sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | Amar – Filme com Atriz de ‘Rlite’ tem muito sexo e pouco aprofundamento

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Por mais que se queira, por mais que se tente, a verdade é que chega um ponto na vida dos adolescentes que os pais já não conseguem ter mais total controle sobre a vida dos filhos. É aí o momento em que os pais simplesmente têm que passar a confiar – confiar que fizeram um bom trabalho na educação de seus filhos, que eles são pessoas responsáveis, que saberão identificar uma situação de perigo, etc. Agora, e se essa situação de perigo vier camuflada de muito amor? Será que os jovens conseguem acender o alerta?



Em ‘Amar’ – filme de 2017 da Netflix mas que está super em alta – conhecemos Laura (María Pedraza, que também aparece em ‘Élite’ e ‘La Casa de Papel’) e Carlos (Pol Monen), um casal adolescente que é simplesmente viciado em sexo. Mais que isso: eles são viciados um no outro. A primeira cena já é os dois, às vésperas do ato, trocando juras de amor e de fidelidade que já beiram o exagero – coisas como “eu sou você/você é eu” ou “gosto de respirar-te”, repetidas vezes, como se fosse um mantra. Laura e Carlos vivem um desses amores desesperados, em que um não pode ficar separado do outro nem por um minuto, que acha que aos 17 anos vão se casar, que se fizerem besteira estará tudo bem porque estão juntos, e, acima de tudo, que são perfeitos no sexo e querem experimentar de tudo, porque é ali que eles se sentem livres e independentes.

O que no início do filme parecia cafonice e um exagero beeeem exagerado logo se transforma numa obsessão doentia e preocupante por parte de ambos os protagonistas. Aos poucos a gente vai se sentindo sufocado com essa necessidade injustificável e ingênua dos dois. Esse é um dos méritos do roteiro de Esteban Crespo e Mario Fernandez Alonso, pois, através de cenas cotidianas em cenários e situações recorrentes à vida dos adolescentes de classe média cosmopolitanos os roteiristas constroem uma paixão obsessiva crescente e contínua.

A câmera invasiva do diretor Esteban Crespo por vezes incomoda, pois, ao mesmo tempo que quer ajudar a gerar essa sensação de confinamento dentro de um relacionamento amoroso, também faz com que o espectador participe de tudo – hora colocando a câmera dentro da ação, hora se posicionando por entre as grades, como que espiando. Isso coloca o espectador numa posição hora ativa, hora de voyeur, e isso é um pouco cansativo.

As atuações do casal principal são bastante convincentes como dois jovens que estão buscando suas identidades e seus limites através do sexo e do primeiro amor. Vale menção também a participação de Natalia Tena (a Ninfadora Tonks, de ‘Harry Potter e a Ordem da Fênix’) como uma tristonha e perdida mãe de Laura.

Amar’ é um filme com muito sexo e pouco aprofundamento, embora trabalhe a tênue linha entre o amor e a obsessão. É um bom exemplo de como se começa a construir a personalidade de um sujeito abusivo, e é interessante vermos como esse padrão se inicia ainda na juventude. Mas, enquanto entretenimento, ‘Amar’ é um filme bem moroso.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Em ‘Amar’ – filme de 2017 da Netflix mas que está super em alta – conhecemos Laura (María Pedraza, que também aparece em ‘Élite’ e ‘La Casa de Papel’) e Carlos (Pol Monen), um casal adolescente que é simplesmente viciado em sexo. Mais que isso: eles são viciados um no outro. A primeira cena já é os dois, às vésperas do ato, trocando juras de amor e de fidelidade que já beiram o exagero – coisas como “eu sou você/você é eu” ou “gosto de respirar-te”, repetidas vezes, como se fosse um mantra. Laura e Carlos vivem um desses amores desesperados, em que um não pode ficar separado do outro nem por um minuto, que acha que aos 17 anos vão se casar, que se fizerem besteira estará tudo bem porque estão juntos, e, acima de tudo, que são perfeitos no sexo e querem experimentar de tudo, porque é ali que eles se sentem livres e independentes.

O que no início do filme parecia cafonice e um exagero beeeem exagerado logo se transforma numa obsessão doentia e preocupante por parte de ambos os protagonistas. Aos poucos a gente vai se sentindo sufocado com essa necessidade injustificável e ingênua dos dois. Esse é um dos méritos do roteiro de Esteban Crespo e Mario Fernandez Alonso, pois, através de cenas cotidianas em cenários e situações recorrentes à vida dos adolescentes de classe média cosmopolitanos os roteiristas constroem uma paixão obsessiva crescente e contínua.

A câmera invasiva do diretor Esteban Crespo por vezes incomoda, pois, ao mesmo tempo que quer ajudar a gerar essa sensação de confinamento dentro de um relacionamento amoroso, também faz com que o espectador participe de tudo – hora colocando a câmera dentro da ação, hora se posicionando por entre as grades, como que espiando. Isso coloca o espectador numa posição hora ativa, hora de voyeur, e isso é um pouco cansativo.

As atuações do casal principal são bastante convincentes como dois jovens que estão buscando suas identidades e seus limites através do sexo e do primeiro amor. Vale menção também a participação de Natalia Tena (a Ninfadora Tonks, de ‘Harry Potter e a Ordem da Fênix’) como uma tristonha e perdida mãe de Laura.

Amar’ é um filme com muito sexo e pouco aprofundamento, embora trabalhe a tênue linha entre o amor e a obsessão. É um bom exemplo de como se começa a construir a personalidade de um sujeito abusivo, e é interessante vermos como esse padrão se inicia ainda na juventude. Mas, enquanto entretenimento, ‘Amar’ é um filme bem moroso.

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