quinta-feira , 30 janeiro , 2025

Crítica com Spoiler | ‘Farol da Ilusão’ usa o suspense para construir drama de cortar o coração

YouTube video

Destaque da Netflix neste início de ano, o filme Farol da Ilusão vem chamando atenção do público. O suspense libanês está no top 10 da plataforma, surpreendendo a todos com uma trama surrealista sobre uma família presa em uma ilha no meio do oceano, tentando sobreviver com a esperança trazida pela luz do farol que os abriga.

Optei por fazer esta crítica com spoilers, porque ficaria muito complicado falar sobre este filme sem poder abordar a reviravolta construída ao longo da trama e consumada no final. Então, se você ainda não assistiu e pretende vê-lo, talvez seja melhor parar por aqui, porque haverá revelações importantes da trama a partir do próximo parágrafo.

O filme começa com a pequena Jana caminhando e suspirando pela ilha. Ela é uma criança aparentemente sonhadora, cuja vida foi drasticamente alterada ao ficar ilhada com a família neste farol. Eles vivem em situação de racionamento, enquanto aguardam o resgate. É interessante reparar como o filme em momento algum tenta abordar claramente o acidente que os deixou nesta situação. No entanto, é possível reparar pequenas detalhes inseridos ao longo da história que dão pequenas pistas do que pode ter acontecido.

Na verdade, o título nacional do filme é um grande spoiler. A versão original poderia ser traduzida como ‘Castelo de Areia’, o que traria uma interpretação mais metafórica para o conto. Afinal, um castelo de areia aparenta ser uma estrutura firme, mas é frágil e pode desmoronar a qualquer momento, mais ou menos como a situação psicológica desta menina. Já a versão nacional resume perfeitamente a reviravolta da história, já que o farol é mesmo uma grande ilusão criada pelo psicológico da pequena Jana.

O filme tenta intrigar o público com seu desapego a realidade, trazendo situações confusas e angustiantes desta família lutando pela sobrevivência. Não dá para saber o que é real e o que é ilusão até o momento em que as coisas saem de controle. Quem for um pouco mais perspicaz já deve ter pescado de primeira a situação em que ele estavam envolvidos, quando a menina encontra um bote inflável sob o castelinho de areia. Ela faz um buraco na estrutura, que prontamente começa a afundar, fazendo com que o mar avance sobre a ilha. Mais à frente, quando o pai começa a delirar, ele assume a culpa da situação e diz que estava tentando apenas tirá-los de uma situação ruim. Anteriormente, na cena em que eles estão aguardando o barco chegar e se frustram por não aparecer ninguém, eles refletem e a mãe disse que não deveriam ter dado todo o dinheiro antes de encontrar as pessoas do barco.

Assista Também:
YouTube video


Esses momentos e diálogos são típicos de sobreviventes de acidentes com embarcações envolvendo imigração ilegal. No entanto, como o filme é narrado pela perspectiva da criança, todas as situações ficam muito confusas, criando essa sensação de não saber o que é realidade e o que é delírio.

O longa busca retratar o drama dos imigrantes que escapam ilegalmente de países em guerra. A escolha por retratar essa situação por uma perspectiva surrealista foi visando chamar atenção para a situação das crianças que vivem esse inferno na Terra, ocasionado por guerras políticas que nada tem a ver com a inocência da infância. Isso fica nítido ao final, quando é revelado o passado da criança e os segredos dolorosos da família, que fugiram do Líbano após perderem a filha caçula em um bombardeio na escola.

É um drama relativamente complexo, que exige um pouco de paciência do público. Afinal, os primeiros 40 minutos do filme são realmente confusos e parados. Para criar este clima de confusão enlouquecedora, a direção aposta em câmeras mais vagarosas e focadas em situações incômodas, como o bater de xícaras e a falta de esperança de olhar ao redor e não ver nada além do mar. Porém, sabendo da dificuldade desta trama, a direção parece tentar se explicar demais, o que deixa o filme ainda mais lento e até mesmo um pouco desinteressante em certos pontos.

O trabalho de Nadine Labaki, que interpreta a mãe, é incrível. Mesmo neste contexto de ilusões, ela segue como um farol para a família até seu trágico desfecho. Na verdade, é quando ela se vai que a realidade começa a bater à porta, fazendo com que as pequenas peças do quebra-cabeças se encaixem aos poucos.

Enfim, não é um filme ‘fácil’. Não apenas por ser um drama extremamente pesado, mas principalmente porque filmes com esse conceito ilusório não costumam fazer tanto sucesso no Ocidente. Ainda assim, ele passa uma mensagem importantíssima e cada vez mais atual, infelizmente.

Farol da Ilusão está disponível na Netflix.

Será ALUCINANTE! Patricia Arquette e Tramell Tillman falam sobre a 2ª temporada de Ruptura

YouTube video

Mais notícias...

Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
200,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS

Crítica com Spoiler | ‘Farol da Ilusão’ usa o suspense para construir drama de cortar o coração

YouTube video

Destaque da Netflix neste início de ano, o filme Farol da Ilusão vem chamando atenção do público. O suspense libanês está no top 10 da plataforma, surpreendendo a todos com uma trama surrealista sobre uma família presa em uma ilha no meio do oceano, tentando sobreviver com a esperança trazida pela luz do farol que os abriga.

Optei por fazer esta crítica com spoilers, porque ficaria muito complicado falar sobre este filme sem poder abordar a reviravolta construída ao longo da trama e consumada no final. Então, se você ainda não assistiu e pretende vê-lo, talvez seja melhor parar por aqui, porque haverá revelações importantes da trama a partir do próximo parágrafo.

O filme começa com a pequena Jana caminhando e suspirando pela ilha. Ela é uma criança aparentemente sonhadora, cuja vida foi drasticamente alterada ao ficar ilhada com a família neste farol. Eles vivem em situação de racionamento, enquanto aguardam o resgate. É interessante reparar como o filme em momento algum tenta abordar claramente o acidente que os deixou nesta situação. No entanto, é possível reparar pequenas detalhes inseridos ao longo da história que dão pequenas pistas do que pode ter acontecido.

Na verdade, o título nacional do filme é um grande spoiler. A versão original poderia ser traduzida como ‘Castelo de Areia’, o que traria uma interpretação mais metafórica para o conto. Afinal, um castelo de areia aparenta ser uma estrutura firme, mas é frágil e pode desmoronar a qualquer momento, mais ou menos como a situação psicológica desta menina. Já a versão nacional resume perfeitamente a reviravolta da história, já que o farol é mesmo uma grande ilusão criada pelo psicológico da pequena Jana.

O filme tenta intrigar o público com seu desapego a realidade, trazendo situações confusas e angustiantes desta família lutando pela sobrevivência. Não dá para saber o que é real e o que é ilusão até o momento em que as coisas saem de controle. Quem for um pouco mais perspicaz já deve ter pescado de primeira a situação em que ele estavam envolvidos, quando a menina encontra um bote inflável sob o castelinho de areia. Ela faz um buraco na estrutura, que prontamente começa a afundar, fazendo com que o mar avance sobre a ilha. Mais à frente, quando o pai começa a delirar, ele assume a culpa da situação e diz que estava tentando apenas tirá-los de uma situação ruim. Anteriormente, na cena em que eles estão aguardando o barco chegar e se frustram por não aparecer ninguém, eles refletem e a mãe disse que não deveriam ter dado todo o dinheiro antes de encontrar as pessoas do barco.

Esses momentos e diálogos são típicos de sobreviventes de acidentes com embarcações envolvendo imigração ilegal. No entanto, como o filme é narrado pela perspectiva da criança, todas as situações ficam muito confusas, criando essa sensação de não saber o que é realidade e o que é delírio.

O longa busca retratar o drama dos imigrantes que escapam ilegalmente de países em guerra. A escolha por retratar essa situação por uma perspectiva surrealista foi visando chamar atenção para a situação das crianças que vivem esse inferno na Terra, ocasionado por guerras políticas que nada tem a ver com a inocência da infância. Isso fica nítido ao final, quando é revelado o passado da criança e os segredos dolorosos da família, que fugiram do Líbano após perderem a filha caçula em um bombardeio na escola.

É um drama relativamente complexo, que exige um pouco de paciência do público. Afinal, os primeiros 40 minutos do filme são realmente confusos e parados. Para criar este clima de confusão enlouquecedora, a direção aposta em câmeras mais vagarosas e focadas em situações incômodas, como o bater de xícaras e a falta de esperança de olhar ao redor e não ver nada além do mar. Porém, sabendo da dificuldade desta trama, a direção parece tentar se explicar demais, o que deixa o filme ainda mais lento e até mesmo um pouco desinteressante em certos pontos.

O trabalho de Nadine Labaki, que interpreta a mãe, é incrível. Mesmo neste contexto de ilusões, ela segue como um farol para a família até seu trágico desfecho. Na verdade, é quando ela se vai que a realidade começa a bater à porta, fazendo com que as pequenas peças do quebra-cabeças se encaixem aos poucos.

Enfim, não é um filme ‘fácil’. Não apenas por ser um drama extremamente pesado, mas principalmente porque filmes com esse conceito ilusório não costumam fazer tanto sucesso no Ocidente. Ainda assim, ele passa uma mensagem importantíssima e cada vez mais atual, infelizmente.

Farol da Ilusão está disponível na Netflix.
YouTube video

Mais notícias...

Pedro Sobreirohttp://cinepop.com.br/
Jornalista apaixonado por entretenimento, com passagens por sites, revistas e emissoras como repórter, crítico e produtor.

Siga-nos!

2,000,000FãsCurtir
372,000SeguidoresSeguir
1,620,000SeguidoresSeguir
195,000SeguidoresSeguir
162,000InscritosInscrever

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

MATÉRIAS

CRÍTICAS