domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Chorar de Rir – O Primeiro Filme Cult de Leandro Hassum

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Parece até pegadinha, mas é verdade: o Leandro Hassum está lançando seu primeiro filme alternativo nos cinemas.

Chorar de Rir’, apesar do título, NÃO É um filme de comédia. O longa é, na verdade, um drama cômico (ou uma dramédia). Pode não parecer que isso faça alguma diferença, mas faz. Por exemplo, se você curte o tipo de comédia arrasta-quarteirão de fim de ano, que faz meeesmo chorar de rir e deixa a alma mais leve por conta do entretenimento, sinto lhes informar, mas este não é esse tipo de filme, apesar do elenco.



Leandro Hassum é Nilo Perequê, o maior comediante do país. Após ganhar o maior prêmio por isso – e ser desprezado pelo seu antigo amor de infância por ser “apenas” um ator de comédia –, Nilo decide abandonar tudo e investir numa nova vertente, aquilo que realmente sempre quis fazer como ator: o drama. Mais especificamente, ‘Hamlet’, de William Shakespeare. É claro que ele ouve muitas críticas de seu empresário (Otávio Müller), de sua irmã (Natália Lage) e de sua família, porém, ainda assim Nilo persiste na sua decisão – até fracassar. A partir daí começa sua jornada para ser levado a sério pelo público e pelos seus entes queridos.

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Enquanto comédia, o longa se resume a piadas caricatas, conduzidas inteiramente pelo seu protagonista. Quando as piadas surgem, de fato o público ri, porém, elas não chegam a trinta por cento do filme. Em determinado momento, Nilo Perequê diz algo como “eu vou fazer drama e vou fazer teatro; vou interpretar Shakespeare, e se ninguém quiser produzir, dirigir ou empresariar minha peça, eu mesmo a financio, porque é pra isso que eu fiz dinheiro.” Nesta fala está contido não só o recado de Hassum ao grande público, mas também o esqueleto do filme em si: com uma ficha técnica sem nenhum profissional de renome, podemos entender que o longa foi de fato um projeto pessoal de Hassum que ele finalmente tirou da gaveta para colocar um ponto final na sua carreira de comediante. Será?

Com um olhar mais detalhado, vemos que o filme presta uma bela e profunda homenagem à comédia. A reverência está na inserção dos grandes elementos do gênero, como a cena em que Hassum aparece vestido como um dos Blues Brothers; na que dança ‘Singin’ in the Rain’; no personagem que joga torta na cara do outro; nos stand up comedies; nos chutes no traseiro tal como faziam os Trapalhões, etc. Sem falar, claro, nas participações especiais de Rafael Portugal, Ingrid Guimarães, Fábio Porchat, Magal, Caito Mainer, etc, juntando muitas gerações de comediantes que tanto trazem alegria ao público brasileiro. É bonito vê-los todos reunidos assim, em um mesmo projeto.

Numa segunda camada, ‘Chorar de Rir’ é uma ode à profissão do ator. Durante a jornada de Nilo Perequê, o público acompanha todos os percursos que um estudante de teatro faz para correr atrás de seus sonhos, desde interpretar um arbusto a até mesmo contar com a ajudinha de um guru mágico que dá aquela alavancada básica na carreira.

No final, fica um gosto de despedida na boca. Estaria Hassum dizendo adeus às comédias para se dedicar com mais afinco aos filmes dramáticos, como tantos outros grandes atores da comédia fizeram no passado? Isso será cenas dos próximos capítulos. Até lá, ‘Chorar de Rir’ presta uma bela homenagem à profissão de ator e ao gênero da comédia, e entrega um Leandro Hassum maduro, consciente de sua própria carreira e atuando de uma forma nunca vista antes.

 

Nota: 7

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Chorar de Rir’, apesar do título, NÃO É um filme de comédia. O longa é, na verdade, um drama cômico (ou uma dramédia). Pode não parecer que isso faça alguma diferença, mas faz. Por exemplo, se você curte o tipo de comédia arrasta-quarteirão de fim de ano, que faz meeesmo chorar de rir e deixa a alma mais leve por conta do entretenimento, sinto lhes informar, mas este não é esse tipo de filme, apesar do elenco.

Leandro Hassum é Nilo Perequê, o maior comediante do país. Após ganhar o maior prêmio por isso – e ser desprezado pelo seu antigo amor de infância por ser “apenas” um ator de comédia –, Nilo decide abandonar tudo e investir numa nova vertente, aquilo que realmente sempre quis fazer como ator: o drama. Mais especificamente, ‘Hamlet’, de William Shakespeare. É claro que ele ouve muitas críticas de seu empresário (Otávio Müller), de sua irmã (Natália Lage) e de sua família, porém, ainda assim Nilo persiste na sua decisão – até fracassar. A partir daí começa sua jornada para ser levado a sério pelo público e pelos seus entes queridos.

Enquanto comédia, o longa se resume a piadas caricatas, conduzidas inteiramente pelo seu protagonista. Quando as piadas surgem, de fato o público ri, porém, elas não chegam a trinta por cento do filme. Em determinado momento, Nilo Perequê diz algo como “eu vou fazer drama e vou fazer teatro; vou interpretar Shakespeare, e se ninguém quiser produzir, dirigir ou empresariar minha peça, eu mesmo a financio, porque é pra isso que eu fiz dinheiro.” Nesta fala está contido não só o recado de Hassum ao grande público, mas também o esqueleto do filme em si: com uma ficha técnica sem nenhum profissional de renome, podemos entender que o longa foi de fato um projeto pessoal de Hassum que ele finalmente tirou da gaveta para colocar um ponto final na sua carreira de comediante. Será?

Com um olhar mais detalhado, vemos que o filme presta uma bela e profunda homenagem à comédia. A reverência está na inserção dos grandes elementos do gênero, como a cena em que Hassum aparece vestido como um dos Blues Brothers; na que dança ‘Singin’ in the Rain’; no personagem que joga torta na cara do outro; nos stand up comedies; nos chutes no traseiro tal como faziam os Trapalhões, etc. Sem falar, claro, nas participações especiais de Rafael Portugal, Ingrid Guimarães, Fábio Porchat, Magal, Caito Mainer, etc, juntando muitas gerações de comediantes que tanto trazem alegria ao público brasileiro. É bonito vê-los todos reunidos assim, em um mesmo projeto.

Numa segunda camada, ‘Chorar de Rir’ é uma ode à profissão do ator. Durante a jornada de Nilo Perequê, o público acompanha todos os percursos que um estudante de teatro faz para correr atrás de seus sonhos, desde interpretar um arbusto a até mesmo contar com a ajudinha de um guru mágico que dá aquela alavancada básica na carreira.

No final, fica um gosto de despedida na boca. Estaria Hassum dizendo adeus às comédias para se dedicar com mais afinco aos filmes dramáticos, como tantos outros grandes atores da comédia fizeram no passado? Isso será cenas dos próximos capítulos. Até lá, ‘Chorar de Rir’ presta uma bela homenagem à profissão de ator e ao gênero da comédia, e entrega um Leandro Hassum maduro, consciente de sua própria carreira e atuando de uma forma nunca vista antes.

 

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