Desde que ganhou fama com a série ‘Outlander’ o ator Sam Heughan focou sua carreira em alimentar o imaginário das fãs da história das High Lands. Agora, com seu sucesso já consolidado, o astro retorna às produções em longa-metragem, com o recém-lançado ‘Ascensão do Cisne Negro’, da Netflix.
A Inglaterra quer passar um gasoduto por uma região da Geórgia, porém, os moradores de um determinado vilarejo se recusam a sair dali. Por debaixo dos panos o Primeiro Ministro (Ray Panthaki) e outros poderosos contratam um grupo de mercenários conhecidos como Cisnes Negros, encabeçados por Grace (Ruby Rose) e Oliver (Owain Yeoman). O grupo dizima todos do vilarejo, porém, uma garotinha consegue fazer um vídeo do ocorrido e o posta na internet, divulgando o massacre em rede nacional. Para tentar capturar esses mercenários é chamada a Força Especial, da qual Thomas (Sam Heughan) faz parte. Infelizmente para Thomas, quando ele finalmente viaja de trem para Paris com sua namorada, Sophie (Hannah John-Kamen), para pedi-la em casamento, o trem é sequestrado por Grace e Thomas terá que deixar suas férias de lado para salvar os reféns e capturar os bandidos.
Com pouco mais de duas horas de duração, ‘Ascensão do Cisne Negro’ parte de um argumento pretensioso e conspiratório para justificar a caçada do bonzinho contra o vilão – que, na produção, é, na verdade, uma vilã. Além disso, o filme ainda recai nos clássicos estereótipos de filmes de ação, como, por exemplo, a personagem Sophie – cuja profissão é, claro, pediatra, ou seja, a figura da mulher que cuida de crianças, para assim poder reforçar a masculinidade do herói protagonista, que é bruto e sem coração.
A proposta de raciocínio de ‘Ascensão do Cisne Negro’ é traçar um paralelo sobre a psicopatia entre protagonista e antagonista, ao ponto de torná-los iguais. Ao fazê-lo, o longa pede que o espectador involuntariamente torça por um psicopata travestido de herói. Como se não bastasse isso, até mesmo a parte inocente da história – representada pela personagem da namorada – é desconstruída em prol da psicopatia, quando, no final, a personagem literalmente pede para que Thomas mate as pessoas.
O roteiro de Laurence Malkin se dedica muito mais às cenas de ação – felizmente. Apesar das sequências de tiroteio e de explosões preencherem a maior parte da produção, o filme de Magnus Martens fica só nisso mesmo, apresentando cenas com resoluções totalmente previsíveis. O elenco, no geral – que inclui também o ator Andy Serkis como um agente especial – não se esforça muito; pelo contrário parece que a orientação geral do diretor era para que todos baseassem suas atuações no carão e em frases de efeito, que acabam não causando efeito nenhum. Ao menos a atuação de Sam Heughan está satisfatória, sendo ele o melhor em cena.
Baseado no livro ‘Red Notice’, de Andy McNad, ‘Ascensão do Cisne Negro’ é uma grande produção, porém com uma história cafona e cansativa. As muitas cenas de ação enchem a tela mas não engajam o espectador. É o tipo de filme que preenche o vazio com tiroteio para todos os lados.