segunda-feira , 30 dezembro , 2024

Crítica | Betânia – Sensibilidade e Humor Envolvem os Lençóis Maranhenses em Delicioso Filme [Festival do Rio 2024]

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Uma das melhores coisas de um festival de cinema é a oportunidade que se tem de ver a filmes que, do contrário, talvez o público não tivesse acesso, dada as janelas pequenas de exibição no circuito. Ainda mais se tratando de filme brasileiro, cuja oportunidade de ver em tela grande é sempre menor, pois a concorrência com as produções estrangeiras é enorme. Felizmente no Brasil temos eventos como o Festival do Rio, que trouxe para o grande público o filme ‘Betânia’, que, após bela jornada no Festival de Berlim, desembarcou no Rio de Janeiro para duas emocionantes exibições, com direito a cortejo do boi maranhense ao final das sessões.

Duas pessoas conversando em lagoa cercada, árvores ao redor.



Num pequeníssimo povoado, no interior do Maranhão, Betânia (Diana Mattos) resiste em sair de sua casa após a morte do seu marido, pois, segundo ela, agora que a energia elétrica chegou à sua casa, ela não vai embora. Suas filhas – Irineusa (Michelle Cabral) e Jucélia (Rosa Ewerton Jará) – se preocupam com o isolamento da mãe e a convencem a se mudar para a casa de uma delas, em Betânia, onde Tonhão (Caçula Rodrigues), genro de Betânia, trabalha como guia de turismo aos visitantes dos Lençóis Maranhenses. Entre dias de luta e dias de mais luta, a família passa o tempo entre os percalços do cotidiano e as pequenas vitórias que dão gosto à vida.

Betânia’ é um filme que você começa a assistir sem saber o que esperar e, sem perceber, ele vai te conquistando e te conduzindo para um universo de sensações surpreendentes, de cores e sabores de um pedaço de Brasil longe dos holofotes do centro urbano, mas recheado de personagens e personalidades maravilhosos.

Betânia

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O coração dessa produção certamente são os personagens, bem escritos e bem encontrados pelo diretor Marcelo Botta (que anteriormente levou ao festival a comédia ‘Abestalhados 2’). Betânia, a protagonista, é tão natural e adorável, que passa aquela sensação de que é a mãe/avó de alguém que conhecemos, pois age e fala como se não tivesse uma câmera ali; não à toa, a atriz ganhou Menção Honrosa no Festival do Rio 2024. Tonhão (Caçula Rodrigues), com seu jeitão observador, protagoniza a sequência mais hilária do filme, um talento nato do cinema brasileiro. Vitória (Nádia D’Cássia) e Antonio Filho (Ulysses Azevedo) super naturais como filhos/netos desses personagens, protagonizando os clássicos embates de geração causam identificação no espectador. Todo o elenco – que conta ainda com Tião Carvalho, Vitão Santiago e Anouk Mulard – é excelente, em perfeita sintonia, fazendo a gente acreditar que são mesmo uma família.

O roteiro de Marcelo Botta parte da história da protagonista ‘Betânia’ para contar uma história de família, tendo o desértico Maranhão desconhecido (a época de baixa temporada dos Lençóis) como pano de fundo, costurando, assim, um retrato de Brasil tão real quanto as situações colocadas no filme, e, dessa forma, provocando o riso, a empatia e o afeto no espectador. Soma-se a isso a ótima escolha de locações e a belíssima fotografia (de Bruno Graziano), que transporta a gente para aquele cenário paradisíaco de deserto e de água da ponta extrema do país.

Betânia’ é simplesmente um filme adorável, com um elenco em perfeita sintonia e que emociona de verdade. Com ares de filme arte, ‘Betânia’ surpreende pela excelente qualidade de sua história e de sua equipe, e mostra que o melhor do Brasil é o brasileiro. Imperdível, e está também em exibição na Mostra de Cinema de São Paulo.

Pessoas celebram ao redor de uma fogueira na praia.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Uma das melhores coisas de um festival de cinema é a oportunidade que se tem de ver a filmes que, do contrário, talvez o público não tivesse acesso, dada as janelas pequenas de exibição no circuito. Ainda mais se tratando de filme brasileiro, cuja oportunidade de ver em tela grande é sempre menor, pois a concorrência com as produções estrangeiras é enorme. Felizmente no Brasil temos eventos como o Festival do Rio, que trouxe para o grande público o filme ‘Betânia’, que, após bela jornada no Festival de Berlim, desembarcou no Rio de Janeiro para duas emocionantes exibições, com direito a cortejo do boi maranhense ao final das sessões.

Duas pessoas conversando em lagoa cercada, árvores ao redor.

Num pequeníssimo povoado, no interior do Maranhão, Betânia (Diana Mattos) resiste em sair de sua casa após a morte do seu marido, pois, segundo ela, agora que a energia elétrica chegou à sua casa, ela não vai embora. Suas filhas – Irineusa (Michelle Cabral) e Jucélia (Rosa Ewerton Jará) – se preocupam com o isolamento da mãe e a convencem a se mudar para a casa de uma delas, em Betânia, onde Tonhão (Caçula Rodrigues), genro de Betânia, trabalha como guia de turismo aos visitantes dos Lençóis Maranhenses. Entre dias de luta e dias de mais luta, a família passa o tempo entre os percalços do cotidiano e as pequenas vitórias que dão gosto à vida.

Betânia’ é um filme que você começa a assistir sem saber o que esperar e, sem perceber, ele vai te conquistando e te conduzindo para um universo de sensações surpreendentes, de cores e sabores de um pedaço de Brasil longe dos holofotes do centro urbano, mas recheado de personagens e personalidades maravilhosos.

Betânia

O coração dessa produção certamente são os personagens, bem escritos e bem encontrados pelo diretor Marcelo Botta (que anteriormente levou ao festival a comédia ‘Abestalhados 2’). Betânia, a protagonista, é tão natural e adorável, que passa aquela sensação de que é a mãe/avó de alguém que conhecemos, pois age e fala como se não tivesse uma câmera ali; não à toa, a atriz ganhou Menção Honrosa no Festival do Rio 2024. Tonhão (Caçula Rodrigues), com seu jeitão observador, protagoniza a sequência mais hilária do filme, um talento nato do cinema brasileiro. Vitória (Nádia D’Cássia) e Antonio Filho (Ulysses Azevedo) super naturais como filhos/netos desses personagens, protagonizando os clássicos embates de geração causam identificação no espectador. Todo o elenco – que conta ainda com Tião Carvalho, Vitão Santiago e Anouk Mulard – é excelente, em perfeita sintonia, fazendo a gente acreditar que são mesmo uma família.

O roteiro de Marcelo Botta parte da história da protagonista ‘Betânia’ para contar uma história de família, tendo o desértico Maranhão desconhecido (a época de baixa temporada dos Lençóis) como pano de fundo, costurando, assim, um retrato de Brasil tão real quanto as situações colocadas no filme, e, dessa forma, provocando o riso, a empatia e o afeto no espectador. Soma-se a isso a ótima escolha de locações e a belíssima fotografia (de Bruno Graziano), que transporta a gente para aquele cenário paradisíaco de deserto e de água da ponta extrema do país.

Betânia’ é simplesmente um filme adorável, com um elenco em perfeita sintonia e que emociona de verdade. Com ares de filme arte, ‘Betânia’ surpreende pela excelente qualidade de sua história e de sua equipe, e mostra que o melhor do Brasil é o brasileiro. Imperdível, e está também em exibição na Mostra de Cinema de São Paulo.

Pessoas celebram ao redor de uma fogueira na praia.

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