sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | Colossal – Drama indie vira filme de monstro em analogia saborosa

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Godzilla existencialista

Colossal poderia ser mais um drama independente sobre batalha contra alcoolismo, desses saídos diretamente do Festival de Sundance. Mas a proposta do diretor Nacho Vigalondo é mais ousada, tendo como grande diferencial a desestruturação do subgênero, acrescentando outro na mistura e, por consequência, criando algo único.

Vira e mexe nos perguntamos se determinados blockbusters, em especial filmes de monstros, não seriam mais interessantes se dessem enfoque aos personagens humanos e em seus dramas. Afinal, foi isso que especialistas como Steven Spielberg fizeram em filmes que determinaram o gênero, como Tubarão. Vigalondo, cineasta de ideias ambiciosas que nem sempre são correspondidas por seus filmes (vide Perseguição Virtual, 2014), subverte ainda mais, conectando o drama – muito pesado – de seus protagonistas à narrativa de segundo plano: o filme de mostro.



Este texto poderia facilmente discorrer sobre os paralelos da vida descarrilada da protagonista Gloria, festeira com os dois pés no alcoolismo, e o grande monstro que controla (ou é), o qual destrói tudo pelo caminho na Coreia; mas isso seria bem óbvio. Apontar que Colossal, na verdade, é uma grande metáfora não é mais do que a obrigação de todos que forem escrever sobre o filme.

O mais interessante é justamente a vontade e pretensão de Vigalondo, que se não acerta em cheio o alvo com sua intenção, ao menos se aproxima bastante. Na trama, somos apresentados a um desastre de trem esperando para acontecer chamado Gloria (Anne Hathaway). A jovem, atualmente desempregada, troca o dia pela noite de forma constante, experimentando com propriedade a vida boêmia ao lado dos amigos. É claro que este estilo de vida promete muitos copos ao longo das horas. A intensidade é tanta que começa a comprometer o relacionamento com o companheiro Tim (Dan Stevens).

A vencedora do Oscar Anne Hathaway (Os Miseráveis, 2012), como boa estrela que é, procura se reinventar aceitando novos desafios em sua carreira. Este é o tipo de filme pequeno e estranho cujos representantes de celebridades tendem a ficar aflitos, sem saber se devem indicar ou não para suas clientes. Assim como Scarlett Johansson em Sob a Pele (2014), Hathaway resolve investir em tal excentricidade, demonstrando acima de tudo plena confiança no material e em seu guia.

A entrega de Hathaway é convincente, a jovem desempenha um trabalho honesto, sem ser excessivamente chamativo (do tipo “olhe pra mim, estou interpretando uma bêbada”). Justamente por isso, comentários sobre sua beleza não condizente com alguém na situação da personagem pipocam e continuarão. Em sua defesa, a atriz está despida de vaidade e maquiagem, aproximada ao máximo de meros mortais como nós. O fato é que Hathaway é bonita, e pessoas assim também têm problemas.

Bem, e quanto à parte do monstro? Ela é bem executada e os efeitos são satisfatórios para uma produção pequena. De certa forma, este trecho não funciona de maneira tão harmoniosa, ou ao menos não se conecta ao resto com a esperteza que o roteiro prometia. A premissa é simplesmente muito boa, mas o desenvolvimento (com roteiro do próprio Vigalondo) deixa algo faltando. Algo que nos surpreenda tanto quanto a inusitada premissa, envolta em tamanha novidade e frescor. Alguns caminhos optados recaem no mundano, o que uma obra dessas não poderia.

Voltando ao tópico acima, sobre originalidade e previsibilidade, obviamente Colossal não deseja ser vendido ao grande público. Ou será? Quando incluiu em seu roteiro o paralelo ‘monstro gigante destrói cidade asiática’, o cineasta automaticamente começou a se comunicar com uma fatia muito específica do público. Uma fatia que geralmente não responde a dramas existencialistas e de relacionamentos. E vice versa. Seja como for, a intenção de Vigalondo é de agregar.

O que sobressai de verdade aqui são as interações e o realismo com o qual o diretor cria uma das personagens femininas mais interessantes do ano – falha, cheia de dúvidas e que não para de cometer erros. Surpreendentemente, o humorista Jason Sudeikis também ganha um presentaço na pele de Oscar, colega de infância da cidadezinha da protagonista. O sujeito possui uma persona tão elaborada quanto à de Gloria e irá com ela desempenhar uma dinâmica mais assustadora do que qualquer kaiju. E enquanto isso, o homem segue como animal (ou monstro) mais perigoso que há…

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Vira e mexe nos perguntamos se determinados blockbusters, em especial filmes de monstros, não seriam mais interessantes se dessem enfoque aos personagens humanos e em seus dramas. Afinal, foi isso que especialistas como Steven Spielberg fizeram em filmes que determinaram o gênero, como Tubarão. Vigalondo, cineasta de ideias ambiciosas que nem sempre são correspondidas por seus filmes (vide Perseguição Virtual, 2014), subverte ainda mais, conectando o drama – muito pesado – de seus protagonistas à narrativa de segundo plano: o filme de mostro.

Este texto poderia facilmente discorrer sobre os paralelos da vida descarrilada da protagonista Gloria, festeira com os dois pés no alcoolismo, e o grande monstro que controla (ou é), o qual destrói tudo pelo caminho na Coreia; mas isso seria bem óbvio. Apontar que Colossal, na verdade, é uma grande metáfora não é mais do que a obrigação de todos que forem escrever sobre o filme.

O mais interessante é justamente a vontade e pretensão de Vigalondo, que se não acerta em cheio o alvo com sua intenção, ao menos se aproxima bastante. Na trama, somos apresentados a um desastre de trem esperando para acontecer chamado Gloria (Anne Hathaway). A jovem, atualmente desempregada, troca o dia pela noite de forma constante, experimentando com propriedade a vida boêmia ao lado dos amigos. É claro que este estilo de vida promete muitos copos ao longo das horas. A intensidade é tanta que começa a comprometer o relacionamento com o companheiro Tim (Dan Stevens).

A vencedora do Oscar Anne Hathaway (Os Miseráveis, 2012), como boa estrela que é, procura se reinventar aceitando novos desafios em sua carreira. Este é o tipo de filme pequeno e estranho cujos representantes de celebridades tendem a ficar aflitos, sem saber se devem indicar ou não para suas clientes. Assim como Scarlett Johansson em Sob a Pele (2014), Hathaway resolve investir em tal excentricidade, demonstrando acima de tudo plena confiança no material e em seu guia.

A entrega de Hathaway é convincente, a jovem desempenha um trabalho honesto, sem ser excessivamente chamativo (do tipo “olhe pra mim, estou interpretando uma bêbada”). Justamente por isso, comentários sobre sua beleza não condizente com alguém na situação da personagem pipocam e continuarão. Em sua defesa, a atriz está despida de vaidade e maquiagem, aproximada ao máximo de meros mortais como nós. O fato é que Hathaway é bonita, e pessoas assim também têm problemas.

Bem, e quanto à parte do monstro? Ela é bem executada e os efeitos são satisfatórios para uma produção pequena. De certa forma, este trecho não funciona de maneira tão harmoniosa, ou ao menos não se conecta ao resto com a esperteza que o roteiro prometia. A premissa é simplesmente muito boa, mas o desenvolvimento (com roteiro do próprio Vigalondo) deixa algo faltando. Algo que nos surpreenda tanto quanto a inusitada premissa, envolta em tamanha novidade e frescor. Alguns caminhos optados recaem no mundano, o que uma obra dessas não poderia.

Voltando ao tópico acima, sobre originalidade e previsibilidade, obviamente Colossal não deseja ser vendido ao grande público. Ou será? Quando incluiu em seu roteiro o paralelo ‘monstro gigante destrói cidade asiática’, o cineasta automaticamente começou a se comunicar com uma fatia muito específica do público. Uma fatia que geralmente não responde a dramas existencialistas e de relacionamentos. E vice versa. Seja como for, a intenção de Vigalondo é de agregar.

O que sobressai de verdade aqui são as interações e o realismo com o qual o diretor cria uma das personagens femininas mais interessantes do ano – falha, cheia de dúvidas e que não para de cometer erros. Surpreendentemente, o humorista Jason Sudeikis também ganha um presentaço na pele de Oscar, colega de infância da cidadezinha da protagonista. O sujeito possui uma persona tão elaborada quanto à de Gloria e irá com ela desempenhar uma dinâmica mais assustadora do que qualquer kaiju. E enquanto isso, o homem segue como animal (ou monstro) mais perigoso que há…

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