quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Cidades de Papel

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Nostalgia Pura

Cidades de Papel é o novo filme baseado num livro do autor John Green, mais conhecido pelo sucesso do ano passado A Culpa é das Estrelas. Começo dizendo que não assisti a obra citada, por mais que tenha ouvido apenas elogios sobre ela. Então, por mais que a maioria dos textos sobre Cidades de Papel façam as óbvias comparações, este é um aspecto do qual não poderei adereçar. Seja como for, posso afirmar também que a nova obra me fez sentir algo bom, que gosto de sentir, e que poucos filmes nos proporcionam atualmente: a sensação de ser conquistado, convencido.

A sensação a qual me refiro é quando um filme desarma nossas defesas. Quando mesmo a contragosto nos cativa. Quando você adentra a exibição com uma atitude negativa em relação a um filme (coisa injusta e que não deve ser feita, mas que muitas vezes possui razão de ser) e sofre uma grande reviravolta de pensamentos. Essa é uma das sensações mais gostosas para quem ama cinema e precisa assistir a muitos filmes de forma diária.



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Para que gostemos ou aprovemos um filme, diversos elementos precisam estar alinhados, funcionando de maneira cronometrada. E aqui, ocorre justamente isso. Cidades de Papel começa como um filme de romance, especialidade do autor. Mas já de cara é um romance incomum, de certa forma. O típico jovem nerd e retraído Quentin possui uma grande paixão platônica por Margo, a menina mais descolada do colégio.

Neste momento, dois elementos precisariam funcionar bem para que a história fosse crível, e eles dão certo. O primeiro é a sinceridade com que o protagonista é criado. E o segundo é: até que ponto a excentricidade de seu objeto de afeto não será visto como “coisas criadas para um filme”. Ela entra pela janela de seu quarto em determinada noite, por exemplo, e o arranca da apatia e dormência diária, para um dos momentos de maior adrenalina em sua vida nos últimos anos. Coisa que dura apenas algumas horas, no decorrer de uma noite. E quem não gosta de se sentir vivo assim. É instintivo e primordial.

paper-towns-cara-delevinge

Essa primeira parte, da conexão entre os dois, funciona bem. A inocência das “missões” nos cativa, e por mais que o mais cínico ligue a incredulidade no máximo, as ações da dupla podem ser substituídas por qualquer atividade que faça o sangue correr e o coração bater mais forte. Esse é o propósito da sequência. Grande parte do mérito precisa ir para a dupla Michael H. Weber e Scott Neustader, os roteiristas que se especializaram em adaptar os contos de Green para o cinema. E por enquanto, com o placar de 2X0, fazem um ótimo trabalho.

Na manhã seguinte, da que com certeza foi a melhor noite de sua vida, sua amada Margo simplesmente some. No entanto, aparentemente deixando pistas de seu paradeiro. Daí em diante, Cidades de Papel se desenvolve para se tornar o que verdadeiramente é, um filme jovem (mas não infantil) sobre amizade, estruturado na forma de um road movie. Radar (Justice Smith) e Ben (Austin Abrams) são os melhores amigos de Quentin (Nat Wolff) e prontamente topam a viagem para encontrar Margo, que servirá muito mais para fortalecer seus laços e como transição rumo ao amadurecimento.

paper-towns-trailer

Mais uma vez, é incrível como Cidades de Papel funciona, e em variados níveis. É uma mistura de Os Goonies (1985), A Lenda de Billie Jean (1985) – no sentido da idealização da jovem mulher forte e decidida, e Superbad: É Hoje (2007) – na forma em que retrata com total autoridade e realismo as mínimas situações vivenciadas por qualquer adolescente, de forma mais sutil e doce, e menos vulgar. Nat Wolff se mostra um bom protagonista, o rapaz comum e de fácil identificação. Ao lado do trio, outras duas boas descobertas. Jaz Sinclair vive Angela, a namorada de Radar, e Halston Sage é Lacey, a melhor amiga de Margo.

E a pergunta que todos querem saber é, como se saiu a modelo número 1 da atualidade, Cara Delevingne, em seu primeiro papel de destaque no cinema. Bem, embora não seja tão fotogênica sem a produção a qual está acostumada nas passarelas e em comerciais, a menina britânica, de 22 anos, se sai extremamente bem em sua construção de Margo – inclusive realizando um digno trabalho de postura e voz para a complexa personagem, sinal de uma atriz empenhada. Cidades de Papel é nostálgico, melancólico e recheado de bons sentimentos, coisa em falta nos tempos mecânicos de CGI e telas verdes. Esqueça Vingadores, Jurassic World e Exterminador do Futuro, Cidades de Papel é o filme mais humano desta temporada.

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A sensação a qual me refiro é quando um filme desarma nossas defesas. Quando mesmo a contragosto nos cativa. Quando você adentra a exibição com uma atitude negativa em relação a um filme (coisa injusta e que não deve ser feita, mas que muitas vezes possui razão de ser) e sofre uma grande reviravolta de pensamentos. Essa é uma das sensações mais gostosas para quem ama cinema e precisa assistir a muitos filmes de forma diária.

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Para que gostemos ou aprovemos um filme, diversos elementos precisam estar alinhados, funcionando de maneira cronometrada. E aqui, ocorre justamente isso. Cidades de Papel começa como um filme de romance, especialidade do autor. Mas já de cara é um romance incomum, de certa forma. O típico jovem nerd e retraído Quentin possui uma grande paixão platônica por Margo, a menina mais descolada do colégio.

Neste momento, dois elementos precisariam funcionar bem para que a história fosse crível, e eles dão certo. O primeiro é a sinceridade com que o protagonista é criado. E o segundo é: até que ponto a excentricidade de seu objeto de afeto não será visto como “coisas criadas para um filme”. Ela entra pela janela de seu quarto em determinada noite, por exemplo, e o arranca da apatia e dormência diária, para um dos momentos de maior adrenalina em sua vida nos últimos anos. Coisa que dura apenas algumas horas, no decorrer de uma noite. E quem não gosta de se sentir vivo assim. É instintivo e primordial.

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Essa primeira parte, da conexão entre os dois, funciona bem. A inocência das “missões” nos cativa, e por mais que o mais cínico ligue a incredulidade no máximo, as ações da dupla podem ser substituídas por qualquer atividade que faça o sangue correr e o coração bater mais forte. Esse é o propósito da sequência. Grande parte do mérito precisa ir para a dupla Michael H. Weber e Scott Neustader, os roteiristas que se especializaram em adaptar os contos de Green para o cinema. E por enquanto, com o placar de 2X0, fazem um ótimo trabalho.

Na manhã seguinte, da que com certeza foi a melhor noite de sua vida, sua amada Margo simplesmente some. No entanto, aparentemente deixando pistas de seu paradeiro. Daí em diante, Cidades de Papel se desenvolve para se tornar o que verdadeiramente é, um filme jovem (mas não infantil) sobre amizade, estruturado na forma de um road movie. Radar (Justice Smith) e Ben (Austin Abrams) são os melhores amigos de Quentin (Nat Wolff) e prontamente topam a viagem para encontrar Margo, que servirá muito mais para fortalecer seus laços e como transição rumo ao amadurecimento.

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Mais uma vez, é incrível como Cidades de Papel funciona, e em variados níveis. É uma mistura de Os Goonies (1985), A Lenda de Billie Jean (1985) – no sentido da idealização da jovem mulher forte e decidida, e Superbad: É Hoje (2007) – na forma em que retrata com total autoridade e realismo as mínimas situações vivenciadas por qualquer adolescente, de forma mais sutil e doce, e menos vulgar. Nat Wolff se mostra um bom protagonista, o rapaz comum e de fácil identificação. Ao lado do trio, outras duas boas descobertas. Jaz Sinclair vive Angela, a namorada de Radar, e Halston Sage é Lacey, a melhor amiga de Margo.

E a pergunta que todos querem saber é, como se saiu a modelo número 1 da atualidade, Cara Delevingne, em seu primeiro papel de destaque no cinema. Bem, embora não seja tão fotogênica sem a produção a qual está acostumada nas passarelas e em comerciais, a menina britânica, de 22 anos, se sai extremamente bem em sua construção de Margo – inclusive realizando um digno trabalho de postura e voz para a complexa personagem, sinal de uma atriz empenhada. Cidades de Papel é nostálgico, melancólico e recheado de bons sentimentos, coisa em falta nos tempos mecânicos de CGI e telas verdes. Esqueça Vingadores, Jurassic World e Exterminador do Futuro, Cidades de Papel é o filme mais humano desta temporada.

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