Depois de dois episódios mornos, minha fé na temporada finalmente foi restaurada neste terceiro. Sem continuar investindo em assombrações clichês ou em histórias aleatórias envolvendo fantasmas do mal, esta semana finalmente tratou de desenvolver o assunto que carrega o subtítulo deste sexto ano, ou seja, a trama envolvendo os condenados fantasmas da colônia Roanoke, liderados pela sempre sensacional Kathy Bates. Era isso que eu estava pedindo o tempo todo, não flashbacks envolvendo duas enfermeiras saídas direto de Murder House. Vale destacar também que é neste episódio que o formato documentário começa a desmoronar, trazendo indícios que ele não se manterá por muito tempo.
Teoria liga ‘American Horror Story – Roanoke’ com a Murder House da 1ª temporada
Este terceiro episódio começa exatamente de onde o anterior terminou; com o trio desesperado procurando a menina desaparecida. A cena teve um clima surpreendentemente apreensivo, especialmente porque a narração da “verdadeira” Lee acentuava o drama do que se passava no documentário. O desaparecimento da menina funcionou muito bem na trama porque agora os personagens definitivamente têm um motivo para continuar naquele lugar, sair explorando a floresta e até se separar. Eles já faziam isso nas primeiras semanas, mas não fazia o menor sentido. Agora eles estão em uma missão de encontrar uma garotinha que se envolveu com forças que nem mesmo eles conseguem compreender. Essa foi a primeira mudança positiva da trama, que logo foi seguida por algumas outras.
Uma das melhores partes do episódio foi a introdução do personagem Cricket, interpretado pelo ótimo Leslie Jordan. Não é a primeira vez que o ator aparece na franquia. Ele já havia feito uma participação na terceira temporada, Coven, como um bruxo do conselho. Sua participação em Roanoke, no entanto, é muito mais expressiva. Além de ser um médium, Cricket é um personagem muito peculiar e traz um certo frescor a esta temporada. Espero que ele continue nas próximas semanas, e ainda tenha algum destaque. O personagem tem uma grande personalidade, e acredito que tenha sido isso que me levou a gostar tanto dele. E é justamente através do Cricket que nós conhecemos a verdadeira história da colônia Roanoke, apresentando-nos oficialmente à personagem da Kathy Bates, The Butcher (A Açougueira).
Nós vimos, através de flashbacks, que ela foi traída por alguns homens da colônia, incluindo o seu próprio filho, e deixada para morrer na floresta. A maior surpresa, no entanto, foi ver que sua salvadora foi ninguém menos do que a Magia do Esquadrão Suicida… Não, quero dizer, foi a Lady Gaga. No segundo episódio ela parecia ser apenas uma lacaia/integrante da colônia, mas sua participação na trama com certeza será muito mais significativa do que isso. Talvez ela seja algum tipo de demônio – porque quando a Kathy Bates deu uma de Khaleesi comendo o coração, foi como ela se tivesse aceitando uma espécie de pacto –, e provavelmente foi a responsável por condenar a alma de todos os habitantes da colônia. Estou muito curioso para saber mais a respeito dela, e é muito importante ressaltar que a personagem parece ter planos bastante específicos para o Matt.
Confesso que achei cômica a cena que o Matt aparece comendo a Lady Gaga no meio do mato enquanto dois caipiras olham e se masturbam (!!). Quero dizer, é tão doentio que chega a ser engraçado pensar como o Ryan Murphy montou todo aquele cenário – sendo os caipiras o toque especial da cena. Atualmente, Matt é o pior personagem da série. Sempre tem um insuportável que se nega a considerar a possibilidade de algo sobrenatural esteja acontecendo, mesmo que um prato voe na sua frente, e este insuportável é ele. Até agora não foi nada útil além de um sexo voyeur na floresta. Entendo completamente que a Shelby tenha ficado chocada e não querendo saber de papo furado, mas entregar a cunhada para a polícia foi muito golpe baixo – especialmente quando ela sabia que a outra estava desesperada em busca da filha.
Essa semana a série deu uma boa recuperada, aprofundou sua história e apresentou plots e personagens relevantes para o desenvolvimento deste sexto ano – pelo menos essa primeira metade, porque ninguém faz ideia do que nos aguarda depois do sexto episódio. Vale destacar que, pela primeira vez, nós conseguimos ver um pouco por trás dos bastidores do formato documentário. Lee perdeu a calma ao ser questionada sobre sua primeira filha, e a câmera abriu o foco, mostrando um pouco mais ao redor – parece uma casa, apesar de não dar para ver muito além do fundo cinza. Eu descobri pela internet que a voz do entrevistador é a do Evan Peters, o que só reforça a teoria de que o estilo documentário irá desmoronar muito em breve e os riscos voltarão a se tornar reais.
Talvez o mockumentary acabe se tornando um terror found footage? E a teoria que os protagonistas são uns mentirosos e possivelmente os vilões? Temos que levar em consideração que a Shelby se mostrou terrivelmente mau caráter essa semana. Por enquanto só descarto a teoria de que os mortos são na verdade os que estão contando a história, porque essa seria a pior “reviravolta” possível. Enfim, espero que o foco continue na colônia e que a história continue a ser aprofundada sem distrações desnecessárias. Este terceiro episódio elevou o nível, e agora resta ao quarto não deixá-lo cair novamente.
3ª episódio de ‘American Horror Story – Roanoke’ ganha prévia
Crítica | American Horror Story: Roanoke – 6×01 (Season Premiere)