Darwin já falava: para sobreviver é preciso se adaptar. Seguindo uma cronologia de fatos que se aproximam dessa verdade, o longa-metragem espanhol Apocalipse Z: O Princípio do Fim, baseado no livro de sucesso homônimo escrito por Manel Loureiro, segue a cartilha dos bons filmes de luta pelo sobreviver. Superando desafios para se tornar o clássico herói em sua jornada apocalíptica, o protagonista é o nosso guia em uma narrativa – com seus clichês batidos – que busca sugar até a última gota de angústia em meio ao caos dos dilemas e desespero onde o espírito de sobrevivência é ativado.
Na trama conhecemos Manel (Francisco Ortiz), um advogado e empreendedor no ramo de energia sustentável em luto desde a morte da namorada em um trágico acidente de carro. Vivendo seus dias solitários ao lado do seu gatinho Lúculo, certo dia se vê numa situação inusitada: uma epidemia desconhecida se espalha pelo mundo e ele resolve se isolar. Mas com a falta de comida, não lhe resta outra escolha a não ser tomar um rumo que o leva para uma viagem repleta de perigos em busca de algum abrigo.
Um pouco mais de uma década atrás, o escritor espanhol Manel Loureiro por meio de um blog começou a escrever a história, dividida em três fases, que hoje se tornou esse projeto cinematográfico e antes uma publicação com milhares de cópias vendidas em todo o mundo – inclusive no Brasil. Isso provavelmente acendeu a chama da oportunidade para que logo virasse uma produção cinematográfica se mostrando um acerto ao já sentirmos o sucesso com a chegada rápida do filme ao Top 1 da Prime Video.
Caminhando pelo já batido cenário apocalíptico pandêmico, pessoas se transformando em alguma espécie de Zumbis, com suas derrapadas nos pontos vagos dos contextos amplos que propõe, tem como maior mérito a colocação de uma questão existencial que é bem explorada também nas linhas do roteiro do filme: nunca sabemos como lidaremos em situações extremas até que essas cheguem.
Primeira parte dessa trilogia – que deve ganhar seus complementos em versões audiovisuais num futuro próximo – Apocalipse Z: O Princípio do Fim pode ser visto por alguns ângulos mas com um ponto incomum: a construção de um herói incomum precisando se adaptar a uma nova rotina não se desgrudando da mira afiada de seu arpão. Em meio ao caos da natureza incontrolável a razão humana se torna um divisor de águas, um trampolim para a transformação do personagem.
A narrativa segue com seu clima de tensão bem instaurado, com bons personagens carentes de melhor desenvolvimento – talvez nos próximos capítulos – que rumam para um desfecho em aberto, com uma série de lacunas não preenchidas. Mas uma constatação se torna crucial: prende a atenção! Apocalipse Z: O Princípio do Fim mesmo com suas imprecisões não deixa de ser um bom entretenimento.