quinta-feira , 26 dezembro , 2024

Crítica | ‘Amor da Minha Vida’ traz o encanto da vida comum em série que aborda tabus com perfeição

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A grande estreia da semana no Disney+ foi a série Amor da Minha Vida. Anunciada em junho, em evento realizado no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, a produção já havia despertado a curiosidade do público. Agora que estreou, a produção mostra que essa curiosidade era mais do que merecida, porque é sensacional. Estrelada – e codirigida – por Bruna Marquezine, a série acompanha as desventuras amorosas de Bia (Marquezine) e Victor (Sérgio Malheiros), dois amigos que estão em momentos diferentes em vários aspectos da vida. Esse contraste entre a dupla acaba criando um vínculo praticamente imediato com o público, porque é muito identificável. Todo mundo tem aquela amizade com alguém que é seu extremo oposto e ainda assim rola um amor muito genuíno ali.

Mas quem pens que essa é uma história tradicional de amor, pode acreditar que está completamente enganado. A produção foge daqueles clichês fofinhos e aposta justamente numa série de elementos que assustadoramente ainda são tabus nos dias de hoje, como sexo, relacionamentos fora do padrão e questões de gênero. E apesar de tratar essas temáticas com a naturalidade necessária, Amor da Minha Vida cativa justamente por não se prender a isso como algo fundamental. A graça da série é o desenvolvimento de seus personagens, que trazem questões dramáticas e questionamentos comuns aos jovens da atualidade.



Porque em meio aos encontros e casos românticos da Bia, uma jovem completamente aversa ao conceito de namoro e relacionamentos, existe uma Bia sonhadora, que veio de Brasília para viver o sonho de virar atriz no Rio de Janeiro. E quem trabalha nesse meio sabe como é uma vida difícil. Em meio a monotonia da vida de ‘quase casado’ do Victor, existe um jovem que assumiu a loja de lustres do pai e tenta diariamente manter o legado da família vivo com o sucesso do empreendimento. E em pleno 2024, ter uma loja de lustres não é exatamente o negócio mais rentável do mundo. É interessante ver o desenvolvimento desses arcos dramáticos e a forma como eles acabam conectando esses personagens.

Claro que para boa parte do público, o que vai chamar atenção são as cenas de sexo, principalmente porque envolve um elenco bastante curioso. Para o público mais ‘vivido’, por assim dizer, deve ser mesmo estranho ver praticamente todo o elenco infantil das novelas da Globo e do SBT aparecendo em tela seminus, em cenas mais ‘quentes’. Essa parte do público ‘pegou no colo’ o elenco, então é normal que repercuta. Agora, para a audiência que está na mesma faixa etária, que cresceu junto ao elenco, é também interessante acompanhar, porque as histórias de amor contadas em séries geralmente ignoram esse lado mais ‘carnal’ dos relacionamentos.

Assista também:
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E a produção procura sempre explorar as diferentes formas de amor, seja ele romântico ou não, que são conduzidas pelas experiências dos personagens envolvidos. Ao longo dos 10 episódios, a série transita pelas aventuras e desventuras que relacionamentos podem trazer. São histórias inspiradas em causos da vida do time criativo, que por ser muito jovem, dialoga diretamente com a galera jovem da atualidade. E esse timing acaba sendo um dos grande méritos de Amor da Minha Vida, que chega em uma época em que falar mais sobre o amor – ou até mesmo a falta dele – está sendo melhor aceito pelo público geral.

Há também um fator sensacional que é a uma quase isenção. A Bia está longe de ser a protagonista perfeita – e nem tenta ser. Ela, assim como todos os outros personagens, são falhos, são comuns. E como todo ser humano, eles cometem erros. E está tudo bem, faz parte. Retratar esse time falho de personagens sem julgá-los com a régua moral de uma sociedade conservadora é quase reconfortante. A série não tenta ser um exemplo a ser seguido, mas se empenha bastante em mostrar que está tudo bem não ser perfeito.

Sobre o elenco, existe uma mistura de nomes mais experientes e nomes mais jovens. O que é legal, porque abre portas para uma nova geração de atores e atrizes que vão colocar no currículo uma série da Disney, e com boas atuações. Os rostos do show, Bruna Marquezine e Sérgio Malheiros, estão impecáveis. A química deles em cena é deliciosa de assistir. Mas vale destacar também o trabalho de Danilo Mesquita, que já tinha demonstrado muito talento na novela Além da Ilusão, fazendo um papel bastante diferente e desempenhando muito bem. Da mesma forma, Ana Hikari, que vem de produções bem interessantes dentre o público jovem, é espetacular ao encarnar um antigo amor mal resolvido de Victor. Ela rouba a cena quando aparece.

No fim das contas, Amor da Minha Vida é uma obra com potencial para se tornar um clássico do Disney+. Sua ousadia em retratar os diferentes tipos de amor sem se prender a amarras sociais traz uma identificação muito grande para o público, que vai rir, chorar e se divertir, enquanto Bia e Victor passam pelos perrengues mais comuns e cotidianos possíveis. É uma surpresa maravilhosa.

Amor da Minha Vida está disponível no Disney+.
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Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

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A grande estreia da semana no Disney+ foi a série Amor da Minha Vida. Anunciada em junho, em evento realizado no Copacabana Palace, no Rio de Janeiro, a produção já havia despertado a curiosidade do público. Agora que estreou, a produção mostra que essa curiosidade era mais do que merecida, porque é sensacional. Estrelada – e codirigida – por Bruna Marquezine, a série acompanha as desventuras amorosas de Bia (Marquezine) e Victor (Sérgio Malheiros), dois amigos que estão em momentos diferentes em vários aspectos da vida. Esse contraste entre a dupla acaba criando um vínculo praticamente imediato com o público, porque é muito identificável. Todo mundo tem aquela amizade com alguém que é seu extremo oposto e ainda assim rola um amor muito genuíno ali.

Mas quem pens que essa é uma história tradicional de amor, pode acreditar que está completamente enganado. A produção foge daqueles clichês fofinhos e aposta justamente numa série de elementos que assustadoramente ainda são tabus nos dias de hoje, como sexo, relacionamentos fora do padrão e questões de gênero. E apesar de tratar essas temáticas com a naturalidade necessária, Amor da Minha Vida cativa justamente por não se prender a isso como algo fundamental. A graça da série é o desenvolvimento de seus personagens, que trazem questões dramáticas e questionamentos comuns aos jovens da atualidade.

Porque em meio aos encontros e casos românticos da Bia, uma jovem completamente aversa ao conceito de namoro e relacionamentos, existe uma Bia sonhadora, que veio de Brasília para viver o sonho de virar atriz no Rio de Janeiro. E quem trabalha nesse meio sabe como é uma vida difícil. Em meio a monotonia da vida de ‘quase casado’ do Victor, existe um jovem que assumiu a loja de lustres do pai e tenta diariamente manter o legado da família vivo com o sucesso do empreendimento. E em pleno 2024, ter uma loja de lustres não é exatamente o negócio mais rentável do mundo. É interessante ver o desenvolvimento desses arcos dramáticos e a forma como eles acabam conectando esses personagens.

Claro que para boa parte do público, o que vai chamar atenção são as cenas de sexo, principalmente porque envolve um elenco bastante curioso. Para o público mais ‘vivido’, por assim dizer, deve ser mesmo estranho ver praticamente todo o elenco infantil das novelas da Globo e do SBT aparecendo em tela seminus, em cenas mais ‘quentes’. Essa parte do público ‘pegou no colo’ o elenco, então é normal que repercuta. Agora, para a audiência que está na mesma faixa etária, que cresceu junto ao elenco, é também interessante acompanhar, porque as histórias de amor contadas em séries geralmente ignoram esse lado mais ‘carnal’ dos relacionamentos.

E a produção procura sempre explorar as diferentes formas de amor, seja ele romântico ou não, que são conduzidas pelas experiências dos personagens envolvidos. Ao longo dos 10 episódios, a série transita pelas aventuras e desventuras que relacionamentos podem trazer. São histórias inspiradas em causos da vida do time criativo, que por ser muito jovem, dialoga diretamente com a galera jovem da atualidade. E esse timing acaba sendo um dos grande méritos de Amor da Minha Vida, que chega em uma época em que falar mais sobre o amor – ou até mesmo a falta dele – está sendo melhor aceito pelo público geral.

Há também um fator sensacional que é a uma quase isenção. A Bia está longe de ser a protagonista perfeita – e nem tenta ser. Ela, assim como todos os outros personagens, são falhos, são comuns. E como todo ser humano, eles cometem erros. E está tudo bem, faz parte. Retratar esse time falho de personagens sem julgá-los com a régua moral de uma sociedade conservadora é quase reconfortante. A série não tenta ser um exemplo a ser seguido, mas se empenha bastante em mostrar que está tudo bem não ser perfeito.

Sobre o elenco, existe uma mistura de nomes mais experientes e nomes mais jovens. O que é legal, porque abre portas para uma nova geração de atores e atrizes que vão colocar no currículo uma série da Disney, e com boas atuações. Os rostos do show, Bruna Marquezine e Sérgio Malheiros, estão impecáveis. A química deles em cena é deliciosa de assistir. Mas vale destacar também o trabalho de Danilo Mesquita, que já tinha demonstrado muito talento na novela Além da Ilusão, fazendo um papel bastante diferente e desempenhando muito bem. Da mesma forma, Ana Hikari, que vem de produções bem interessantes dentre o público jovem, é espetacular ao encarnar um antigo amor mal resolvido de Victor. Ela rouba a cena quando aparece.

No fim das contas, Amor da Minha Vida é uma obra com potencial para se tornar um clássico do Disney+. Sua ousadia em retratar os diferentes tipos de amor sem se prender a amarras sociais traz uma identificação muito grande para o público, que vai rir, chorar e se divertir, enquanto Bia e Victor passam pelos perrengues mais comuns e cotidianos possíveis. É uma surpresa maravilhosa.

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