domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Círculo de Fogo: A Revolta – Mais robôs, menos monstros e emoção

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Corporações são os verdadeiros Monstros

Vamos direto ao ponto. O primeiro Círculo de Fogo (2013), dirigido por Guillermo del Toro (sim, o mesmo que venceu o Oscar este ano pelo filme com a outra criatura), é apenas recomendado para aqueles que apreciam o subgênero de monstros gigantes e robôs dentro da ficção científica. É um filme B de centenas de milhões de dólares, que não guarda muita substância ou reflexão, ao mesmo tempo não se envergonhando nem um pouco em ser uma eficiente obra de gênero. As atuações são convincentes o suficiente, os efeitos são do mais alto nível e o roteiro, embora simples, muito bem trabalhado.

Círculo de Fogo não é, por exemplo, como os filmes da Disney/Pixar, recomendados para todos os gostos, com a promessa de que mesmo os que não são especialmente fãs de determinado gênero sairão satisfeitos após a sessão. Ou quem sabe como Corra!, sensação do ano passado, que com seu subtexto mais que relevante e forte crítica social termina saboroso mesmo para aqueles que morrem de medo ou desprezam filmes de terror. NÃO. Círculo de Fogo é sobre monstros gigantes invadindo e destruindo nosso planeta e a retribuição humana na forma de robôs colossais para combatê-los. E é isso. Não curtiu a premissa? A porta da rua é serventia da casa.



Agora, vamos lá. Mesmo para quem é um aficionado e amou loucamente o filme original – nerds de plantão o elegeram como o melhor filme de seu respectivo ano – existe grande chance de sair desapontado do novo Círculo de Fogo – A Revolta, inferior em muitos quesitos em relação ao original.

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Na trama, dez anos depois que os humanos venceram a guerra contra os kaiju (palavra japonesa para fera estranha), e selaram a fenda interdimensional de onde as bestas adentravam nosso mundo, é quando se centra o novo filme. O personagem de Idris Elba no primeiro se sacrifica para tal, e agora temos o seu filho como protagonista, vivido por John Boyega (o Finn dos novos Star Wars) – também o produtor do longa. A todo momento Jake (seu personagem) afirma que não é heroico como o pai, não gosta de discursos motivacionais, abandonou a carreira militar no comando dos grandes enlatados e prefere passar a vida em festas e no lado errado da lei. É claro também que tudo não passa de foreshadowing, o termo usado para o prenúncio, das pistas deixadas para o arco do herói. Obviamente ele irá se redimir, mostrar seu valor e fazer orgulhosa a memória do pai.

Falando em filhos e pais, temos aqui o filho de uma verdadeira lenda na vida real, Scott Eastwood, filho de Clint, e esse sim ainda precisa se provar ao progenitor, já que até o momento não entregou uma performance que podemos chamar de digna de sua linhagem. Ainda no elenco temos as voltas (mesmo que algumas bem breves) dos personagens de Rinko Kikuchi, Charlie Day e Burn Gorman, e a adição do sangue novo trazido por Adria Arjona (bem apagada aqui), a carismática chinesa Jing Tian (A Grande Muralha e Kong: A Ilha da Caveira) e a talentosa menina Cailee Spaeny – um verdadeiro achado do filme, mas cuja personagem é totalmente dispensável e altamente inverossímil, até mesmo para um filme como este no qual muito pouco é crível. Então aqui temos uma dualidade, ao mesmo tempo em que Spaeny é ótima atriz, fotogênica e carismática até a medula, sua personagem é o mais raso clichê da criança superinteligente, capaz de realizar tarefas que adultos treinados queimariam a cabeça.

O roteiro escrito a quatro mãos, entre elas a do próprio diretor Steven S. DeKnight (vindo de séries como Smallville e Demolidor) – estreando na direção de longas – até possui boas sacadas, como mostrar o aftermath (as consequências) do filme original, mesmo dez anos depois, no qual podemos ver os enormes esqueletos dos kaiju espalhados pelo país (e como certas propriedades ao redor ficaram abandonadas) e jaegers (os robôs) desativados, tendo suas peças roubadas para venda no mercado negro – ou até mesmo recriados em versões pirata.  Nesse cenário temos também a corporação asiática Shao, e sua dona Liwen (Tian), que planeja substituir a parte humana dos jaegers por versões totalmente eletrônicas na forma de drones controlados à distância. E o sentimento da mensagem aqui é a de empresas malignas e sem humanidade, substituindo o trabalhador por máquinas, bem, isso é, até a verdadeira reviravolta.

Chegamos ao ponto que fará muitos torcerem o nariz, se já não tiverem torcido até aqui. Para evitar completamente spoilers, basta dizer que a ameaça agora é humana, sabotagem vinda de dentro para trazer os kaiju novamente à cena. Comprar esta ideia, da reviravolta, fica um tanto difícil e basicamente põe quase tudo a perder. É uma decisão de roteiro arriscada, que deixa a coisa mais próxima a Colossal, drama indie com Anne Hathaway, do que de fato com o primeiro Círculo de Fogo. Em resumo, Círculo de Fogo – A Revolta não empolga muito como o primeiro, é grande, barulhento e bobo. É também o tipo de filme no qual se deve deixar o cérebro do lado de fora ao adentrar. Entretém enquanto assistimos e não ofende demais nossa inteligência, o que é mais do que podemos dizer de muitos dos blockbusters atuais. Pense por este lado, é o Transformers que deu certo.

Ps. Aguarde um tantinho antes de sair quando acabar, pois o desfecho já quer engatilhar a sequência. Se virá, só a bilheteria dirá.

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Vamos direto ao ponto. O primeiro Círculo de Fogo (2013), dirigido por Guillermo del Toro (sim, o mesmo que venceu o Oscar este ano pelo filme com a outra criatura), é apenas recomendado para aqueles que apreciam o subgênero de monstros gigantes e robôs dentro da ficção científica. É um filme B de centenas de milhões de dólares, que não guarda muita substância ou reflexão, ao mesmo tempo não se envergonhando nem um pouco em ser uma eficiente obra de gênero. As atuações são convincentes o suficiente, os efeitos são do mais alto nível e o roteiro, embora simples, muito bem trabalhado.

Círculo de Fogo não é, por exemplo, como os filmes da Disney/Pixar, recomendados para todos os gostos, com a promessa de que mesmo os que não são especialmente fãs de determinado gênero sairão satisfeitos após a sessão. Ou quem sabe como Corra!, sensação do ano passado, que com seu subtexto mais que relevante e forte crítica social termina saboroso mesmo para aqueles que morrem de medo ou desprezam filmes de terror. NÃO. Círculo de Fogo é sobre monstros gigantes invadindo e destruindo nosso planeta e a retribuição humana na forma de robôs colossais para combatê-los. E é isso. Não curtiu a premissa? A porta da rua é serventia da casa.

Agora, vamos lá. Mesmo para quem é um aficionado e amou loucamente o filme original – nerds de plantão o elegeram como o melhor filme de seu respectivo ano – existe grande chance de sair desapontado do novo Círculo de Fogo – A Revolta, inferior em muitos quesitos em relação ao original.

Na trama, dez anos depois que os humanos venceram a guerra contra os kaiju (palavra japonesa para fera estranha), e selaram a fenda interdimensional de onde as bestas adentravam nosso mundo, é quando se centra o novo filme. O personagem de Idris Elba no primeiro se sacrifica para tal, e agora temos o seu filho como protagonista, vivido por John Boyega (o Finn dos novos Star Wars) – também o produtor do longa. A todo momento Jake (seu personagem) afirma que não é heroico como o pai, não gosta de discursos motivacionais, abandonou a carreira militar no comando dos grandes enlatados e prefere passar a vida em festas e no lado errado da lei. É claro também que tudo não passa de foreshadowing, o termo usado para o prenúncio, das pistas deixadas para o arco do herói. Obviamente ele irá se redimir, mostrar seu valor e fazer orgulhosa a memória do pai.

Falando em filhos e pais, temos aqui o filho de uma verdadeira lenda na vida real, Scott Eastwood, filho de Clint, e esse sim ainda precisa se provar ao progenitor, já que até o momento não entregou uma performance que podemos chamar de digna de sua linhagem. Ainda no elenco temos as voltas (mesmo que algumas bem breves) dos personagens de Rinko Kikuchi, Charlie Day e Burn Gorman, e a adição do sangue novo trazido por Adria Arjona (bem apagada aqui), a carismática chinesa Jing Tian (A Grande Muralha e Kong: A Ilha da Caveira) e a talentosa menina Cailee Spaeny – um verdadeiro achado do filme, mas cuja personagem é totalmente dispensável e altamente inverossímil, até mesmo para um filme como este no qual muito pouco é crível. Então aqui temos uma dualidade, ao mesmo tempo em que Spaeny é ótima atriz, fotogênica e carismática até a medula, sua personagem é o mais raso clichê da criança superinteligente, capaz de realizar tarefas que adultos treinados queimariam a cabeça.

O roteiro escrito a quatro mãos, entre elas a do próprio diretor Steven S. DeKnight (vindo de séries como Smallville e Demolidor) – estreando na direção de longas – até possui boas sacadas, como mostrar o aftermath (as consequências) do filme original, mesmo dez anos depois, no qual podemos ver os enormes esqueletos dos kaiju espalhados pelo país (e como certas propriedades ao redor ficaram abandonadas) e jaegers (os robôs) desativados, tendo suas peças roubadas para venda no mercado negro – ou até mesmo recriados em versões pirata.  Nesse cenário temos também a corporação asiática Shao, e sua dona Liwen (Tian), que planeja substituir a parte humana dos jaegers por versões totalmente eletrônicas na forma de drones controlados à distância. E o sentimento da mensagem aqui é a de empresas malignas e sem humanidade, substituindo o trabalhador por máquinas, bem, isso é, até a verdadeira reviravolta.

Chegamos ao ponto que fará muitos torcerem o nariz, se já não tiverem torcido até aqui. Para evitar completamente spoilers, basta dizer que a ameaça agora é humana, sabotagem vinda de dentro para trazer os kaiju novamente à cena. Comprar esta ideia, da reviravolta, fica um tanto difícil e basicamente põe quase tudo a perder. É uma decisão de roteiro arriscada, que deixa a coisa mais próxima a Colossal, drama indie com Anne Hathaway, do que de fato com o primeiro Círculo de Fogo. Em resumo, Círculo de Fogo – A Revolta não empolga muito como o primeiro, é grande, barulhento e bobo. É também o tipo de filme no qual se deve deixar o cérebro do lado de fora ao adentrar. Entretém enquanto assistimos e não ofende demais nossa inteligência, o que é mais do que podemos dizer de muitos dos blockbusters atuais. Pense por este lado, é o Transformers que deu certo.

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