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Crítica | Bob Esponja: Em Busca da Calça Quadrada – Novo Filme da Franquia Começa Bem, mas Perde Fôlego


É quase inacreditável a frase que escreveremos a seguir, mas, Bob Esponja já existe no nosso mundo há vinte e cinco anos. Se fosse ser humano, ele já teria idade o suficiente para estar terminando a faculdade, iniciando a sério em um emprego, montando uma família. Mas a esponja amarela não é nada disso: há vinte e cinco anos ele entretém gerações (estamos na metade da terceira geração!) de crianças com seu bobeirol infantil, sua voz anasalada e sua inocência adorável. Enquanto o público cresceu, o personagem, por sua vez, não. Só que neste último filme há uma movimentação nesta direção – Bob Esponja quer crescer! – e é esse o principal mote de ‘Bob Esponja: Em Busca da Calça Quadrada’, lançamento nos cinemas para a garotada no dia de Natal.

Bob Esponja (Tom Kenny, dublado no Brasil por Wendel Bezerra) acordou hoje certo de que cresceu alguns centímetros. Com essa certeza em mente, acha-se corajoso o bastante para enfrentar novos desafios – como encarar uma montanha-russa – mas, ao ouvir a história do Sr. Sirigueijo (Clancy Brown), entende que tamanho e coragem não fazem de ninguém um “cara grande”; ao contrário, para ser um “cara grande” é preciso ganhar um certificado. Para isso, Bob Esponja resolve descer às profundezas do mar e enfrentar os maiores desafios junto com seu melhor amigo, Patrick (Bill Fagerbakke), numa jornada com o famoso Holandês Voador (na voz original de Mark Hamill), um pirata fantasma bem duas-caras…

Apesar do título, ‘Bob Esponja: Em Busca da Calça Quadrada’ (que também é assim no original) não tem nada a ver com a busca pela calça quadrada (nem mesmo metaforicamente), e sim com uma busca por coragem, pelo crescimento, que no original em inglês é tornar-se um “big guy” – termo utilizado a meninos jovens, que, se traduzíssemos seria algo como ser um “homenzinho”, mas aí poderíamos entrar num outro debate semântico. Fato é que se colocassem o Holandês Voador no título a aventura não só faria mais sentido, mas também poderia atrair mais público, uma vez que este personagem é bem conhecido por aqueles que curtem histórias de piratas.

Isto esclarecido, uma vez que o plot é apresentado e a aventura começa, parece que o filme anda em duas direções: uma mais dinâmica, com a dupla protagonista aprontando poucas e boas enquanto o Holandês Voador fica no limite de explodir; e uma outra, vivida por Sr. Sirigueijo, Lula Molusco e Gary, atrás dos amigos. É aí que reside o desequilíbrio do roteiro de Pam Brady, Matt Lieberman e Marc Ceccarelli: enquanto o núcleo do Bob Esponja é dinâmico, agitado, engraçado e atraente, o núcleo de Sirigueijo é linear, repetitivo e deixa uma sensação de que não vai para lugar algum, uma vez que nem o objetivo nem a resolução tem a ver com os personagens desse núcleo. Cabia ao diretor Derek Drymon ter entendido esse desequilíbrio e disposto menos tempo de tela nessa quebra de ritmo.

Se tivéssemos ficado apenas na aventura de Bob Esponja, o filme seria bem dinâmico, com cenas que lembram técnicas de videogames, luzes piscantes para todos os lados, piadinhas e piadolas para humores de todas as idades, com direito à retomada das raízes do programa – que é cantado por um pirata. A seu modo, também sinaliza certo amadurecimento (mesmo que não muito) do protagonista, afinal, tudo que ele quer é ser visto pelos outros agora como um “cara grande”.

Divertido a seu modo, ‘Bob Esponja: Em Busca da Calça Quadrada’ volta ao seu início e sinaliza para o futuro do programa com uma aventura mais crescidinha de um personagem tão famoso, o que comprova que Bob Esponja continua como um dos programas mais populares desse século.

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Janda Montenegro
Janda Montenegro é doutora-pesquisadora em Literatura Brasileira no Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRJ com ênfase nas literaturas preta e indígenas de autoria brasileira contemporâneas. De origem peruana amazônica, Janda é uma palavra em tupi que significa “voar”. Desde 2018 trabalha como crítica de cinema nos portais CinePOP e Cabine Secreta. É curadora, repórter cultural, assistente de direção e roteirista. Co-proprietária da produtora Cabine Secreta e autora dos romances Antes do 174 (2010), O Incrível Mundo do Senhor da Chuva (2011); Por enquanto, adeus (2013); A Love Tale (2014); Três Dias Para Sempre (2015); Um Coração para o Homem de Lata (2016); Aconteceu Naquele Natal (2018,). O Último Adeus (2023). Cinéfila desde pequena, escreve seus textos sem usar chat GPT e já entrevistou centenas de artistas, dentre os quais Xuxa, Viola Davis, Willem Dafoe, Luca Guadanigno e Dakota Johnson.
Janda Montenegrohttps://cinepop.com.br
Janda Montenegro é doutora-pesquisadora em Literatura Brasileira no Programa de Pós-Graduação em Letras da UFRJ com ênfase nas literaturas preta e indígenas de autoria brasileira contemporâneas. De origem peruana amazônica, Janda é uma palavra em tupi que significa “voar”. Desde 2018 trabalha como crítica de cinema nos portais CinePOP e Cabine Secreta. É curadora, repórter cultural, assistente de direção e roteirista. Co-proprietária da produtora Cabine Secreta e autora dos romances Antes do 174 (2010), O Incrível Mundo do Senhor da Chuva (2011); Por enquanto, adeus (2013); A Love Tale (2014); Três Dias Para Sempre (2015); Um Coração para o Homem de Lata (2016); Aconteceu Naquele Natal (2018,). O Último Adeus (2023). Cinéfila desde pequena, escreve seus textos sem usar chat GPT e já entrevistou centenas de artistas, dentre os quais Xuxa, Viola Davis, Willem Dafoe, Luca Guadanigno e Dakota Johnson.
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