segunda-feira , 25 novembro , 2024

Crítica | Chacrinha: O Velho Guerreiro – Biografia do grande comunicador é divertida e polêmica

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Chacrinha continua balançando a Pança

“Eu vim para confundir, eu não vim para explicar”. Este é um dos inúmeros bordões proferidos ao longo das décadas por José Abelardo Barbosa de Medeiros, carinhosamente autoproclamado Chacrinha – conversa descontraída ou sem importância, desordem, confusão. De suma importância não apenas para o universo da comunicação (rádio e TV), mas para a história e cultura do país, Chacrinha ganha agora uma merecida homenagem na forma do longa Chacrinha: O Velho Guerreiro.

Dirigido por Andrucha Waddington, o filme é uma espécie de derivado simbiótico com o recente espetáculo musical sobre esta icônica personalidade brasileira. De fato, até mesmo o protagonista Stepan Nercessian é mantido para as telonas. Antes, um programa especial foi exibido na TV Globo – casa mais usual do Velho Guerreiro – e fala-se, inclusive, numa possível série (ou minissérie) após o lançamento do longa nos cinemas – algo muito costumeiro com as produções da Globo Filmes. O fato é, não se imagina outro que não Nercessian para encarnar o papel e nessa trajetória por tantas mídias, o ator está mais do que à vontade em sua performance, está assentado.



Superficial para alguns, Chacrinha: O Velho Guerreiro é uma boa biografia, perpassando ao longo da projeção de menos de duas horas os principais eventos em torno da mitologia da lendária figura. A obra não perde tempo e mal rolam os créditos iniciais, a marchinha cantarola “Abelardo Barbosa, está com tudo e não está prosa…”, letra esta muito reconhecível para as gerações mais antigas, digamos até a década de 1980, e quem sabe alguns dos mais novos também. Num piscar de olhos voltamos ao nostálgico Cassino do Chacrinha, programa de auditório eternizado pelo apresentador que revolucionou a forma de se fazer TV numa época em que tal tecnologia havia acabado de chegar em nosso país. Dentro e fora do Cassino nos deparamos com presenças como as de Elke Maravilha (Gianne Albertoni), Rita Cadillac (Karen Junqueira), Boni (Thelmo Fernandes), Clara Nunes (Laila Garin) e Flávio Cavalcanti (Marcelo Serrado). O elenco ainda conta com Eduardo Sterblitch na pele do jovem Abelardo Barbosa e Rodrigo Pandolfo, como o Jorge, um dos três filhos do protagonista.

Fosse só por razão única do saudosismo, Chacrinha: O Velho Guerreiro já funcionaria como prato cheio, levando por uma viagem no tempo e servido por uma direção de arte inspiradíssima que recria não apenas cenários, mas todos os mínimos detalhes de uma época, com direito a produtos antigos que são a nota de rodapé na composição cênica – mas que só de sabermos que se deram ao trabalho, ajuda em nosso conceito de empenho. Mesmo que possa ser considerado dono de uma narrativa episódica, o filme acerta em sua montagem, fragmentando fatos fora de sua ordem cronológica, dando mais sabor à narrativa.

Ao mesmo tempo em que enfatiza seu teor de homenagem a uma figura que merece todas e mais algumas, o filme de Waddington não foge das polêmicas. Pelo contrário, as recebe de braços abertos, olhando-as de frente. Está tudo lá, a malandragem, a personalidade truculenta, os embates com figuras clássicas da TV brasileira, passando por tragédias pessoais e até mesmo o caso extraconjugal com a cantora Clara Nunes. Em todos estes trechos o equilíbrio é sadio e funcional entre drama e comédia – rico em boas atuações e diálogos.

Chacrinha: O Velho Guerreiro, o filme, assim como o próprio, é uma festa incessante. Alegre, engraçada, interessante, atraente e dona de muita qualidade de entretenimento. Um fiel retrato de um ícone. O cinema nacional está de parabéns ao entregar obras respeitosas e que, mesmo de forma bem resumida, nos dão um panorama do que foi nosso primeiro contato com esta mídia tão poderosa. De fato, Chacrinha faz um bom dueto com Bingo – O Rei das Manhãs, e não pense você que o Velho Guerreiro perde quando o quesito é subversão. Um intensivo sobre a história da TV, indispensável para os aficionados pelo tema. Como diria o eterno Abelardo Barbosa: “Na TV, nada se cria, tudo se copia”. No cinema, na maioria das vezes ocorre o mesmo. Porém, quando o assunto retratado exala frescor, irreverência e originalidade não existe embalagem que tire o tema de sua magnitude.

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“Eu vim para confundir, eu não vim para explicar”. Este é um dos inúmeros bordões proferidos ao longo das décadas por José Abelardo Barbosa de Medeiros, carinhosamente autoproclamado Chacrinha – conversa descontraída ou sem importância, desordem, confusão. De suma importância não apenas para o universo da comunicação (rádio e TV), mas para a história e cultura do país, Chacrinha ganha agora uma merecida homenagem na forma do longa Chacrinha: O Velho Guerreiro.

Dirigido por Andrucha Waddington, o filme é uma espécie de derivado simbiótico com o recente espetáculo musical sobre esta icônica personalidade brasileira. De fato, até mesmo o protagonista Stepan Nercessian é mantido para as telonas. Antes, um programa especial foi exibido na TV Globo – casa mais usual do Velho Guerreiro – e fala-se, inclusive, numa possível série (ou minissérie) após o lançamento do longa nos cinemas – algo muito costumeiro com as produções da Globo Filmes. O fato é, não se imagina outro que não Nercessian para encarnar o papel e nessa trajetória por tantas mídias, o ator está mais do que à vontade em sua performance, está assentado.

Superficial para alguns, Chacrinha: O Velho Guerreiro é uma boa biografia, perpassando ao longo da projeção de menos de duas horas os principais eventos em torno da mitologia da lendária figura. A obra não perde tempo e mal rolam os créditos iniciais, a marchinha cantarola “Abelardo Barbosa, está com tudo e não está prosa…”, letra esta muito reconhecível para as gerações mais antigas, digamos até a década de 1980, e quem sabe alguns dos mais novos também. Num piscar de olhos voltamos ao nostálgico Cassino do Chacrinha, programa de auditório eternizado pelo apresentador que revolucionou a forma de se fazer TV numa época em que tal tecnologia havia acabado de chegar em nosso país. Dentro e fora do Cassino nos deparamos com presenças como as de Elke Maravilha (Gianne Albertoni), Rita Cadillac (Karen Junqueira), Boni (Thelmo Fernandes), Clara Nunes (Laila Garin) e Flávio Cavalcanti (Marcelo Serrado). O elenco ainda conta com Eduardo Sterblitch na pele do jovem Abelardo Barbosa e Rodrigo Pandolfo, como o Jorge, um dos três filhos do protagonista.

Fosse só por razão única do saudosismo, Chacrinha: O Velho Guerreiro já funcionaria como prato cheio, levando por uma viagem no tempo e servido por uma direção de arte inspiradíssima que recria não apenas cenários, mas todos os mínimos detalhes de uma época, com direito a produtos antigos que são a nota de rodapé na composição cênica – mas que só de sabermos que se deram ao trabalho, ajuda em nosso conceito de empenho. Mesmo que possa ser considerado dono de uma narrativa episódica, o filme acerta em sua montagem, fragmentando fatos fora de sua ordem cronológica, dando mais sabor à narrativa.

Ao mesmo tempo em que enfatiza seu teor de homenagem a uma figura que merece todas e mais algumas, o filme de Waddington não foge das polêmicas. Pelo contrário, as recebe de braços abertos, olhando-as de frente. Está tudo lá, a malandragem, a personalidade truculenta, os embates com figuras clássicas da TV brasileira, passando por tragédias pessoais e até mesmo o caso extraconjugal com a cantora Clara Nunes. Em todos estes trechos o equilíbrio é sadio e funcional entre drama e comédia – rico em boas atuações e diálogos.

Chacrinha: O Velho Guerreiro, o filme, assim como o próprio, é uma festa incessante. Alegre, engraçada, interessante, atraente e dona de muita qualidade de entretenimento. Um fiel retrato de um ícone. O cinema nacional está de parabéns ao entregar obras respeitosas e que, mesmo de forma bem resumida, nos dão um panorama do que foi nosso primeiro contato com esta mídia tão poderosa. De fato, Chacrinha faz um bom dueto com Bingo – O Rei das Manhãs, e não pense você que o Velho Guerreiro perde quando o quesito é subversão. Um intensivo sobre a história da TV, indispensável para os aficionados pelo tema. Como diria o eterno Abelardo Barbosa: “Na TV, nada se cria, tudo se copia”. No cinema, na maioria das vezes ocorre o mesmo. Porém, quando o assunto retratado exala frescor, irreverência e originalidade não existe embalagem que tire o tema de sua magnitude.

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