domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Amarração do Amor – Cacau Protásio usa humor para falar de intolerância religiosa

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Respeito. Isso é o que todo ser vivo merece e precisa ter, seja o ser humano, os animais ou as plantas e florestas. Em pleno século 21, ao mesmo tempo em que falamos sobre enviar civis ao espaço, ainda vemos notícias sobre pessoas que não aceitam que outras pessoas tenham fé ou crença religiosa diferente. Não estamos falando nem de tolerância religiosa, uma vez que não se trata de tolerar, mas sim de respeito à fé do outro e ao outro. É nessa pegada, porém através do humor, que estreia nos cinemas brasileiros esta semana a comédia nacionalAmarração do Amor’.



Bebel (Samya Pascotto) e Lucas (Bruno Suzano) vão casar. Embora se amem muito e estejam em um relacionamento estável há tempos, Bebel e Lucas são de religiões diferentes: ela é judia e ele é da umbanda. É aí que a coisa toda começa a complicar, pois, para organizar a cerimônia de casamento o casal fará participar suas famílias, que têm planos bem específicos para o dia especial: Samuel (Ary França), pai de Bebel, quer que a cerimônia seja realizada por um rabino e que Lucas se converta; já Regina (Cacau Protásio) quer que o dia aconteça em seu terreiro de umbanda, conforme o último desejo do avô de Lucas. No meio desse conflito familiar religioso, o casal irá perguntar se o amor que sentem um pelo outro é maior do que as diferenças de suas fés.

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Com cerca de uma hora e vinte de duração, a comédia ‘Amarração do Amor’ tem um tom bem leve e mastigadinho para abordar um tema tão delicado e pertinente aos dias de hoje, que é a intolerância religiosa. Ao colocar em pauta duas religiões tão distantes quanto o judaísmo e o umbandismo – porém com tradições, elementos, simbologias e fiéis em número tão grande no Brasil –, o filme acerta em retratar como ambas as religiões têm papel importante na construção da sociedade brasileira. Entretanto, não passa despercebido que a produção tem mais domínio sobre determinada religião do que da outra, por vezes recaindo em pequenos estereótipos que não precisariam ser reforçados na telona, uma vez que são pouco trabalhados pelo enredo e entram em cena apenas para promover o riso.

O roteiro de Carolina Castro, Marcelo Andrade e Caroline Fioratti (que também dirigiu o longa) joga mais luz na disputa parental do que no relacionamento do casal, deslocando o protagonismo para briga pai versus mãe estilo ‘Casamento Grego’ ou ‘Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família’. Apesar de esse ser o núcleo mais interessante – com Cacau Protásio brilhando em cena, preenchendo a tela com todo o seu carisma e seu sorriso contagiante –, a timidez do casal protagonista acaba levando o espectador a não se convencer do vínculo que eles querem construir.

Bem didático e direto ao ponto, ‘Amarração do Amor’ é uma comédia nacional que faz uso do humor para promover a autocrítica e a autoanálise ao grande público, afinal, o respeito às religiões devem acontecer em todas as camadas sociais. É bonito ver um filme que retrate ao grande público os preceitos tanto da umbanda quanto do judaísmo. Quem sabe com a popularização dessas crenças, através do cinema, a intolerância diminua em nosso país.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Respeito. Isso é o que todo ser vivo merece e precisa ter, seja o ser humano, os animais ou as plantas e florestas. Em pleno século 21, ao mesmo tempo em que falamos sobre enviar civis ao espaço, ainda vemos notícias sobre pessoas que não aceitam que outras pessoas tenham fé ou crença religiosa diferente. Não estamos falando nem de tolerância religiosa, uma vez que não se trata de tolerar, mas sim de respeito à fé do outro e ao outro. É nessa pegada, porém através do humor, que estreia nos cinemas brasileiros esta semana a comédia nacionalAmarração do Amor’.

Bebel (Samya Pascotto) e Lucas (Bruno Suzano) vão casar. Embora se amem muito e estejam em um relacionamento estável há tempos, Bebel e Lucas são de religiões diferentes: ela é judia e ele é da umbanda. É aí que a coisa toda começa a complicar, pois, para organizar a cerimônia de casamento o casal fará participar suas famílias, que têm planos bem específicos para o dia especial: Samuel (Ary França), pai de Bebel, quer que a cerimônia seja realizada por um rabino e que Lucas se converta; já Regina (Cacau Protásio) quer que o dia aconteça em seu terreiro de umbanda, conforme o último desejo do avô de Lucas. No meio desse conflito familiar religioso, o casal irá perguntar se o amor que sentem um pelo outro é maior do que as diferenças de suas fés.

Com cerca de uma hora e vinte de duração, a comédia ‘Amarração do Amor’ tem um tom bem leve e mastigadinho para abordar um tema tão delicado e pertinente aos dias de hoje, que é a intolerância religiosa. Ao colocar em pauta duas religiões tão distantes quanto o judaísmo e o umbandismo – porém com tradições, elementos, simbologias e fiéis em número tão grande no Brasil –, o filme acerta em retratar como ambas as religiões têm papel importante na construção da sociedade brasileira. Entretanto, não passa despercebido que a produção tem mais domínio sobre determinada religião do que da outra, por vezes recaindo em pequenos estereótipos que não precisariam ser reforçados na telona, uma vez que são pouco trabalhados pelo enredo e entram em cena apenas para promover o riso.

O roteiro de Carolina Castro, Marcelo Andrade e Caroline Fioratti (que também dirigiu o longa) joga mais luz na disputa parental do que no relacionamento do casal, deslocando o protagonismo para briga pai versus mãe estilo ‘Casamento Grego’ ou ‘Entrando Numa Fria Maior Ainda com a Família’. Apesar de esse ser o núcleo mais interessante – com Cacau Protásio brilhando em cena, preenchendo a tela com todo o seu carisma e seu sorriso contagiante –, a timidez do casal protagonista acaba levando o espectador a não se convencer do vínculo que eles querem construir.

Bem didático e direto ao ponto, ‘Amarração do Amor’ é uma comédia nacional que faz uso do humor para promover a autocrítica e a autoanálise ao grande público, afinal, o respeito às religiões devem acontecer em todas as camadas sociais. É bonito ver um filme que retrate ao grande público os preceitos tanto da umbanda quanto do judaísmo. Quem sabe com a popularização dessas crenças, através do cinema, a intolerância diminua em nosso país.

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