domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Ameaça Profunda – Kristen Stewart vai para o fundo do oceano em filme clichê

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O Segredo do Abismo

Kristen Stewart recebeu a estigma de atriz limitada após protagonizar a duvidosa “saga” Crepúsculo – baseada em livros para a garotada. Assim como os antigos fãs da franquia da década passada, Stewart cresceu, evoluiu e procurou eliminar a descrença quanto ao seu talento, para isso embarcando em projetos mais intimistas e arriscados, fora dos holofotes de grandes produções – os chamados filmes de arte. Nesta jornada que já dura quase uma década, saiu premiada com o César, o Oscar francês (por Acima das Nuvens, 2014).



E uma coisa deve ser dita da jovem que completa 30 anos em abril: ela se esforça. Suas escolhas de projetos são ousadas, e seus personagens mais desafiadores – indo desde trabalhar com um dramaturgo do peso de Woody Allen, até as biografias da assassina Lizzie Borden e do ícone da nouvelle vague francesa Jean Seberg (ainda inédito no Brasil). Nos últimos meses, Stewart decidiu mostrar que também sabe se divertir, estrelando produções mais pop novamente – porém, com empenho igual a de seus filmes dramáticos. Foi assim com o reboot de As Panteras e, agora, com Ameaça Profunda – terror que estreia neste fim de semana no Brasil, EUA e pelo mundo.

Novamente, a entrega de Kristen Stewart se torna o chamariz. Tanto em As Panteras quanto aqui, a jovem atriz revela ao público uma nova faceta de seu alcance performático. No citado filme do trio de detetives particulares, ela exalou sexy appeal das telonas, demonstrando que também se sai bem como femme fatale; além, é claro, de cair como uma luva para papeis mais físicos, que exijam ação. Aqui, convence como uma das cientistas presas, precisando usar a inteligência para sobreviver, após uma tragédia em sua estação no fundo do mar. Com um visual mais introspectivo, parecido com o da própria atriz na vida real, de cabeça raspada, oxigenada e de óculos, Stewart dá tudo de si na pele da pesquisadora Norah. E se sai muito bem.

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No entanto, assim como em As Panteras, aqui Stewart é prejudicada por um filme genérico, que não acrescenta muito ao gênero a qual pertence. Falando assim até parece que é fácil injetar frescor em uma produção cinematográfica. Não é. E se levarmos em conta os mais de um século desta arte (com centenas de filmes sendo produzidos a cada ano a todo vapor), criar algo original hoje se mostra uma tarefa quase impossível. Justamente por isso devemos dar todos os louros possíveis e imagináveis às produções que conseguem se destacar, aplicando novidades a um gênero ou uma ideia. A trama não precisa ser exatamente original, desde que algum elemento dela seja. Não é o caso com Ameaça Profunda.

O roteiro de Brian Duffield (A Babá, 2017) e Adam Cozad (Jack Ryan: Operação Sombra, 2014), e a direção de William Eubank (O Sinal: Frequência do Medo, 2014) até começam bem, dando um ar minimalista ao longa. A cena inicial, que privilegia uma narrativa calma e segura, mostrando Stewart pacientemente tirando da pia uma aranha, que se encontra como ela numa estação de pesquisa nas profundezas do Oceano, é quase poética. A narração com as ponderações da protagonista também soam genuínas, a humanizando nos primeiros minutos. Sem perder tempo, os realizadores apresentam de forma frenética, com clima dos melhores filmes catástrofe, o primeiro grande desafio: um acidente bota em risco dezenas de funcionários, causando um desastre na gigantesca estrutura.

Depois disso é só ladeira abaixo para Ameaça Profunda, onde podemos destacar apenas o design de produção e adereços, como os elaborados trajes de mergulho. A sutileza vai embora e o que temos como resultado é um filme que suga de tudo, desde O Segredo do Abismo (1989) até Esfera (1998), sem devolver nada em troca. Embora tenha pretensões de Abismo do Medo (2005), com um grupo se deparando com seres humanoides para lá de bizarros, Ameaça Profunda está mais para Sexta-Feira 13 subaquático – já que personagens subdesenvolvidos apenas esperam para serem abatidos um a um. A diferença é que o ótimo filme citado de Neil Marshall dedica tempo suficiente para aprofundar seus “jogadores” e seus dramas pessoais antes de jogá-los numa descida ao inferno. E esse é o grande segredo.

Por outro lado, Ameaça Profunda não é a bomba esperada. Garante bons jumpscares para o público viciado em sustos dos multiplex, e o visual das criaturas marinhas é bem legal e macabro. E se você não for muito exigente poderá até se divertir. Não reinventa a roda, ou sequer a pinta de outra cor, mas ela está presa o suficiente para fazer o veículo andar. Para aqueles que buscam sempre algo mais ou frescor, irão se deparar com uma produção rotineira, sem grandes surpresas, repleta de sustos telegrafados e muitos clichês do gênero. 2020 começou “afundado”, mas em breve subiremos à superfície de novo…

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Kristen Stewart recebeu a estigma de atriz limitada após protagonizar a duvidosa “saga” Crepúsculo – baseada em livros para a garotada. Assim como os antigos fãs da franquia da década passada, Stewart cresceu, evoluiu e procurou eliminar a descrença quanto ao seu talento, para isso embarcando em projetos mais intimistas e arriscados, fora dos holofotes de grandes produções – os chamados filmes de arte. Nesta jornada que já dura quase uma década, saiu premiada com o César, o Oscar francês (por Acima das Nuvens, 2014).

E uma coisa deve ser dita da jovem que completa 30 anos em abril: ela se esforça. Suas escolhas de projetos são ousadas, e seus personagens mais desafiadores – indo desde trabalhar com um dramaturgo do peso de Woody Allen, até as biografias da assassina Lizzie Borden e do ícone da nouvelle vague francesa Jean Seberg (ainda inédito no Brasil). Nos últimos meses, Stewart decidiu mostrar que também sabe se divertir, estrelando produções mais pop novamente – porém, com empenho igual a de seus filmes dramáticos. Foi assim com o reboot de As Panteras e, agora, com Ameaça Profunda – terror que estreia neste fim de semana no Brasil, EUA e pelo mundo.

Novamente, a entrega de Kristen Stewart se torna o chamariz. Tanto em As Panteras quanto aqui, a jovem atriz revela ao público uma nova faceta de seu alcance performático. No citado filme do trio de detetives particulares, ela exalou sexy appeal das telonas, demonstrando que também se sai bem como femme fatale; além, é claro, de cair como uma luva para papeis mais físicos, que exijam ação. Aqui, convence como uma das cientistas presas, precisando usar a inteligência para sobreviver, após uma tragédia em sua estação no fundo do mar. Com um visual mais introspectivo, parecido com o da própria atriz na vida real, de cabeça raspada, oxigenada e de óculos, Stewart dá tudo de si na pele da pesquisadora Norah. E se sai muito bem.

No entanto, assim como em As Panteras, aqui Stewart é prejudicada por um filme genérico, que não acrescenta muito ao gênero a qual pertence. Falando assim até parece que é fácil injetar frescor em uma produção cinematográfica. Não é. E se levarmos em conta os mais de um século desta arte (com centenas de filmes sendo produzidos a cada ano a todo vapor), criar algo original hoje se mostra uma tarefa quase impossível. Justamente por isso devemos dar todos os louros possíveis e imagináveis às produções que conseguem se destacar, aplicando novidades a um gênero ou uma ideia. A trama não precisa ser exatamente original, desde que algum elemento dela seja. Não é o caso com Ameaça Profunda.

O roteiro de Brian Duffield (A Babá, 2017) e Adam Cozad (Jack Ryan: Operação Sombra, 2014), e a direção de William Eubank (O Sinal: Frequência do Medo, 2014) até começam bem, dando um ar minimalista ao longa. A cena inicial, que privilegia uma narrativa calma e segura, mostrando Stewart pacientemente tirando da pia uma aranha, que se encontra como ela numa estação de pesquisa nas profundezas do Oceano, é quase poética. A narração com as ponderações da protagonista também soam genuínas, a humanizando nos primeiros minutos. Sem perder tempo, os realizadores apresentam de forma frenética, com clima dos melhores filmes catástrofe, o primeiro grande desafio: um acidente bota em risco dezenas de funcionários, causando um desastre na gigantesca estrutura.

Depois disso é só ladeira abaixo para Ameaça Profunda, onde podemos destacar apenas o design de produção e adereços, como os elaborados trajes de mergulho. A sutileza vai embora e o que temos como resultado é um filme que suga de tudo, desde O Segredo do Abismo (1989) até Esfera (1998), sem devolver nada em troca. Embora tenha pretensões de Abismo do Medo (2005), com um grupo se deparando com seres humanoides para lá de bizarros, Ameaça Profunda está mais para Sexta-Feira 13 subaquático – já que personagens subdesenvolvidos apenas esperam para serem abatidos um a um. A diferença é que o ótimo filme citado de Neil Marshall dedica tempo suficiente para aprofundar seus “jogadores” e seus dramas pessoais antes de jogá-los numa descida ao inferno. E esse é o grande segredo.

Por outro lado, Ameaça Profunda não é a bomba esperada. Garante bons jumpscares para o público viciado em sustos dos multiplex, e o visual das criaturas marinhas é bem legal e macabro. E se você não for muito exigente poderá até se divertir. Não reinventa a roda, ou sequer a pinta de outra cor, mas ela está presa o suficiente para fazer o veículo andar. Para aqueles que buscam sempre algo mais ou frescor, irão se deparar com uma produção rotineira, sem grandes surpresas, repleta de sustos telegrafados e muitos clichês do gênero. 2020 começou “afundado”, mas em breve subiremos à superfície de novo…

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