domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Black Mirror 4×02 – Arkangel

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Mamãezinha Querida

Finalmente chegou! A quarta temporada de Black Mirror, a série de ficção científica mais cultuada da atualidade, está entre nós. Espécie de Além da Imaginação (1959-1964) moderno, Black Mirror teve um início conturbado, e foi cancelada depois da segunda temporada, ainda exibida por um canal de TV britânico. Como a esta altura já havia virado um programa cult, a Netflix entendeu seu potencial e a resgatou do limbo, entregando uma terceira temporada que contém alguns dos melhores episódios de toda a safra (San Junipero e Queda Livre, alguém?).

E foi justamente a terceira temporada, recheada de nomes conhecidos na frene das câmeras, que deu novo fôlego e trouxe mais interesse ao programa, fazendo o público inclusive redescobrir as duas primeiras temporadas, igualmente donas de grande excelência. E foi mais de um ano de espera para finalmente a quarta temporada aportar na plataforma – a terceira estreou com todos os seus seis episódios em 21 de outubro de 2016. Podemos afirmar também que este é o auge do hype da série, popularidade esta que atraiu cineastas renomados para o comando de seus médias (ou longas) metragens.



Aqui começaremos logo com o maior nome atrás das câmeras, o da atriz e diretora Jodie Foster, que comanda Arkangel, o primeiro  segundo episódio da nova temporada. E, infelizmente, preciso dizer que esta estreia de temporada ocorre com o pé esquerdo, resultando num episódio morno – e que esperamos ser o mais fraco do lote (enquanto escrevo esta análise conferi apenas os dois primeiros episódios).

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Arkangel não é um episódio ruim, apenas não inova em nada a mitologia de Black Mirror ou a faz avançar. Aqui recebemos uma ideia que parece reciclada, e melhor trabalhada em episódios de temporadas passadas. Ao contrário, digamos, de USS Callister, o segundo primeiro episódio – que irei falar em breve em outro texto.

Apesar da falta de frescor e criatividade, dá para perceber exatamente porque Jodie Foster se interessou em pegar este episódio para dirigir. O tema do relacionamento familiar problemático, em especial do amor materno quase sufocante, é uma ideia que sempre permeou os trabalhos da diretora Foster, vide Mentes que Brilham (1991), Feriados em Família (1995) e Um Novo Despertar (2011).

Na trama de Arkangel, após perder no parquinho brevemente sua pequena filha, uma mãe super protetora (Rosemarie Dewitt) resolve aderir a uma tecnologia experimental chamada Arkangel. O produto é uma espécie de super babá eletrônica, na qual através de um implante na cria, a mãe é capaz de ver pelo iPad tudo o que a criança vê, monitorando à distância seus passos com o uso de um GPS. Além disso, a tecnologia é capaz de até mesmo bloquear (assim como em Smart TVs) a violência exterior, linguagem imprópria e qualquer conteúdo “adulto” da vida da criança – como um parental control da vida real.

Bom, a partir daí, a menina cresce e fica cada vez mais estranha a situação, ao ponto da tecnologia atrapalhar mais do que ajudar. Assim, a mãe desiste de intervir e finalmente deixa a jovem caminhar com as próprias pernas. O mote de Black Mirror sempre foi “como a tecnologia desenvolvida para nos favorecer e estimular, interfere se tornando prejudicial à nossa rotina e vida”, e o interessante dos episódios é apresentar justamente isso. Aqui em Arkangel, no entanto, esta tal tecnologia não difere muito das apresentadas em Toda a Sua História (1×03) e Engenharia Reversa (3×05), por exemplo. Aqui, o tema é levemente modificado para se encaixar na relação mãe e filha, e assim temos a proposta da babá do futuro.

Outro fator sempre presente nos episódios de Black Mirror é a melancolia e o sabor agridoce, com alguns episódios inclusive beirando sentimentos devastadores – é o tão anunciado elemento “desgraçar nossa cabeça”. Tais fatores obviamente são trazidos não pela tecnologia e nossa relação com ela, mas sim pelas relações humanas, sempre problematizando o que os avanços tecnológicos se propõem a simplificar. E é neste quesito que se encontra o calcanhar de Aquiles de Arkangel, pois não sentimos muito a interferência desta tecnologia como pilar narrativo – essa história poderia ser contada sem o uso dela, é claro com algumas arestas aparadas para a adaptação – ao contrário da maioria dos episódios contidos na série, nos quais a ciência é o elemento chave.

Até mesmo a reviravolta de Arkangel soa forçada e mostra certa falta de ideia para a finalização do episódio – como se o roteiro não soubesse como terminar esta história. Afinal, os plot twists estarrecedores são também a marca registrada de Black Mirror. Seja como for, a estreia da quarta temporada é apenas correta, sem deixar sua pegada no cânone do programa e debutando timidamente.

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E foi justamente a terceira temporada, recheada de nomes conhecidos na frene das câmeras, que deu novo fôlego e trouxe mais interesse ao programa, fazendo o público inclusive redescobrir as duas primeiras temporadas, igualmente donas de grande excelência. E foi mais de um ano de espera para finalmente a quarta temporada aportar na plataforma – a terceira estreou com todos os seus seis episódios em 21 de outubro de 2016. Podemos afirmar também que este é o auge do hype da série, popularidade esta que atraiu cineastas renomados para o comando de seus médias (ou longas) metragens.

Aqui começaremos logo com o maior nome atrás das câmeras, o da atriz e diretora Jodie Foster, que comanda Arkangel, o primeiro  segundo episódio da nova temporada. E, infelizmente, preciso dizer que esta estreia de temporada ocorre com o pé esquerdo, resultando num episódio morno – e que esperamos ser o mais fraco do lote (enquanto escrevo esta análise conferi apenas os dois primeiros episódios).

Arkangel não é um episódio ruim, apenas não inova em nada a mitologia de Black Mirror ou a faz avançar. Aqui recebemos uma ideia que parece reciclada, e melhor trabalhada em episódios de temporadas passadas. Ao contrário, digamos, de USS Callister, o segundo primeiro episódio – que irei falar em breve em outro texto.

Apesar da falta de frescor e criatividade, dá para perceber exatamente porque Jodie Foster se interessou em pegar este episódio para dirigir. O tema do relacionamento familiar problemático, em especial do amor materno quase sufocante, é uma ideia que sempre permeou os trabalhos da diretora Foster, vide Mentes que Brilham (1991), Feriados em Família (1995) e Um Novo Despertar (2011).

Na trama de Arkangel, após perder no parquinho brevemente sua pequena filha, uma mãe super protetora (Rosemarie Dewitt) resolve aderir a uma tecnologia experimental chamada Arkangel. O produto é uma espécie de super babá eletrônica, na qual através de um implante na cria, a mãe é capaz de ver pelo iPad tudo o que a criança vê, monitorando à distância seus passos com o uso de um GPS. Além disso, a tecnologia é capaz de até mesmo bloquear (assim como em Smart TVs) a violência exterior, linguagem imprópria e qualquer conteúdo “adulto” da vida da criança – como um parental control da vida real.

Bom, a partir daí, a menina cresce e fica cada vez mais estranha a situação, ao ponto da tecnologia atrapalhar mais do que ajudar. Assim, a mãe desiste de intervir e finalmente deixa a jovem caminhar com as próprias pernas. O mote de Black Mirror sempre foi “como a tecnologia desenvolvida para nos favorecer e estimular, interfere se tornando prejudicial à nossa rotina e vida”, e o interessante dos episódios é apresentar justamente isso. Aqui em Arkangel, no entanto, esta tal tecnologia não difere muito das apresentadas em Toda a Sua História (1×03) e Engenharia Reversa (3×05), por exemplo. Aqui, o tema é levemente modificado para se encaixar na relação mãe e filha, e assim temos a proposta da babá do futuro.

Outro fator sempre presente nos episódios de Black Mirror é a melancolia e o sabor agridoce, com alguns episódios inclusive beirando sentimentos devastadores – é o tão anunciado elemento “desgraçar nossa cabeça”. Tais fatores obviamente são trazidos não pela tecnologia e nossa relação com ela, mas sim pelas relações humanas, sempre problematizando o que os avanços tecnológicos se propõem a simplificar. E é neste quesito que se encontra o calcanhar de Aquiles de Arkangel, pois não sentimos muito a interferência desta tecnologia como pilar narrativo – essa história poderia ser contada sem o uso dela, é claro com algumas arestas aparadas para a adaptação – ao contrário da maioria dos episódios contidos na série, nos quais a ciência é o elemento chave.

Até mesmo a reviravolta de Arkangel soa forçada e mostra certa falta de ideia para a finalização do episódio – como se o roteiro não soubesse como terminar esta história. Afinal, os plot twists estarrecedores são também a marca registrada de Black Mirror. Seja como for, a estreia da quarta temporada é apenas correta, sem deixar sua pegada no cânone do programa e debutando timidamente.

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