quinta-feira, abril 18, 2024

Crítica | Big Time Adolescence: Conflito de gerações e maus exemplos em comédia deliciosa

Crescer dá trabalho. Boletos, compromissos, horários e responsabilidades. Ninguém muito preocupado em te defender, uma vez que você já está bem grandinho para isso. Está mesmo? Nessa longa jornada de ciclos de amadurecimento, encontrar o eixo de equilíbrio na vida adulta não é tão simples. Afinal, ser imaturo é tão mais fácil e bem menos descomplicado, o que faz desse hiato de irresponsabilidade um período mais que desejado, mas sim essencial e exaustivamente vivido por uns. Em Big Time Adolescence, o pupilo do programa de sketches Saturday Night Live, Pete Davidson, rouba a cena, como um moleque unapologetic que não tem pressa de crescer e está disposto a retardar o mesmo processo na vida dos que o cercam. Naturalmente inconveniente, ele é uma caricatura cômica de uma das fases mais difíceis de abrir mão.

Jason Orley é estreante. Sem um background de peso que também sirva como uma sombra de medo sobre seu talento, ele dirige e roteiriza a comédia dramática como alguém sem pressa e sem pressão. Trazendo sua narrativa, também pertencente à famosa Lista Negra de Hollywood – aquele mecanismo de busca em que são elencados os roteiros “mais curtidos” que ainda não foram produzidos – ele tira do papel uma ideia despretensiosa sobre o amadurecimento e nos entrega de presente um filme que dá para ser visto em loop. Realista e sem compromisso com lições morais, o longa relata o incomum relacionamento de um adolescente de 16 anos com um jovem de 23 anos, que reduz seus dias à uma vida desregrada em si mesmo. Pouco preocupado com seu emprego e sem visão de mundo, ele se torna a piada mais deliciosa de um curto filme, que poderia até durar mais, de tão bom que é.

Mo (Griffin Gluck) tem tudo para ter um bom futuro. Vindo de uma boa família de classe média alta, ele ainda possui uma certa ingenuidade contida. Mas ao se relacionar com Zeke (Davidson), ex-namorado de sua irmã, suas chances de brilhantismo descem pelo ralo. Transformando este trem desgovernado em sua referência de vida adulta, ele parece ter menos filtro avaliativo que o próprio amigo, seguindo as sugestões mais bizarras e assumindo os comportamentos mais conflituosos. Buscando sua própria identidade, como qualquer adolescente, ele perambula pela vida estudantil como um pária diante de seus pares. Longe dos garotos de sua faixa etária, ele desenvolve uma espécie de vida adulta, fazendo malabarismos entre o período escolar e um convívio tóxico com um rapaz que continua se comportando como uma criança de 12 anos.

E é justamente o contraste entre gerações que faz de Big Time Adolescence uma comédia tão prazerosa de assistir. Com um humor natural que reside, majoritariamente, no personagem de Pete Davidson, a produção trabalha com o drama sem muita responsabilidade e faz do gênero híbrido a ferramenta necessária para mesclar a narrativa com o hilário e o preocupante. Como um retrato real do que poderia muito bem ser o reflexo da vida de muitos jovens, a produção entende que, assim como tudo na vida é temperado de forma agridoce, nada mais justo que o cinema acompanhe esse sabor. Os risos e a dramaticidade se completam, com o aquele atingindo patamares escalonados, enquanto este assume o segundo plano, ganhando maior destaque no clímax da produção.

Bem dirigido e roteirizado com leveza, a produção é um deleite de puro entretenimento. Com um final simbólico, que ainda deixa no ar a sensação de uma lição não dita, Big Time Adolescence se fortalece nas atuações, ainda traz Jon Cryer para os nostálgicos mais inveterados e prepara uma rota promissora nos cinemas para o jovem Pete Davidson, que – sem perceber – pré-anuncia um vindouro fim da sua era SNL e início de uma carreira que, assim espero, seja de mais grandes cômicos sucessos.

 

 

 

 

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