sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | As Polacas – Valentina Herszage e Caco Ciocler Impactam em Cruel Drama Inspirado em História Real

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Em um mundo regido pela lógica dos homens, desde sempre as mulheres sofreram. Independentemente de raça, credo ou origem, o simples fato de serem mulheres sempre as torna um alvo vulnerável às violências do homem. A História está cheia de exemplos desse tipo, histórias há muito ocultadas pelo tempo e pela vergonha, mas que hoje, aos poucos, vão vindo à tona, seja por conta de pesquisadores, seja por conta de familiares que buscam ressignificar a história de suas famílias, curando as dores de seus antepassados ao contarem abertamente sobre suas feridas.

As Polacas



O ano é 1917. Enquanto a Europa se destrói com a I Guerra Mundial, muitos indivíduos daquele continente migraram para outros territórios na tentativa de sobreviver aos eventos caóticos. O Brasil foi um dos principais destinos, recebendo italianos, portugueses, alemães e muitos judeus fugindo das perseguições e da guerra. Assim, muitas mulheres judias acabaram vindo sozinhas ao país, na tentativa de se reencontrarem com conhecidos e familiares, como o caso de Rebeca (Valentina Herszage), que chega ao Rio de Janeiro com seu filho pequeno, Joseph, para se reunir com seu marido. Entretanto, um infortúnio impede o reencontro e, sozinha num país estrangeiro, Rebeca recorre à ajuda do simpático empresário Tzvi (Caco Ciocler). Porém, toda ajuda tem seu preço, e rapidamente Rebeca descobrirá que o empreendimento do conterrâneo judeu é, no final das contas, um bordel com dezenas de mulheres na mesma situação que ela.

Filmes como ‘As Polacas’ instigam o espectador a refletir sobre a crueldade com que os imigrantes foram tratados ao longo de séculos desse país. Obrigadas a se prostituir para sobreviver, centenas de jovens judias (muitas vezes menores de idade ou mães sozinhas) se viram precisando satisfazer desejos masculinos em troca de um prato de comida, sendo esta a alternativa à realidade da guerra na Europa.

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As Polacas

Valentina Herszage, que emplacou diversas novelas em uma carreira tão jovem, está à altura do protagonismo dessa história cruel e impactante, conferindo à Rebeca as várias camadas de sentimentos que se mesclam à medida em que a verdade vai sendo desdobrando à sua frente; suas cenas com Caco Ciocler (de quem nos esquecemos completamente, diante do seu desprezível personagem) fazem com que o espectador se sinta incomodado e impelido a interferir na história – alcançando, assim, o objetivo máximo do cinema: fazer as pessoas sentirem a história. O elenco conta ainda com Dora Freind, Otávio Muller e Erom Cordeiro.

Com uma produção de arte que reconstrói figurino e objetos de cena do início do século passado e com muitas de suas cenas gravadas no centro histórico do Rio, ‘As Polacas’ é um filmão que infelizmente é baseado em uma história real. Mas o longa também mostra a força dessas mulheres em resistir diante de tanta crueldade e, unidas, buscarem nessa dor comum a todas elas a energia necessária para lutar pelos seus direitos de manterem seus respeitos aos seu deus, apesar das adversidades da vida. Uma história pesada, posto que real, que dá voz e respeito a dezenas de mulheres cujas vidas foram desprezadas pelo mundo dos homens.

As Polacas

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Em um mundo regido pela lógica dos homens, desde sempre as mulheres sofreram. Independentemente de raça, credo ou origem, o simples fato de serem mulheres sempre as torna um alvo vulnerável às violências do homem. A História está cheia de exemplos desse tipo, histórias há muito ocultadas pelo tempo e pela vergonha, mas que hoje, aos poucos, vão vindo à tona, seja por conta de pesquisadores, seja por conta de familiares que buscam ressignificar a história de suas famílias, curando as dores de seus antepassados ao contarem abertamente sobre suas feridas.

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O ano é 1917. Enquanto a Europa se destrói com a I Guerra Mundial, muitos indivíduos daquele continente migraram para outros territórios na tentativa de sobreviver aos eventos caóticos. O Brasil foi um dos principais destinos, recebendo italianos, portugueses, alemães e muitos judeus fugindo das perseguições e da guerra. Assim, muitas mulheres judias acabaram vindo sozinhas ao país, na tentativa de se reencontrarem com conhecidos e familiares, como o caso de Rebeca (Valentina Herszage), que chega ao Rio de Janeiro com seu filho pequeno, Joseph, para se reunir com seu marido. Entretanto, um infortúnio impede o reencontro e, sozinha num país estrangeiro, Rebeca recorre à ajuda do simpático empresário Tzvi (Caco Ciocler). Porém, toda ajuda tem seu preço, e rapidamente Rebeca descobrirá que o empreendimento do conterrâneo judeu é, no final das contas, um bordel com dezenas de mulheres na mesma situação que ela.

Filmes como ‘As Polacas’ instigam o espectador a refletir sobre a crueldade com que os imigrantes foram tratados ao longo de séculos desse país. Obrigadas a se prostituir para sobreviver, centenas de jovens judias (muitas vezes menores de idade ou mães sozinhas) se viram precisando satisfazer desejos masculinos em troca de um prato de comida, sendo esta a alternativa à realidade da guerra na Europa.

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Valentina Herszage, que emplacou diversas novelas em uma carreira tão jovem, está à altura do protagonismo dessa história cruel e impactante, conferindo à Rebeca as várias camadas de sentimentos que se mesclam à medida em que a verdade vai sendo desdobrando à sua frente; suas cenas com Caco Ciocler (de quem nos esquecemos completamente, diante do seu desprezível personagem) fazem com que o espectador se sinta incomodado e impelido a interferir na história – alcançando, assim, o objetivo máximo do cinema: fazer as pessoas sentirem a história. O elenco conta ainda com Dora Freind, Otávio Muller e Erom Cordeiro.

Com uma produção de arte que reconstrói figurino e objetos de cena do início do século passado e com muitas de suas cenas gravadas no centro histórico do Rio, ‘As Polacas’ é um filmão que infelizmente é baseado em uma história real. Mas o longa também mostra a força dessas mulheres em resistir diante de tanta crueldade e, unidas, buscarem nessa dor comum a todas elas a energia necessária para lutar pelos seus direitos de manterem seus respeitos aos seu deus, apesar das adversidades da vida. Uma história pesada, posto que real, que dá voz e respeito a dezenas de mulheres cujas vidas foram desprezadas pelo mundo dos homens.

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