quarta-feira , 25 dezembro , 2024

Crítica | Antes Que Eu Me Esqueça – Agridoce, divertido e otimista na medida certa

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O cinema sempre encontrou uma maneira de encobrir as tragédias com situações cômicas. Como diria o velho Chaplin: “o riso e as lágrimas são um antídoto contra o ódio e o terror”, ou neste caso, contra a infelicidade de estar perdendo a consciência a cada dia que passa. Essa é a base da trama de Antes Que Eu Me Esqueça, uma comédia dramática que se permite rir da tristeza e abraça situações delicadas com um perfeito senso de humor típico do cinema brasileiro. Mas será que funciona?

Na trama, guiada com delicadeza por Tiago Arakilian, Polidoro (José de Abreu), já com 80 anos, decide acabar com a calmaria de sua confortável vida de juiz viúvo aposentado tornando-se sócio de uma boate de strip-tease em Copacabana. Diante de tal situação, sua filha Beatriz (Letícia Isnard) decide interditá-lo judicialmente. Em audiência, Paulo (Danton Mello) se declara incapaz de opinar sobre as decisões do pai porque não fala com ele há anos. O juiz determina que seja feita uma avaliação de Polidoro por Paulo, em encontros regulares entre pai e filho, forçando uma reaproximação.



É desse roteiro criativo e repleto de humor negro, escrito pela estreante Luísa Parnes, que nasce um frescor em meio à tantas obras nacionais que tentam mesclar o drama com a comédia, mas que no fim fracassam em ambos. Neste, há uma harmonia de sensações, o perfeito equilíbrio, mérito também da direção, que sabe a hora certa de avançar e a hora de caminhar mais lentamente, de mostrar os dilemas que os personagens estão vivendo e ao mesmo tempo suas alegrias, tudo através de belíssimos planos mais fechados, além de algumas tomadas interessantes em plongée, como a cena da praia de Copacabana, por exemplo, tão bela que remete à um mundo imaginário e calmo, contrastando com a realidade do lugar.

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José de Abreu entrega uma atuação esplêndida e divertida, sem precisar se esforçar muito, formando uma química perfeita com o talentosíssimo Danton Mello, que vive um personagem carregado de dores e mágoas do passado, mas que vai se perdoando conforme encontra em seu pai o amor que sempre buscou. Mariana Lima tem um arco dramático interessante como Maria Pia, que se descobre empoderada quando se liberta de suas convicções, crescendo conforme a trama avança. Já Guta Stresser, funciona como o necessário alívio cômico. Joelma arranca boas risadas e não é esquecida ao fim da sessão.

Em meio a tudo isso, o roteiro ainda precisa lidar com as consequências do Alzheimer, o que não é tarefa fácil, mesmo que o filme retrate de forma honesta e bruta, não há como fugir de caricaturas e exageros convencionais desse tipo de drama, tornando seu ritmo lento em alguns momentos. Porém, quando se foca nas divertidas cenas da boate e mescla a doce música clássica com um local tão marginalizado, fazendo uma bela metáfora sobre dois mundos e dois homens protagonistas, que são ao mesmo tempo diferentes e iguais, é que a história nos prende e conquista.

Antes Que Eu Me Esqueça é otimista, intenso e divertido, daqueles que preenchem lacunas de sentimentos em nós e que dificilmente vamos esquecer, afinal, existem muitas coisas que nem mesmo o tempo pode apagar, e uma delas com certeza é o sentimento de assistir a um bom filme.

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Thiago Munizhttp://cinepop.com.br/
Carioca, 26 anos, apaixonado por Cinema. Venho estudando e vivendo todas as partes da sétima arte à procura de conhecimento da área. Graduando no curso de Cinema e influenciador cinematográfico no Instagram.

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O cinema sempre encontrou uma maneira de encobrir as tragédias com situações cômicas. Como diria o velho Chaplin: “o riso e as lágrimas são um antídoto contra o ódio e o terror”, ou neste caso, contra a infelicidade de estar perdendo a consciência a cada dia que passa. Essa é a base da trama de Antes Que Eu Me Esqueça, uma comédia dramática que se permite rir da tristeza e abraça situações delicadas com um perfeito senso de humor típico do cinema brasileiro. Mas será que funciona?

Na trama, guiada com delicadeza por Tiago Arakilian, Polidoro (José de Abreu), já com 80 anos, decide acabar com a calmaria de sua confortável vida de juiz viúvo aposentado tornando-se sócio de uma boate de strip-tease em Copacabana. Diante de tal situação, sua filha Beatriz (Letícia Isnard) decide interditá-lo judicialmente. Em audiência, Paulo (Danton Mello) se declara incapaz de opinar sobre as decisões do pai porque não fala com ele há anos. O juiz determina que seja feita uma avaliação de Polidoro por Paulo, em encontros regulares entre pai e filho, forçando uma reaproximação.

É desse roteiro criativo e repleto de humor negro, escrito pela estreante Luísa Parnes, que nasce um frescor em meio à tantas obras nacionais que tentam mesclar o drama com a comédia, mas que no fim fracassam em ambos. Neste, há uma harmonia de sensações, o perfeito equilíbrio, mérito também da direção, que sabe a hora certa de avançar e a hora de caminhar mais lentamente, de mostrar os dilemas que os personagens estão vivendo e ao mesmo tempo suas alegrias, tudo através de belíssimos planos mais fechados, além de algumas tomadas interessantes em plongée, como a cena da praia de Copacabana, por exemplo, tão bela que remete à um mundo imaginário e calmo, contrastando com a realidade do lugar.

José de Abreu entrega uma atuação esplêndida e divertida, sem precisar se esforçar muito, formando uma química perfeita com o talentosíssimo Danton Mello, que vive um personagem carregado de dores e mágoas do passado, mas que vai se perdoando conforme encontra em seu pai o amor que sempre buscou. Mariana Lima tem um arco dramático interessante como Maria Pia, que se descobre empoderada quando se liberta de suas convicções, crescendo conforme a trama avança. Já Guta Stresser, funciona como o necessário alívio cômico. Joelma arranca boas risadas e não é esquecida ao fim da sessão.

Em meio a tudo isso, o roteiro ainda precisa lidar com as consequências do Alzheimer, o que não é tarefa fácil, mesmo que o filme retrate de forma honesta e bruta, não há como fugir de caricaturas e exageros convencionais desse tipo de drama, tornando seu ritmo lento em alguns momentos. Porém, quando se foca nas divertidas cenas da boate e mescla a doce música clássica com um local tão marginalizado, fazendo uma bela metáfora sobre dois mundos e dois homens protagonistas, que são ao mesmo tempo diferentes e iguais, é que a história nos prende e conquista.

Antes Que Eu Me Esqueça é otimista, intenso e divertido, daqueles que preenchem lacunas de sentimentos em nós e que dificilmente vamos esquecer, afinal, existem muitas coisas que nem mesmo o tempo pode apagar, e uma delas com certeza é o sentimento de assistir a um bom filme.

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