A britânica J.K. Rowling é uma das melhores e mais amadas autoras da atualidade, tendo lançado em 1997 o primeiro livro da saga ‘Harry Potter‘, que mudou o mundo literário, cinematográfico e de toda a cultura pop nos últimos anos. Seu Mundo Bruxo é uma obra-prima irretocável, e conquistou o coração de milhares de fãs do mundo todo.
Com o término da franquia ‘Harry Potter‘ nos cinemas após oito anos, a Warner Bros. necessitava continuar rentabilizando em cima de uma de suas marcas mais famosas. E não demorou muito para eles decidirem iniciar uma nova franquia usando como base o livrinho ‘Animais Fantásticos‘, e chamando Rowling para roteirizar os cinco filmes já anunciados.
A boa notícia é que ‘Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald‘ é um espetáculo visual imersivo, com efeitos especiais de pontas e uma fotografia estonteante que nos remete aos filmes ‘Harry Potter‘, inclusive nos levando para vários lugares conhecidos, como a majestosa escola de bruxaria Hogwarts. Repleto de cenários grandiosos e cenas de ação épicas, o filme consegue elevar o nível da aventura de uma maneira nunca vista antes na franquia. São explosões épicas, novos animais fantásticos, truques de magia inéditos e muita, muita correria.
Enquanto o lado visual criado pelo diretor David Yates é um deleite, não se pode falar o mesmo sobre a história da continuação de ‘Animais Fantásticos e Onde Habitam‘ (2016) é dolorosamente cansativa e complexa.
Como roteirista, Rowling é uma ótima autora de livros. ‘Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald‘ traz um roteiro esquizofrênico, que se perde em diversas tramas e subtramas desnecessárias e confunde o espectador com diversos excessos e personagens desconexos e desnecessários. É notório sua inexperiência como roteirista, já que ela parece adicionar muito mais do que o filme realmente precisa, cheio de detalhes, monólogos cansativos e momentos extremamente tediosos.
Ao longo dos 134 minutos de projeção, somos apresentados a mais de vinte novos personagens e seguimos mais de quatro seguimentos diferentes que se unem no final, deixando o filme totalmente sem ritmo.
Em contrapartida, temos um elenco sensacional. Eddie Redmayne volta a viver o abobado Newt Scamander, que apesar do coração puro e inocente continua sendo recrutado misteriosamente para missões perigosas. Dan Fogler continua divertido como o alívio cômico Jacob, e Alison Sudol brilha como Queenie Goldstein – é uma pena que a história do casal se monstra tão superficial e cansativa.
Ezra Miller brilha novamente como Credence, que tem a melhor subtrama, seguido por Jude Law sensacional no papel de um jovem Albus Dumbledore – cuja homosexualidade é levemente indicada em uma cena pouco corajosa com medo de represália.
Como de costume, Johnny Depp rouba a cena como Gellert Grindelwald – e apesar das polêmicas, abraça o personagem de maneira brilhante. O único ponto negativo do elenco é Zoë Kravitz, como uma sonolenta e pouco carismática Leta Lestrange.
Tentando dar um passo maior do que a perna, ‘Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald‘ poderia facilmente ter sido dividido em três filmes para ficar menos complexo e cansativo. O terceiro ato, que traz um monólogo interminável do personagem de Johnny Depp, só é salvo por uma grande reviravolta nos momentos finais que promete dar o tom do próximo filme (que especula-se que pode se passar no Rio de Janeiro).
Detalhe para os novos Animais Fantásticos, incluindo Zouwu, um monstro encantador com um rosto de gato e um corpo longo que gira como um dragão de Ano Novo chinês, roubando todas as cenas em que aparece.
Repleto de fan service, o filme promete agradar aos fãs mais fieis da franquia e do Mundo Bruxo de Rowling, mas o resto dos mortais vai sair dos cinemas se achando um trouxa por não entender o tanto de história que a autora tentou espremer no filme.
Obs: Vale a pena conferir a produção em 3D, com efeitos espetaculares.