quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Better Call Saul – 1º Temporada

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Todos nós sabemos que Breaking Bad foi um estouro do começo ao fim! A série foi um fenômeno de público e crítica e tem um dos finais mais aclamados de todos os tempos, o que é memorável depois de finais duvidosos como em Dexter, Revenge e Lost (só citando alguns).

Better Call Saul é um spin-off de Breaking Bad e uma ótima produção original da Netflix. A primeira coisa que eu quero levantar para quem ainda não viu a série é o fato de que você pode assistir a série tranquilamente ainda mesmo que você nunca tenha curtindo a premissa de Breaking Bad. São histórias totalmente distintas.



Jimmy, nosso protagonista queridão, é um advogado que tá tentando construir seu nome e uma base de clientes. Ele começa a série atuando como defensor público, algo que ele não aparenta gostar muito de fazer, exceto pelo desafio. Quando é “hora do show” a questão pra ele deixa de ser se ele está trabalhando pra um culpado ou um inocente, o que importa é levar o caso com a lábia bem peculiar que ele tem.

Ao contrário de séries como How to get away with murder, onde um advogado obcecado por vitórias geralmente é um indivíduo de índole duvidosa, Jimmy é um cara essencialmente bom, alguém que deu suas escorregadas no passado e que se transformou num sujeito bom que só quer fazer seu trabalho. Esse vira seu grande problema no mundo corporativo e competitivo da advocacia.

Better Call Saul

Logo de cara você já se enerva com um tal de Howard, um cara de um império de advogados que parece ter um prazer peculiar em deixar o Jimmy pra baixo e até meio humilhado. Howard e Jimmy possuem opiniões extremamente diversas sobre o futuro de um dos sócios da gigante HHM na empresa. A coisa piora quando Jimmy perde um cliente em potencial para a empresa, por ser um defensor público ele é visto pelo casal à procura de um advogado como “o cara que apenas defende culpados”.

Frustrado, ele tenta a todo custo recuperar o cliente de volta. A gente vai acompanhando seu desespero quando todo dia quando volta ao seu “escritório” ele acessa as mensagens da caixa postal e o número de pessoas que fizeram contato com ele é sempre o mesmo: zero! Na tentativa de mudar esse panorama a gente pode dizer, bem estilo Sessão da Tarde, que ele vai se meter em altas encrencas e aventuras!

Sem querer comparar criador e criatura, o spin-off de Breaking Bad constriu o que é, na minha opinião, um dos protagonistas mais carismáticos dos últimos tempos. Você vai engatar episódio atrás de episódio torcendo pelo autêntico cara do bem e nem ligar ligar quando ele der umas derrapadas no lado bonzinho dele porque as intenções não são ruins. E, cá entre nós, já faz um tempo que o Bob Odenkirk tá dando um show de interpretação em várias séries. Aqui ele entrega a grande obra dele.

Better Call Saul

O grande trunfo da produção é investir numa técnica que foi muito explorada em um filme de 1994 chamado “O Balconista“. Assim como no longa, a série não economiza em cenas longas ou em takes que demonstram a rotina da pessoa que está em cena. Você acaba sentindo-se ansioso, curioso e entendiado junto do personagem. A rotina de Jimmy como defensor público é amplamente explorada em uma cena cheia de takes que o mostra todos os dias fazendo a mesma coisa. O movimento repetitivo do ensaio, conhecer o cliente, pegar café, conversar com outro advogado, explorar o caso e afins faz você quase explodir e gritar “chega!”. É impressionante.

Dentro da história do protagonista, vamos conhecendo outras figuras e explorando um universo cheio de ambições onde a meta é sempre a mesma: dinheiro fácil. Em um mundo onde todo mundo se corrompe, onde se você recusar-se a fazer um serviço sujo logo alguém acha outra pessoa pra fazer, como sobreviver fazendo a coisa certa?

No decorrer da série vamos tendo a chance de “descascar” cada um dos personagens e conhecer todas as suas camadas. Estamos diante de uma série onde o que você vê de cara não vai durar pela série toda e o trabalho em mostrar a personalidade de todos por completo é fundamental.

bettercallsaul_2

Assim como em The Wire, que é outra série impagável, Better Call Saul anda na linha tênue entre o bem e o mal, tentando derrubar aquele conflito antigo que mostrava uma pessoa 1005 ruim contra uma pessoa 100% boa. Nela você vê o cara aparentemente mais inofensivo do mundo se comportando como um babaca e um bandido super perigoso que é super amável com a sua querida vovó. Não trata-se de uma guerra entre heróis e bandidos, mas sim de humanos e humanos. Ponto pra eles!

A fotografia da série é lindíssima! E a abertura é naquele estilo curtíssima, que não mostra o nome dos atores, apenas o nome da série e dos produtores com uma imagem de fundo que situa você sobre as coisas que vão acontecer naquele episódio específico. Destaque pra abertura do último episódio.

Chegamos na metade da primeira temporada sem nem perceber, os 5 primeiros episódios são simplesmente perfeitos! Do sexto episódio em diante a gente vai vendo uma leve queda de qualidade. Eu não via a hora do sexto episódio terminar, na boa! É claro que a gente tem que relembrar que a série terá uma segunda temporada e que temos uma chance de ver essas histórias sendo mais necessárias, mas ali na hora o dedinho de correr a série pra frente chega a coçar.

Mas vale lembrar que a primeira temporada é curtinha, dá pra ver em um ou dois dias tranquilamente e que não mata ninguém relevar as baixas da série diante de toda a ótima trama que ela oferece. É impossível a gente não se envolver profundamente com a história de Jimmy e acompanhar o “breaking bad” pessoal dele.

better-call-saul

Embora Breaking Bad seja muito mais bem avaliada, vale lembrar que a “química do mal” tem alguns elementos que não agradam a todo tipo de público. Better Call Saul é uma série bem mais leve e ainda tá indo pra segunda temporada, você vai levar bem menos tempo pra fazer uma maratona dela do que de Breaking Bad e às vezes uma pode abrir a sua portinha da curiosidade para a outra.

É bem complicado avaliar uma série que está em andamento, mas a primeira temporada de Better Call Saul merece uma nota 9.

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Todos nós sabemos que Breaking Bad foi um estouro do começo ao fim! A série foi um fenômeno de público e crítica e tem um dos finais mais aclamados de todos os tempos, o que é memorável depois de finais duvidosos como em Dexter, Revenge e Lost (só citando alguns).

Better Call Saul é um spin-off de Breaking Bad e uma ótima produção original da Netflix. A primeira coisa que eu quero levantar para quem ainda não viu a série é o fato de que você pode assistir a série tranquilamente ainda mesmo que você nunca tenha curtindo a premissa de Breaking Bad. São histórias totalmente distintas.

Jimmy, nosso protagonista queridão, é um advogado que tá tentando construir seu nome e uma base de clientes. Ele começa a série atuando como defensor público, algo que ele não aparenta gostar muito de fazer, exceto pelo desafio. Quando é “hora do show” a questão pra ele deixa de ser se ele está trabalhando pra um culpado ou um inocente, o que importa é levar o caso com a lábia bem peculiar que ele tem.

Ao contrário de séries como How to get away with murder, onde um advogado obcecado por vitórias geralmente é um indivíduo de índole duvidosa, Jimmy é um cara essencialmente bom, alguém que deu suas escorregadas no passado e que se transformou num sujeito bom que só quer fazer seu trabalho. Esse vira seu grande problema no mundo corporativo e competitivo da advocacia.

Better Call Saul

Logo de cara você já se enerva com um tal de Howard, um cara de um império de advogados que parece ter um prazer peculiar em deixar o Jimmy pra baixo e até meio humilhado. Howard e Jimmy possuem opiniões extremamente diversas sobre o futuro de um dos sócios da gigante HHM na empresa. A coisa piora quando Jimmy perde um cliente em potencial para a empresa, por ser um defensor público ele é visto pelo casal à procura de um advogado como “o cara que apenas defende culpados”.

Frustrado, ele tenta a todo custo recuperar o cliente de volta. A gente vai acompanhando seu desespero quando todo dia quando volta ao seu “escritório” ele acessa as mensagens da caixa postal e o número de pessoas que fizeram contato com ele é sempre o mesmo: zero! Na tentativa de mudar esse panorama a gente pode dizer, bem estilo Sessão da Tarde, que ele vai se meter em altas encrencas e aventuras!

Sem querer comparar criador e criatura, o spin-off de Breaking Bad constriu o que é, na minha opinião, um dos protagonistas mais carismáticos dos últimos tempos. Você vai engatar episódio atrás de episódio torcendo pelo autêntico cara do bem e nem ligar ligar quando ele der umas derrapadas no lado bonzinho dele porque as intenções não são ruins. E, cá entre nós, já faz um tempo que o Bob Odenkirk tá dando um show de interpretação em várias séries. Aqui ele entrega a grande obra dele.

Better Call Saul

O grande trunfo da produção é investir numa técnica que foi muito explorada em um filme de 1994 chamado “O Balconista“. Assim como no longa, a série não economiza em cenas longas ou em takes que demonstram a rotina da pessoa que está em cena. Você acaba sentindo-se ansioso, curioso e entendiado junto do personagem. A rotina de Jimmy como defensor público é amplamente explorada em uma cena cheia de takes que o mostra todos os dias fazendo a mesma coisa. O movimento repetitivo do ensaio, conhecer o cliente, pegar café, conversar com outro advogado, explorar o caso e afins faz você quase explodir e gritar “chega!”. É impressionante.

Dentro da história do protagonista, vamos conhecendo outras figuras e explorando um universo cheio de ambições onde a meta é sempre a mesma: dinheiro fácil. Em um mundo onde todo mundo se corrompe, onde se você recusar-se a fazer um serviço sujo logo alguém acha outra pessoa pra fazer, como sobreviver fazendo a coisa certa?

No decorrer da série vamos tendo a chance de “descascar” cada um dos personagens e conhecer todas as suas camadas. Estamos diante de uma série onde o que você vê de cara não vai durar pela série toda e o trabalho em mostrar a personalidade de todos por completo é fundamental.

bettercallsaul_2

Assim como em The Wire, que é outra série impagável, Better Call Saul anda na linha tênue entre o bem e o mal, tentando derrubar aquele conflito antigo que mostrava uma pessoa 1005 ruim contra uma pessoa 100% boa. Nela você vê o cara aparentemente mais inofensivo do mundo se comportando como um babaca e um bandido super perigoso que é super amável com a sua querida vovó. Não trata-se de uma guerra entre heróis e bandidos, mas sim de humanos e humanos. Ponto pra eles!

A fotografia da série é lindíssima! E a abertura é naquele estilo curtíssima, que não mostra o nome dos atores, apenas o nome da série e dos produtores com uma imagem de fundo que situa você sobre as coisas que vão acontecer naquele episódio específico. Destaque pra abertura do último episódio.

Chegamos na metade da primeira temporada sem nem perceber, os 5 primeiros episódios são simplesmente perfeitos! Do sexto episódio em diante a gente vai vendo uma leve queda de qualidade. Eu não via a hora do sexto episódio terminar, na boa! É claro que a gente tem que relembrar que a série terá uma segunda temporada e que temos uma chance de ver essas histórias sendo mais necessárias, mas ali na hora o dedinho de correr a série pra frente chega a coçar.

Mas vale lembrar que a primeira temporada é curtinha, dá pra ver em um ou dois dias tranquilamente e que não mata ninguém relevar as baixas da série diante de toda a ótima trama que ela oferece. É impossível a gente não se envolver profundamente com a história de Jimmy e acompanhar o “breaking bad” pessoal dele.

better-call-saul

Embora Breaking Bad seja muito mais bem avaliada, vale lembrar que a “química do mal” tem alguns elementos que não agradam a todo tipo de público. Better Call Saul é uma série bem mais leve e ainda tá indo pra segunda temporada, você vai levar bem menos tempo pra fazer uma maratona dela do que de Breaking Bad e às vezes uma pode abrir a sua portinha da curiosidade para a outra.

É bem complicado avaliar uma série que está em andamento, mas a primeira temporada de Better Call Saul merece uma nota 9.

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