sábado , 23 novembro , 2024

Crítica | Virgens Acorrentadas – Diretor brasileiro aposta no terror slasher

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As Virgens Suicidas

Na década de 1970, um tipo de cinema muito peculiar dominava pequenas salas de exibição pelos EUA. Provido pelo movimento social de maior liberdade, nascia um cinema mais realista e sem pudores em relação a sexo e violência. Assim, obras cinematográficas de baixo orçamento apostavam justamente nestes dois elementos para entregar o que o público queria.

Anos mais tarde, já na década de 1980, este cinema de “exploração” dava luz para outros subgêneros, entre eles o slasher – que trazia o mesmo conceito mirado ao espectador jovem, elevando a coisa ao status do mainstream.



Hoje, alguns cineastas investem na revitalização destes subgêneros, acrescentando humor autoconsciente à mistura. Antes, tais obras não possuíam tal intuíto, exalando naturalmente a atmosfera gritante do absurdo. Atualmente, a maioria destas revisões sabe exatamente onde quer chegar e o que pretende ser.

Desta vontade nasceu As Virgens Acorrentadas, produção norte-americana (conhecida por lá como Virgin Cheerleaders in Chains) escrita por Gary McClain Gannaway, cujo verdadeiro chamariz é a presença de nosso conterrâneo Paulo Biscaia Filho na direção. Apaixonado por este tipo de filme, entusiasta das obras de Roger Corman e amante de cinema em geral – como as produções de Stanley Kubrick -o cineasta entrega seu mais novo projeto, o primeiro não escrito por ele.

A ideia é boa, mas a concretização vai e vem, não atingindo seu objetivo por completo. A palavra de ordem aqui é metalinguagem. Para entender melhor a proposta, pense em Pânico 3 (2000), de Wes Craven, onde temos as inúmeras referências e paralelos entre o filme ao qual estamos assistindo e o filme dentro do filme. É mais ou menos assim que As Virgens Acorrentadas funciona.

Na trama, Shane (Ezekiel Z. Swinford) é um jovem aspirante a cineasta. Incentivado pela namorada Chloe (Kelsey Pribilski), ele resolve meter a mão na massa e investir em seu próprio filme. A produção independente de terror necessitará da ajuda dos amigos do sujeito para sua confecção. Assim, esta trupe de fazer inveja a Tommy Wiseau parte para a locação: uma grande casa macabra onde se passará o longa.

Bem, você já pode imaginar o que acontece depois. No local, verdadeiros psicopatas tomam conta da obra, reencenando o filme de forma bem real. Aos poucos os jovens são eliminados um a um, num verdadeiro banho de sangue, com gore suficiente para aficionado nenhum botar defeito.

Biscaia Filho entrega um bom ritmo narrativo e uma parte técnica satisfatória. As Virgens Acorrentadas, no entanto, desliza no timing cômico almejado, sem nunca atingir o momento certo. Percebemos a inserção do humor, mas tais trechos terminam deslocados, perdidos entre uma cena e outra. As referências também não são espertas o suficiente para criar conexão com o espectador mais escolado.

O maior problema de As Virgens Acorrentadas talvez seja sua pretensão. O filme mira na paródia do subgênero, quando comporta-se exatamente como seu objeto de deboche. Em casos assim, é necessário demonstrar que o filme entende do riscado e o sobrepuja, pairando acima do que deseja caricaturar. Aqui, o que temos é um espelho entre a sátira e o produto final.

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Anos mais tarde, já na década de 1980, este cinema de “exploração” dava luz para outros subgêneros, entre eles o slasher – que trazia o mesmo conceito mirado ao espectador jovem, elevando a coisa ao status do mainstream.

Hoje, alguns cineastas investem na revitalização destes subgêneros, acrescentando humor autoconsciente à mistura. Antes, tais obras não possuíam tal intuíto, exalando naturalmente a atmosfera gritante do absurdo. Atualmente, a maioria destas revisões sabe exatamente onde quer chegar e o que pretende ser.

Desta vontade nasceu As Virgens Acorrentadas, produção norte-americana (conhecida por lá como Virgin Cheerleaders in Chains) escrita por Gary McClain Gannaway, cujo verdadeiro chamariz é a presença de nosso conterrâneo Paulo Biscaia Filho na direção. Apaixonado por este tipo de filme, entusiasta das obras de Roger Corman e amante de cinema em geral – como as produções de Stanley Kubrick -o cineasta entrega seu mais novo projeto, o primeiro não escrito por ele.

A ideia é boa, mas a concretização vai e vem, não atingindo seu objetivo por completo. A palavra de ordem aqui é metalinguagem. Para entender melhor a proposta, pense em Pânico 3 (2000), de Wes Craven, onde temos as inúmeras referências e paralelos entre o filme ao qual estamos assistindo e o filme dentro do filme. É mais ou menos assim que As Virgens Acorrentadas funciona.

Na trama, Shane (Ezekiel Z. Swinford) é um jovem aspirante a cineasta. Incentivado pela namorada Chloe (Kelsey Pribilski), ele resolve meter a mão na massa e investir em seu próprio filme. A produção independente de terror necessitará da ajuda dos amigos do sujeito para sua confecção. Assim, esta trupe de fazer inveja a Tommy Wiseau parte para a locação: uma grande casa macabra onde se passará o longa.

Bem, você já pode imaginar o que acontece depois. No local, verdadeiros psicopatas tomam conta da obra, reencenando o filme de forma bem real. Aos poucos os jovens são eliminados um a um, num verdadeiro banho de sangue, com gore suficiente para aficionado nenhum botar defeito.

Biscaia Filho entrega um bom ritmo narrativo e uma parte técnica satisfatória. As Virgens Acorrentadas, no entanto, desliza no timing cômico almejado, sem nunca atingir o momento certo. Percebemos a inserção do humor, mas tais trechos terminam deslocados, perdidos entre uma cena e outra. As referências também não são espertas o suficiente para criar conexão com o espectador mais escolado.

O maior problema de As Virgens Acorrentadas talvez seja sua pretensão. O filme mira na paródia do subgênero, quando comporta-se exatamente como seu objeto de deboche. Em casos assim, é necessário demonstrar que o filme entende do riscado e o sobrepuja, pairando acima do que deseja caricaturar. Aqui, o que temos é um espelho entre a sátira e o produto final.

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