Ainda que tenha lançado a música original “Just Look Up” ao lado de Kid Cudi em 2021, para o filme ‘Não Olhe para Cima’, Ariana Grande não dava as caras oficialmente no mundo da música desde 2020, com a divulgação do subestimado ‘positions’. Quase quatro anos depois, a icônica cantora e compositora fez o aguardado anúncio de seu comeback e, hoje (12), promoveu a estreia do lead single de seu próximo álbum de estúdio.
É apenas natural que os fãs de Grande, apelidados carinhosamente de arianators, estivessem com as expectativas lá em cima para o regresso da icônica performer ao cenário fonográfico – algo um tanto quanto problemático, considerando que muitos poderiam se decepcionar com uma incursão diferente do que imaginavam. Entretanto, ninguém poderia imaginar que Ariana, que calcara sua carreira principalmente no R&B e no trap-pop, romperia com suas eras anteriores para um mergulho nostálgico ao passado com “yes, and?” – que já se configura como uma das melhores faixas do ano, mesmo poucos dias desde o início de 2024.
A construção da track nos arremessa de volta para os anos 1990 e é pautada essencialmente nas clássicas batidas do house que foram exploradas por nomes como Madonna (ora, é notável como o refrão pega elementos da lendária música “Vogue“) e Madison Avenue (aqui, pensando na sutil estrutura de “Don’t Call Me Baby”, por exemplo). Porém, diferente do peso dos sintetizadores e do piano explorados em incursões do gênero, aqui percebemos uma predileção equilibrada entre instrumentais e vocais, com cada engrenagem fundindo-se à outra para uma dançante e celebratória jornada.
Ariana é conhecida por conseguir traduzir ansiedades, traumas e frustrações de maneiras inesperadas – como “breathin'”, que abre portas para um diálogo sobre saúde mental. Em “yes, and?”, ela investiga território similar, mas adornado com uma base escapista de empoderamento e de libertação (com enfoque em versos como “garoto, coloque o seu batom (ninguém pode te dizer nada)” e “seja a p**** de seu melhor amigo”, culminando na honestidade brutal do verso-título).
O único problema da faixa é sua curta duração: o modo como a artista, também apropriando-se da produção ao lado de Max Martin e Ilya Salmanzadeh, constrói um microcosmos que existe fora do tempo e do espaço e nos convida às pistas de dança tangencia uma impecabilidade que começa o ano da melhor forma – e que nos deixa sedentos por mais, nos levando a crer que esta pode ser uma das melhores eras da performer.