sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | ‘All I Know so Far’ é um comovente retrato de uma das maiores artistas da atualidade

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Pink é um dos nomes mais únicos e espetaculares da indústria fonográfica contemporânea – e não o é por qualquer razão: com seu estilo irreverente e suas músicas de empoderamento, como “What About Us”, “So What” e, mais recentemente, “Hustle”, a cantora e compositora ascendeu a uma fama espetacular, quebrou recordes e mais recordes de vendas e de prêmios e caiu no gosto popular por uma identidade apaixonante e recheada de brilho. Dona de três estatuetas do Grammy Awards e a segunda turnê feminina mais lucrativa de todos os tempos (atrás apenas da lendária Madonna), Pink despontou em meio a uma amálgama de similaridades do cenário do entretenimento, cuja constância é a reinvenção. Anos depois de seu début oficial, está na hora de conhecer um outro lado da performer com o belíssimo documentário All I Know so Far, da Amazon Prime Video.

É certo dizer que, nos últimos anos, filmes do gênero protagonizados por artistas essencialmente do mundo da música dominaram as plataformas de streaming. Ainda que date de ‘Na Cama com Madonna’, de 1990, uma das incursões mais famosas do tipo, tivemos, com o passar dos anos, ‘Five Foot Two’, de Lady Gaga, ‘Homecoming’, de Beyoncé’, ‘Miss Americana’, de Taylor Swift, e ‘The World’s a Little Blurry’, de Billie Eilish. Pink é o mais novo objeto de estudo do longa-metragem de Michael Gracey – e o resultado é nada menos que espetacular, recheado de reflexões bastante humanas e comoventes acerca de uma das mulheres mais excepcionais de todas (o que é algo interessante, considerando que ela nunca realmente deu muita atenção ao que a mídia pensava sobre sua persona).



Antes de mais nada, o alter-ego de Alecia Beth Moore é nada menos que uma desbravadora de seu próprio mundo. Nunca contente em se limitar apenas ao óbvio ou ao que se esperava, Moore se junta a tantos outros nomes que marcaram e continuam marcando presença no escopo mainstream – tornando-se alvo de tabloides honestamente ridículos que colocavam em xeque sua índole, ainda mais com a família. Mas a verdade é que Pink não precisa provar nada para ninguém – e o documentário, que gira em torno da turnê promocional do álbum Beautiful Trauma, serve apenas como alicerce de um fato que já sabíamos: ela é, antes de mais, um ser humano, em busca de conciliar a vida pessoal e profissional como qualquer outro e, dessa forma, passiva de erros e obstáculos.

O filme segue uma estrutura simples e prática, que funciona em uma totalidade envolvente: temos, de um lado, os ensaios contínuos para os shows, que almejam a um perfeccionismo árduo e que não admitem amadorismos; de outro, somos transportados para os bastidores, em que Pink cuida de seus dois filhos, Willow Sage Hart e Jameson Moon Hart, que a estão acompanhando ao redor do mundo, percebendo que o cotidiano pode ser muito mais artístico do que acreditam. Servindo como a rocha que sustenta a família, como Pink bem pontua em meados do longa-metragem, há seu marido, Carey Hart, ex-motociclista profissional.

Enquanto é normal que certas fórmulas sejam empregadas numa obra como essa, é a condução mirabolante e bastante dinâmica de Gracey que nos mantém ansiosos para descobrir o que irá acontecer a cada nova sequência. Pegando vários elementos emprestados do exuberante O Rei do Show, é notável o apreço do diretor pelo frenesi imagético e pela oscilação atmosférica de cada um dos atos: os momentos mais pessoais são transformados em uma espécie de diário gravado, em que a performer revela segredos sobre seu passado e dá detalhes sobre o relacionamento com Hart, com Willow e Jameson, com os fãs e com o que representa para si mesma. Inclusive, ela nem mesmo se faz centro do enredo, abrindo espaço para cada pessoa próxima que considera de extrema importância para levantar todos os dias e seguir em frente.

Quando pisa no palco, notamos uma mudança notável, que se inicia com os ensaios e culmina em um poderoso e impecável espetáculo. Cuidando para que tudo esteja em seu devido lugar, Pink toma um ar confessional que explora traumas de shows anteriores – como a fatalidade de 2010 em Nürnberg e de que modo superou os medos para dar a volta por cima e chegar aonde está: numa apresentação em Wembley, um dos mais icônicos estádios do planeta. Mais do que isso, o documentário lança luz sobre seu treinamento como ginasta e a incorporação de uma paixão a outra – transfigurando concertos em rendições circenses de tirar o fôlego.

All I Know so Far é um tocante retrato de uma figura que merece mais atenção do que tem, especialmente hoje. Pink é um símbolo de empoderamento e de vitória, alguém que nunca se esqueceu de quem realmente é e que nunca precisou mascarar o que representa para os oprimidos, os deslocados e aqueles que acreditam não pertencer ao status quo.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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É certo dizer que, nos últimos anos, filmes do gênero protagonizados por artistas essencialmente do mundo da música dominaram as plataformas de streaming. Ainda que date de ‘Na Cama com Madonna’, de 1990, uma das incursões mais famosas do tipo, tivemos, com o passar dos anos, ‘Five Foot Two’, de Lady Gaga, ‘Homecoming’, de Beyoncé’, ‘Miss Americana’, de Taylor Swift, e ‘The World’s a Little Blurry’, de Billie Eilish. Pink é o mais novo objeto de estudo do longa-metragem de Michael Gracey – e o resultado é nada menos que espetacular, recheado de reflexões bastante humanas e comoventes acerca de uma das mulheres mais excepcionais de todas (o que é algo interessante, considerando que ela nunca realmente deu muita atenção ao que a mídia pensava sobre sua persona).

Antes de mais nada, o alter-ego de Alecia Beth Moore é nada menos que uma desbravadora de seu próprio mundo. Nunca contente em se limitar apenas ao óbvio ou ao que se esperava, Moore se junta a tantos outros nomes que marcaram e continuam marcando presença no escopo mainstream – tornando-se alvo de tabloides honestamente ridículos que colocavam em xeque sua índole, ainda mais com a família. Mas a verdade é que Pink não precisa provar nada para ninguém – e o documentário, que gira em torno da turnê promocional do álbum Beautiful Trauma, serve apenas como alicerce de um fato que já sabíamos: ela é, antes de mais, um ser humano, em busca de conciliar a vida pessoal e profissional como qualquer outro e, dessa forma, passiva de erros e obstáculos.

O filme segue uma estrutura simples e prática, que funciona em uma totalidade envolvente: temos, de um lado, os ensaios contínuos para os shows, que almejam a um perfeccionismo árduo e que não admitem amadorismos; de outro, somos transportados para os bastidores, em que Pink cuida de seus dois filhos, Willow Sage Hart e Jameson Moon Hart, que a estão acompanhando ao redor do mundo, percebendo que o cotidiano pode ser muito mais artístico do que acreditam. Servindo como a rocha que sustenta a família, como Pink bem pontua em meados do longa-metragem, há seu marido, Carey Hart, ex-motociclista profissional.

Enquanto é normal que certas fórmulas sejam empregadas numa obra como essa, é a condução mirabolante e bastante dinâmica de Gracey que nos mantém ansiosos para descobrir o que irá acontecer a cada nova sequência. Pegando vários elementos emprestados do exuberante O Rei do Show, é notável o apreço do diretor pelo frenesi imagético e pela oscilação atmosférica de cada um dos atos: os momentos mais pessoais são transformados em uma espécie de diário gravado, em que a performer revela segredos sobre seu passado e dá detalhes sobre o relacionamento com Hart, com Willow e Jameson, com os fãs e com o que representa para si mesma. Inclusive, ela nem mesmo se faz centro do enredo, abrindo espaço para cada pessoa próxima que considera de extrema importância para levantar todos os dias e seguir em frente.

Quando pisa no palco, notamos uma mudança notável, que se inicia com os ensaios e culmina em um poderoso e impecável espetáculo. Cuidando para que tudo esteja em seu devido lugar, Pink toma um ar confessional que explora traumas de shows anteriores – como a fatalidade de 2010 em Nürnberg e de que modo superou os medos para dar a volta por cima e chegar aonde está: numa apresentação em Wembley, um dos mais icônicos estádios do planeta. Mais do que isso, o documentário lança luz sobre seu treinamento como ginasta e a incorporação de uma paixão a outra – transfigurando concertos em rendições circenses de tirar o fôlego.

All I Know so Far é um tocante retrato de uma figura que merece mais atenção do que tem, especialmente hoje. Pink é um símbolo de empoderamento e de vitória, alguém que nunca se esqueceu de quem realmente é e que nunca precisou mascarar o que representa para os oprimidos, os deslocados e aqueles que acreditam não pertencer ao status quo.

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