terça-feira, março 19, 2024

Crítica | Cinderela POP – Maisa Silva estrela agradável releitura do clássico da Disney

Um tênis all star no lugar do sapatinho de cristal; uma DJ que não acredita no amor em vez da princesa; e um cantor de baladas românticas ocupando o espaço que seria do príncipe encantado: sim, estamos falando de uma versão moderna de um dos contos de fadas que mais arrebatam crianças e adultos há tanto tempo! Cinderela Pop, adaptação do livro homônimo da escritora Paula Pimenta, faz uma releitura para lá de atual da história da gata borralheira que perde seu encanto à meia noite, acertando em cheio ao trazer a carismática Maisa Silva no papel da protagonista e em falar de paixões adolescentes sem descartar temas como o amor próprio e independência das garotas.

Na história, a estrela dá vida à Cintia – uma adolescente que se fecha para assuntos do coração após presenciar a traição do pai (Marcelo Valle) em plena festa de aniversário de casamento com sua mãe (Miriam Freeland). No entanto, dois anos depois do ocorrido – já morando com a tia (Elisa Pinheiro) enquanto a mãe viajava pelo Japão para voltar a focar no seu sonho de trabalhar com Arqueologia -, ela acaba se apaixonando pelo cantor Fredy Prince (Filipe Bragança) na noite em que, disfarçada com uma máscara, trabalha como DJ na festa de 15 anos das duas enteadas do pai. Diferentemente de todas as garotas do evento, Cintia não dava a mínima para o galã e ainda considerava suas músicas cafonas – a ponto de mudar totalmente o arranjo de uma das canções para, segundo ela, “tentar melhorar aquela breguice”. Porém, quando os dois se aproximam no palco (com Fredy, a princípio, também usando máscara para não causar alarido nas fãs), acontece uma forte conexão e a jovem passa a perceber que não está tão blindada para o amor como pensava.

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Casal formado, certo? Ainda não. Como estamos falando de Cinderela, Cintia precisa sair correndo do palco à meia noite sem ter tempo de revelar sua verdadeira identidade – já que seu pai não poderia, nem em sonhos, descobrir que ela trabalhava como DJ. E para piorar, sua madrasta Patricia (Fernanda Paes Leme) complica ainda mais a história por ter reconhecido a enteada mesmo com a máscara e por querer fazer de tudo para que sua filha favorita (Graziele, vivida por Leticia Pedro) fique com o garoto dos seus sonhos – que, como manda a cartilha do conto de fadas, é o mesmo da protagonista. A partir daí, começam uma série de chantagens e planos da megera para que Cintia não revele sua verdadeira identidade para Fredy Prince e para que o rapaz acredite que a dona do all star perdido – que o encantou por ser cheia de atitude e não só mais uma fã babando por ele – é mesmo Graziele.

Assim, apesar de contar com uma boa dose de clichês e muitas conveniências de roteiro, Cinderela Pop vai criando uma trama que prende e conquista com seus personagens carismáticos e, principalmente, com a temática da busca pelo amor perfeito. Com Ana, a mãe de Cintia, a história indica que olhar para frente e se reinventar pode ser a melhor solução para se encontrar após um casamento que não deu certo, enquanto a tia da jovem – responsável pelos principais momentos cômicos do longa – ilustra o fato de que se apegar a traumas de relacionamentos passados só vai servir para estragar uma nova paixão que tem tudo para vingar. Lara (Bárbara Maia), por sua vez, a melhor amiga da protagonista, tem um arco que mostra como a falta de amor próprio pode ser nociva e nos impedir de ver o que está na nossa frente – muitas vezes, até literalmente, como acontece em um dos melhores momentos do longa, em que o assunto é debatido com a personagem de Giovanna Grigio (a Youtuber Belinha, que também é a melhor amiga de infância de Fredy Prince). Considerando que o feminismo é cada vez mais debatido entre meninas de todas as idades, o filme ganha muitos pontos pelo compromisso em passar esta mensagem de valorização para o seu público teen e por tentar mostrar que o amor pode, sim, ter muitos lados negativos – mas que, no fim das contas, desistir de vez dele pode não ser a melhor solução.

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Maisa Silva, que vive sua primeira protagonista oficial nos cinemas, merece elogios pelo modo como conduz a personagem. Por mais que falte um pouco de naturalidade durante um diálogo ou outro, a jovem tem talento e carisma suficientes para conduzir a história e fazer o público se importar com sua versão moderninha e nada romântica da Cinderela. Filipe Bragança, seu par na trama, já não consegue mostrar todo o carisma necessário para viver um galã pop como Fredy Prince, mas nada que comprometa a torcida pelo casal principal ou torne as cenas dos dois menos encantadoras durante o longa (levando sempre em conta que se trata de um romance teen sem grandes pretensões, é claro). No mais, tirando o elenco de veteranos – propositalmente caricato em vários momentos; principalmente a vilã de Fernanda Paes Leme e a tia engraçada vivida por Elisa Pinheiro -, uma boa surpresa é Giovanna Grigio. Embora sua personagem não tenha tanto destaque assim, a atriz que estourou entre o público infanto-juvenil após dar vida à Mili na versão mais recente de Chiquititas já revela talento e maturidade para trabalhos mais sérios posteriormente. Vale ficar de olho.

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Já voltando ao roteiro/direção, outro ponto positivo do longa é o modo como ele consegue manter um agradável clima de humor durante todo o tempo. Por mais que algumas piadas soem um pouco forçadas demais, até mesmo os mais exigentes podem se pegar rindo com uma trapalhada da tia de Cintia ou com uma boa sacada do diretor Bruno Garotti – como no momento em que um quadro com uma pintura antiga da família da protagonista faz referência aos tempos em que Maisa começou na televisão, ainda muito pequena. Além disso, conhecendo bem o público a que se destina, o filme também consegue criar cenas envolventes com sua trilha sonora que transita entre o pop romântico e o eletrônico que faz sucesso nas baladas.

Não deixe de assistir:

Com tudo isso, no fim, seguindo o clássico encerramento em um baile de formatura do colégio, Cinderela Pop aparece como uma boa opção nacional para os adolescentes apaixonados por sucessos como A Barraca do Beijo e Para Todos os Garotos Que Já Amei, por exemplo. Também funciona – por que não? – como uma agradável distração para adultos que já passaram dessa fase, mas que se permitem envolver por uma história doce em que o amor – próprio e pelo outro – ainda convence como protagonista. Boa surpresa!

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