadas com uma originalidade que é sempre bem-vinda – e é claro que nada disso seria possível sem o comprometimento aplaudível de um elenco de peso nas telonas.

É claro que todos se entregam de corpo e alma, com distinção clara a Merced e a Jonsson – cujas performances nos tiram o fôlego e nos engolfam nesse claustrofóbico labirinto espacial. Mas é Spaeny quem rouba os holofotes com uma interpretação soberba e fabulosa, reiterando sua incrível versatilidade artística, principalmente depois de ter brilhado em títulos como ‘Priscilla’ e ‘Guerra Civil’. Afastando-se de quaisquer tangências a uma teatralidade exagerada, ela sabe como entregar os diálogos e mostra conhecer Rain a fundo, permitindo que ela nutra de similaridades com Ellen Ripley (Sigourney Weaver), a heroína da quadrilogia clássica. Não é surpresa, pois, que ela domine as telas com uma força descomunal, sem deixar que seus companheiros sejam ofuscados.

imagem 2024 08 14 154841581

O filme pode não ser livre de alguns equívocos, considerando certas barrigas que aparecem na transição do segundo para o terceiro ato e na extensão um tanto quanto demasiada que antecipa o grand finale. Porém, tais deslizes não têm vigor o bastante para apagar essa vibrante space opera que reaviva o gênero em uma epopeica investida técnica e artística – e fica óbvio que as boas intenções e uma cautela minuciosa com cada detalhe do projeto têm chances de encantar mesmo os mais céticos.

Alien: Romulus’ emerge como um dos melhores títulos da saga Alien, sendo arquitetado com uma sagacidade invejável e culminando em um aprazível e satisfatório filme. Posso dizer, inclusive, que o surpreendente resultado é um sopro de ar fresco a uma série que já vinha sofrendo com um desgaste criativo há vários anos.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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A trama se passa entre os eventos do primeiro filme e do segundo, ‘Aliens, o Resgate’, e nos leva a um planeta terraformado que funciona como colônia humana. Lá, os habitantes são obrigados a trabalhar copiosamente para coletar horas o suficiente para sair dessa espécie de prisão sem grades e ir para o merecido “paraíso”, por assim dizer, ainda mais considerando que seu atual lar é desprovido de qualquer contato com a luz do sol. Nesse cenário quase apocalíptico, acompanhamos Rain (Cailee Spaeny), uma jovem órfã que vive com o irmão, um sintético chamado Andy (David Jonsson). Rain tenta a todo custo sair de lá com a única pessoa que restou de sua família, mas se vê num beco sem saída até uma oportunidade imperdível aparecer através de seu amigo, Tyler (Archie Renaux).

alien romulus

Tyler, acompanhado da irmã, Kay (Isabela Merced), e dos companheiros Bjorn (Spike Fearn) e Navarro (Aileen Wu), pretendem viajar até uma estação espacial desativada, recuperar as câmaras de criogênio que lá estão e, assim, assegurar a viagem de todos até a “terra prometida” – só que o grupo precisa da ajuda de Andy para acessar o centro de controle. Com hesitações, Rain acata o plano de todos e, juntos, eles partem para essa instalação abandonada flutuando ao redor do planeta, sem imaginar que estavam caminhando em direção à morte certeira. Afinal, a estação se tornou um antro de xenomorfos que destruíram qualquer vida em prol de se manterem vivos.

O longa-metragem funciona em um âmbito que beira a perfeição cinematográfica e que, ao mesmo tempo, não deseja dar um passo maior que a perna. Um dos elementos que precisa ser explorado é a sólida direção de Fede Álvarez, que já emprestou suas habilidades para o ótimo suspense ‘O Homem nas Trevas’. Álvarez sabe como conduzir a câmera sem entregar de bandeja as reviravoltas de cada ato, permitindo que as sequências falem por si só e que elas sejam transformadas em pequenas joias artísticas – seja pela instigante fotografia, seja pelas referências que promove aos capítulos anteriores da saga. Há, também, uma predileção consistente às incursões do expressionismo, em que Álvarez une-se ao diretor de fotografia Galo Olivares para um jogo de luz e sombras que antecipa e desencaminha, na mesma medida, a atenção dos espectadores – alimentando a angústia que nos persegue até os créditos de encerramento.

alien romulus revela novo visual do xenomorfo do filme

O cineasta constrói uma épica carta de amor a Scott, a James Cameron e a todos os diretores que já tiveram a honra de participar da franquia Alien, ainda mais quando promove uma expansão mitológica que não premedita conhecimento prévio, podendo ser conferida para os estreantes nesse mundo do terror sci-fi. Na mesma medida, escolhas de enquadramento e de cenário homenageiam cenas memoráveis, sem se render ao puro mimetismo, mas adornadas com uma originalidade que é sempre bem-vinda – e é claro que nada disso seria possível sem o comprometimento aplaudível de um elenco de peso nas telonas.

É claro que todos se entregam de corpo e alma, com distinção clara a Merced e a Jonsson – cujas performances nos tiram o fôlego e nos engolfam nesse claustrofóbico labirinto espacial. Mas é Spaeny quem rouba os holofotes com uma interpretação soberba e fabulosa, reiterando sua incrível versatilidade artística, principalmente depois de ter brilhado em títulos como ‘Priscilla’ e ‘Guerra Civil’. Afastando-se de quaisquer tangências a uma teatralidade exagerada, ela sabe como entregar os diálogos e mostra conhecer Rain a fundo, permitindo que ela nutra de similaridades com Ellen Ripley (Sigourney Weaver), a heroína da quadrilogia clássica. Não é surpresa, pois, que ela domine as telas com uma força descomunal, sem deixar que seus companheiros sejam ofuscados.

imagem 2024 08 14 154841581

O filme pode não ser livre de alguns equívocos, considerando certas barrigas que aparecem na transição do segundo para o terceiro ato e na extensão um tanto quanto demasiada que antecipa o grand finale. Porém, tais deslizes não têm vigor o bastante para apagar essa vibrante space opera que reaviva o gênero em uma epopeica investida técnica e artística – e fica óbvio que as boas intenções e uma cautela minuciosa com cada detalhe do projeto têm chances de encantar mesmo os mais céticos.

Alien: Romulus’ emerge como um dos melhores títulos da saga Alien, sendo arquitetado com uma sagacidade invejável e culminando em um aprazível e satisfatório filme. Posso dizer, inclusive, que o surpreendente resultado é um sopro de ar fresco a uma série que já vinha sofrendo com um desgaste criativo há vários anos.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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