sexta-feira , 8 novembro , 2024

Crítica | Bergamota – Hsu Chien Estreia no TERROR com Filme LGBT Baseado em História Real

As histórias de terror, por mais fantasiosas que sejam, nunca conseguem superar as bizarrices da vida real. É que o ser humano e a vida são imprevisíveis, de modo que literalmente tudo pode acontecer. Nem mesmo Stephen King ousa colocar determinadas situações em suas histórias por correr o risco de parecerem inacreditáveis demais: é que a história real sempre vai superar a ficção. Por outro lado, a ficção também está aí para trazer alternativas às histórias da vida real, e esse é o grande barato de uma boa narrativa de ficção. Depois de solidificar sua carreira nas comédias, o diretor Hsu Chien aposta agora na realização de um antigo sonho seu: dirigir um filme de terror. Assim surgiu ‘Bergamota’, produção que teve estreia no espaço do Rio Market, braço de negócios do Festival do Rio 2023, em sessão lotada e gratuita.

Bergamota

Ruivinho (Gabriel Canella) está comendo um lanche na rua quando recebe um áudio de sua esposa, cobrando sua presença em casa. Ele responde que em breve estará lá, mas, em seguida, muda de destinatário e manda um áudio a outra pessoa, dizendo que em cinco minutos estaria em outro lugar. Ele sobe a rua e, instantes depois, está na casa de Jorge (Márcio Rosário), um homem bem mais velho com quem marcara um encontro através de um aplicativo. A coisa toda era para ser apenas mais um encontro de satisfação sexual mútua, não fosse o fato de, no meio da noite, uma coisa terrível acontecer, fazendo com que os planos de ambos fossem forçadamente mudados diante dos acontecimentos.



Filmado todo em preto e branco e com apenas um ponto de luz para iluminar a cena (pedido da diretora de fotografia Silvia Gangemi), a escolha por essa estética contribui para ambientar a trama para além do corriqueiro, remetendo-nos imediatamente ao terror e à inevitabilidade do fatídico dos eventos. Também a escolha por um formato mais fechado, com um enquadramento quadrado sem permitir que o plano abrisse e mostrasse mais do cenário, contribui para a sensação de claustrofobia e de angústia que a história e os personagens buscam transmitir ao espectador. O longa ainda abre espaço para novos músicos do cenário, com canções originais trazidas por Ricardo Severo.

Bergamota.1



Baseado em uma história real (basicamente uma história que vemos, infelizmente, com bastante frequência nos noticiários), o roteiro ‘Bergamota’ se apropria desses eventos reais para, através da ficção, prover voz e visibilidade às muitas pessoas que passaram e passam por situações semelhantes. Para tal, o roteiro de Hsu Chien não se furta em prover reviravolta atrás de reviravolta, surpreendendo o público que, inocentemente, poderia achar já ter adivinhado a desenvoltura do filme.

Todo gravado em apenas uma diária e meia e dentro da casa do próprio diretor, ‘Bergamota’ comprova a potência do cinema de gênero brasileiro independentemente de formato ou de duração.  Hsu Chien demonstra aptidão também para a direção de filmes de terror, o que abre uma interessante porta para a indústria brasileira. ‘Bergamota’ é um curta, mas que facilmente poderia ser desenvolvido em um longa-metragem futuramente. Assim esperamos e torcemos.

 

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Bergamota

Ruivinho (Gabriel Canella) está comendo um lanche na rua quando recebe um áudio de sua esposa, cobrando sua presença em casa. Ele responde que em breve estará lá, mas, em seguida, muda de destinatário e manda um áudio a outra pessoa, dizendo que em cinco minutos estaria em outro lugar. Ele sobe a rua e, instantes depois, está na casa de Jorge (Márcio Rosário), um homem bem mais velho com quem marcara um encontro através de um aplicativo. A coisa toda era para ser apenas mais um encontro de satisfação sexual mútua, não fosse o fato de, no meio da noite, uma coisa terrível acontecer, fazendo com que os planos de ambos fossem forçadamente mudados diante dos acontecimentos.

Filmado todo em preto e branco e com apenas um ponto de luz para iluminar a cena (pedido da diretora de fotografia Silvia Gangemi), a escolha por essa estética contribui para ambientar a trama para além do corriqueiro, remetendo-nos imediatamente ao terror e à inevitabilidade do fatídico dos eventos. Também a escolha por um formato mais fechado, com um enquadramento quadrado sem permitir que o plano abrisse e mostrasse mais do cenário, contribui para a sensação de claustrofobia e de angústia que a história e os personagens buscam transmitir ao espectador. O longa ainda abre espaço para novos músicos do cenário, com canções originais trazidas por Ricardo Severo.

Bergamota.1

Baseado em uma história real (basicamente uma história que vemos, infelizmente, com bastante frequência nos noticiários), o roteiro ‘Bergamota’ se apropria desses eventos reais para, através da ficção, prover voz e visibilidade às muitas pessoas que passaram e passam por situações semelhantes. Para tal, o roteiro de Hsu Chien não se furta em prover reviravolta atrás de reviravolta, surpreendendo o público que, inocentemente, poderia achar já ter adivinhado a desenvoltura do filme.

Todo gravado em apenas uma diária e meia e dentro da casa do próprio diretor, ‘Bergamota’ comprova a potência do cinema de gênero brasileiro independentemente de formato ou de duração.  Hsu Chien demonstra aptidão também para a direção de filmes de terror, o que abre uma interessante porta para a indústria brasileira. ‘Bergamota’ é um curta, mas que facilmente poderia ser desenvolvido em um longa-metragem futuramente. Assim esperamos e torcemos.

 

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