quarta-feira, agosto 20, 2025
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    Crítica | Brandy Norwood estrela o esquecível e escatológico terror ‘The Front Room’

    Em ‘The Front Room’, terror psicológico que chegou ao Brasil através do Prime Video, Brandy Norwood interpreta Belinda, uma professora de antropologia que se vê frustrada no trabalho por não receber apoio do departamento a que pertence e que lida com uma casa às avessas ao lado do marido, Norman (Andrew Burnap), estando grávida e prestes a dar à luz. Lidando não apenas com suas responsabilidades, ela enfrenta o trauma da perda do primeiro filho, Wallace, e sofre de surtos de ansiedade que a fazem passar por sonambulismo – estando constantemente cansada.

    E isso não é tudo: após a morte do sogro, Belinda vai até o funeral com Norman e ambos são abordados pela estranha figura de Solange (Kathryn Hunter), madrasta de seu marido com quem ele não tem qualquer tipo de relação – escondendo segredos sobre a verdadeira natureza da idosa. Todavia, crente de que a interação seria breve, Solange faz uma proposta para o casal: em troca de acomodá-la em sua casa para que passe os últimos dias de vida em conforto, ela os colocará como únicos herdeiros de uma abastada fortuna (que pode ajudá-los após Belinda ficar desempregada e com um bebê a caminho). O que os dois não imaginavam é que a mera presença da viúva transformaria a vida do casal em um inferno em terra – os deixando à beira da insanidade.

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    É essa a premissa que rege o novo terror dos irmãos Max e Sam Eggers: através de pouco mais de noventa minutos, o longa-metragem é pautado em um escopo reduzido e bastante intimista, que nos coloca no centro de um suntuoso lar que parece nos enclausurar minuto a minuto em uma claustrofóbica atmosfera, narrando sobre a inevitabilidade da morte e a efemeridade da vida em si. Entretanto, por mais que a ideia seja sólida o bastante para se transformar em um projeto aprazível, o resultado é muito aquém do esperado e desperdiça o próprio potencial com escolhas estéticas discutíveis e um roteiro que, no final das contas, sai de lugar nenhum e chega a nenhum lugar.

    A estrutura do filme é livremente inspirada no conto homônimo assinado por Susan Hill, cujo compilado teve recepção significativa quando lançado em 2017. Porém, enquanto a história original pende para um terror religioso que explora a fé como motor para uma ambientação angustiante, o projeto dos irmãos Eggers se expande para outros temas, como maternidade, luto, etarismo, abuso psicológico e racismo – mas nenhuma dessas incursões é explorada da maneira que deveria, permanecendo em uma tristonha superficialidade subsequente a uma quantidade desnecessária de repetições. E, como se não bastasse, os realizadores demonstram uma estranha predileção por aspectos escatológicos, que, de alguma maneira bizarra demais para ser levada a sério, se personificam ao longo da trama.

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    Os diretores tentam se inspirar em alguns momentos, misturando a assertividade da simetria com os dissonantes acontecimentos que criam atrito entre Belinda e Solange – cuja inabalável fé a transforma em uma espécie de “arauto do caos”, utilizando a própria idade e a religião para diminuir as escolhas da protagonista e causar intrigas entre o casal (até mesmo na decisão do nome para a filha). Não é surpresa que Belinda comece a desconfiar das verdadeiras intenções e do real caráter de Solange – mas o preciosismo técnico de que os irmãos Eggers se valem não nos deixa apreciar por completo os pontuais ápices de originalidade e de inspiração que se estendem pelo projeto.

    De fato, são inúmeros os equívocos que se aglutinam no longa-metragem. Porém, é necessário falar do ótimo trabalho do elenco, que consegue singrar em meio a personagens de natureza controversa e dotados de uma profundidade quase inexistente. Norwood, que já tem um currículo considerável no cenário audiovisual, traz uma bem-vinda sutileza performática a Belinda, nos guiando pelo vórtice de loucura em que ela é arremessada; Burnap encarna Norman como um ponto de encontro entre a esposa e a madrasta, sendo influenciado por uma situação cabulosa da qual não sabe como escapar; e Hunter usurpa os holofotes com uma atuação fabulosa e propositalmente exagerada, cortesia de sua carreira teatral, ao interpretar a odiosa Solange em meio a tantos altos e baixos.

    ‘The Front Room’ tem uma ideia interessante que nunca se concretiza e que se deixa levar por escolhas duvidosas que mancham a completude de sua fraca estrutura. Apesar de atuações boas e convincentes, não há qualquer coisa nova para se ver aqui – seja na formulaica direção dos irmãos Eggers, seja em aspectos copiosamente excessivos que não fazem qualquer sentido dentro do que é proposto.

    Lembrando que o filme está disponível no Prime Video.

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