quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Annie

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`It´s a Hard Knock Life´

Um dos mais icônicos musicais da Broadway chega em sua nova versão cinematográfica para os brasileiros neste fim de semana. Voltando ainda mais no tempo, a trajetória de Annie, a orfã começou nas tirinhas do veículo Daily News, de Nova York, em 1924. Depois disso, as aventuras da personagem foram adaptadas para o teatro em 1977, sua roupagem mais notável. Seguiu uma versão cinematográfica de 1982, inusitadamente dirigida por John Huston (O Tesouro de Sierra Madre, 1948), estrelada por Albert Finney e Carol Burnett, e apresentando a encantadora Aileen Quinn no papel principal. Uma versão para a TV foi produzida em 1999.

Agora, uma nova adaptação reimaginando a trama para os dias atuais aporta nos cinemas do nosso país, após uma temporada de recepção morna nos EUA por parte dos críticos – para dizer no mínimo (apesar das indicações no Globo de Ouro deste ano, o filme marca 28% de aprovação no agregador Rotten Tomatoes e está indicado em algumas categorias no Framboesa de Ouro). Sob o selo da Overbrook Entertainment, produtora de Will Smith e sua esposa Jada Pinkett, os personagens principais de Annie passam a ser afrodescendentes e a pegada hip hop é a opção de atualização.



annie-16

Logo na primeira cena, ganhamos um gracejo em relação ao passado. Uma ruivinha nos moldes de Quinn (a Annie original do cinema) é rapidamente colocada para escanteio em prol da Annie atual, um pequeno furacão interpretado por QuvenzhanéIndomável SonhadoraWallis. Apesar de terem a mesma idade em suas épocas respectivas de filmagens (ambas com 11 anos), a baixinha Quinn parecia mais jovem na produção original. A comprida Wallis aparenta uma pré-adolescente. Este medo se esvai e rapidamente compramos a magia da trama devido ao carisma da protagonista. São muitos momentos engraçadinhos sequenciais para resistirmos.

Na história, Annie vive num lar para adoção ao lado de outras meninas como ela (não tantas quanto no filme original). O local é administrado pela frustrada Srta. Hannigan, interpretada no passado de forma canastrona por Carol Burnett e no presente de forma canastrona por Cameron Diaz. A canastrice de Diaz, no entanto, até contagia em determinados momentos. Aqui, um backstory sobre seu passado junto a uma banda é criado. Veja bem, entendo perfeitamente o motivo de quem execra o filme. É piegas, recheado de clichês, exagerado, e os atores (em especial Diaz) por vezes passam do ponto. Os números musicais podem ser considerados de pouca inspiração igualmente.

Annie-2014-Movie-Wallpaper6

O que conta é o seguinte: este é um musical pré-estabelecido e muito entranhado na cultura pop. E esta nova versão não faz nada realmente para desmoralizá-lo. Sim, possui todos esses defeitos, que são os mesmos defeitos apresentados pelos detratores da versão de 1982. Annie é como um conto de fadas. É o conto da Cinderela moderna. Uma menina que vivia como gata borralheira até ser descoberta por um príncipe. Aqui, na figura paterna de Daddy Warbucks (Finney) ou Will Stacks (Jamie Foxx) – um magnata da indústria de telefonia celular em campanha para se tornar prefeito da cidade.

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É inegável o carisma contagiante de Wallis, assim como o de Quinn no passado. As adaptações das músicas (principalmente as mais famosas “Tomorrow” e “It´s a Hard Knock Life”) são eficientes – as canções e não os números encenados – e a adaptação da trama atualizada pelo próprio diretor Will Gluck funcionam bem e são competentes. Gluck é o sujeito por trás de produções espertinhas de gênero, como o adolescente colegial (A Mentira, 2010) e a comédia-romântica (Amizade Colorida, 2011). O cineasta trata de sempre trazer novos elementos e boas tiradas em seus filmes.

Tais elementos podem passar em branco para grande parte do público, mas não deixam de ser admiráveis. Sobram referências para Michael J. Fox, Fresh Prince ou Um Maluco no Pedaço (já que o próprio é o produtor) e um filme nos cinemas criado especialmente para Annie – envolvendo Ashton Kutcher, Mila Kunis e Rihanna, e tirando sarros das produções baseadas nos chamados Young Adult Novels – que deixaria “Seinfeld” orgulhoso. Uma nova versão de Annie pode estar perdida no tempo, o que é uma pena. Com coadjuvantes do nível de Rose Byrne e Bobby Cannavale, a obra merece um pouco mais de atenção.

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Agora, uma nova adaptação reimaginando a trama para os dias atuais aporta nos cinemas do nosso país, após uma temporada de recepção morna nos EUA por parte dos críticos – para dizer no mínimo (apesar das indicações no Globo de Ouro deste ano, o filme marca 28% de aprovação no agregador Rotten Tomatoes e está indicado em algumas categorias no Framboesa de Ouro). Sob o selo da Overbrook Entertainment, produtora de Will Smith e sua esposa Jada Pinkett, os personagens principais de Annie passam a ser afrodescendentes e a pegada hip hop é a opção de atualização.

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Logo na primeira cena, ganhamos um gracejo em relação ao passado. Uma ruivinha nos moldes de Quinn (a Annie original do cinema) é rapidamente colocada para escanteio em prol da Annie atual, um pequeno furacão interpretado por QuvenzhanéIndomável SonhadoraWallis. Apesar de terem a mesma idade em suas épocas respectivas de filmagens (ambas com 11 anos), a baixinha Quinn parecia mais jovem na produção original. A comprida Wallis aparenta uma pré-adolescente. Este medo se esvai e rapidamente compramos a magia da trama devido ao carisma da protagonista. São muitos momentos engraçadinhos sequenciais para resistirmos.

Na história, Annie vive num lar para adoção ao lado de outras meninas como ela (não tantas quanto no filme original). O local é administrado pela frustrada Srta. Hannigan, interpretada no passado de forma canastrona por Carol Burnett e no presente de forma canastrona por Cameron Diaz. A canastrice de Diaz, no entanto, até contagia em determinados momentos. Aqui, um backstory sobre seu passado junto a uma banda é criado. Veja bem, entendo perfeitamente o motivo de quem execra o filme. É piegas, recheado de clichês, exagerado, e os atores (em especial Diaz) por vezes passam do ponto. Os números musicais podem ser considerados de pouca inspiração igualmente.

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O que conta é o seguinte: este é um musical pré-estabelecido e muito entranhado na cultura pop. E esta nova versão não faz nada realmente para desmoralizá-lo. Sim, possui todos esses defeitos, que são os mesmos defeitos apresentados pelos detratores da versão de 1982. Annie é como um conto de fadas. É o conto da Cinderela moderna. Uma menina que vivia como gata borralheira até ser descoberta por um príncipe. Aqui, na figura paterna de Daddy Warbucks (Finney) ou Will Stacks (Jamie Foxx) – um magnata da indústria de telefonia celular em campanha para se tornar prefeito da cidade.

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É inegável o carisma contagiante de Wallis, assim como o de Quinn no passado. As adaptações das músicas (principalmente as mais famosas “Tomorrow” e “It´s a Hard Knock Life”) são eficientes – as canções e não os números encenados – e a adaptação da trama atualizada pelo próprio diretor Will Gluck funcionam bem e são competentes. Gluck é o sujeito por trás de produções espertinhas de gênero, como o adolescente colegial (A Mentira, 2010) e a comédia-romântica (Amizade Colorida, 2011). O cineasta trata de sempre trazer novos elementos e boas tiradas em seus filmes.

Tais elementos podem passar em branco para grande parte do público, mas não deixam de ser admiráveis. Sobram referências para Michael J. Fox, Fresh Prince ou Um Maluco no Pedaço (já que o próprio é o produtor) e um filme nos cinemas criado especialmente para Annie – envolvendo Ashton Kutcher, Mila Kunis e Rihanna, e tirando sarros das produções baseadas nos chamados Young Adult Novels – que deixaria “Seinfeld” orgulhoso. Uma nova versão de Annie pode estar perdida no tempo, o que é uma pena. Com coadjuvantes do nível de Rose Byrne e Bobby Cannavale, a obra merece um pouco mais de atenção.

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