Que Vin Diesel consegue segurar uma franquia, não é segredo para ninguém. Mas será que o ator tem cacife para adaptar as histórias em quadrinhos da editora americana Valiant Comics para os cinemas pela primeira vez? A resposta é sim.
Bloodshot se sobressaí ao entregar mais do que ser uma história genérica sobre um soldado que recebe poderes especiais, como vimos já tantas vezes em filmes como Capitão América (2011) e Deadpool (2016). Porém, o roteiro de Bloodshot se diferencia por suas reviravoltas inteligentes e inovadoras, criando um filme de ação brutal e realmente intenso em sua proposta.
Foto: Sony Pictures
Diesel interpreta Ray Garrison, um soldado recentemente morto em combate e ressuscitado como o super-humano Bloodshot da empresa RST. Com um exército de nanotecnologia nas suas veias, Ray é uma força praticamente imortal – mais forte do que nunca e capaz de se curar instantaneamente. Mas, ao controlar o seu corpo, a empresa controla também a sua mente e as suas memórias. Agora, Ray não sabe o que é real e o que não é, mas está decidido a descobrir a verdade.
Lançado como uma tentativa de criar um universo cinematográfico da Valiant nos cinemas, Bloodshot pega carona nessa onda em que os filmes de herói precisam ser mais realistas e menos grandiosos em sua concepção, e é isso que temos aqui em alguns níveis. Trata-se uma aventura que se baseia nos instintos humanos e de sobrevivência, uma trama bastante pessoal, que brinca com as noções de realidade e percepção do espectador.
O filme entrega algumas boas passagens que são completamente retiradas dos quadrinhos, brincando com as nossas noções de privacidade através de uma história bastante real e verossímil, sem perder um lado moderno no melhor estilo Black Mirror.
O roteiro escrito pelas mãos de Eric Heisserer, dos filmes A Chegada (2016) e Bird Box (2018), e Jeff Wadlow, de Kick Ass 2, deixa o espectador curioso para saber o que irá acontecer com algumas reviravoltas e surpresas que a trama reserva para Ray Garrison (Diesel) e seus colegas de experimento.
Numa primeira olhada Bloodshot pode parecer um filme extremamente genérico, mas como uma história de origem consegue se destacar por conta de Diesel, e a dupla de coadjuvantes Eiza González e Sam Heughan. Seus personagens não deixam a peteca cair e entregam cenas de ação bem interessantes para se acompanhar em tela. Já o personagem interpretado por Guy Pearce acaba por cair no lugar comum de empresários/cientistas que querem desenvolver seus projetos à todo custo num mix de Lex Luthor-B com algum executivo da série de Tv Westworld.
Por conta o diretor Dave Wilson, ter vindo da área de cinematografia e efeitos visuais, o visual das cenas de Bloodshot são incrivelmente bem feitas e com um ótimo trabalho de escolha de cores. Em uma das cenas um dos personagens entra em uma sala com uma fumaça vermelha que é realmente um espectáculo visual que lembra um pouco o que foi feito em Aves de Rapina – Arlequina e sua Emancipação Fabulosa (2020) na cena da invasão na delegacia.
Outro destaque para Bloodshot fica com os efeitos especiais que ajudam a contar a história, em vez de apenas estarem lá para suprirem alguma deficiência de roteiro. Como vemos ao longo do filme Ray Garrison ganha a habilidade de se regenerar, como se fosse o Wolverine da franquia X-Men, em tempo real, e em uma das cenas vemos seu rosto ser atingido por uma bala e se reconstruir digitalmente, onde a vontade que temos é de ver pausadamente os efeitos especiais acontecerem em tela.
No final, Bloodshot é uma grata surpresa, um filme que poderia ser um completo desastre, mas que entrega uma interessante e frenética história, marcada por excelentes efeitos visuais. Em um mundo de grandes filmes e sequências multimilionárias, Bloodshot parece dar um tiro certeiro rumo ao começo de mais uma franquia que deve movimentar o mercado de Hollywood.
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