domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica com Spoilers | 4ª temporada de ‘Stranger Things’ retorna com dois episódios DILACERANTES

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Cuidado: spoilers à frente.

Algumas semanas depois da Netflix ter entregado os primeiros episódios da 4ª temporada de Stranger Things, finalmente estamos retornando para os dois últimos capítulos do novo ciclo – e, como era de se esperar, os Irmãos Duffer conseguiram cumprir com as expectativas que os fãs criaram para o season finale, apesar de tropeçarem aqui e ali.



Para aqueles que não se recordam, o primeiro volume terminou com a revelação de quem o grande vilão do ciclo, Vecna, era: apesar de controlar as criaturas do Mundo Invertido, Vecna não é ninguém menos que a versão totalmente maligna do Número Um (Jamie Campbell Bower), cuja história também se relaciona com Victor Kreel e com os múltiplos assassinatos que vinham acontecendo em Hawkins. Agora que certas revelações foram feitas, a oitava e a nona iterações nos apresentam à aguardada batalha final e a como a temporada final irá concluir essa assombrosa e arrepiante aventura. De fato, certos aspectos continuam se valendo demais de fórmulas recicladas dos ciclos anteriores – mas isso não significa que não nos divertiríamos e nos emocionaríamos com o desenrolar da trama.

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Continuando de onde paramos, os nossos heróis conseguem sair do Mundo Invertido apenas para retornarem a esse perigoso universo com o objetivo de destruir Vecna e impedi-lo de concretizar o plano de dominar o planeta remodelá-lo a seu bel-prazer. Logo, Max (Sadie Sink) se oferece como isca para atrair a atenção do antagonista e permitir que seus amigos consigam concluir a missão. Enquanto isso, Eleven (Millie Bobby Brown) é resgatada por Mike (Finn Wolfhard), Will (Noah Schnapp), Jonathan (Charlie Heaton) e Argyle (Eduardo Franco), depois de passar por poucas e boas nas mãos do Dr. Brenner (Matthew Modine) e desvencilhar de membros da inteligência americana que querem destruí-la por acharem que ela tem alguma coisa a ver com os homicídios de Hawkins; e, por fim, Joyce (Winona Ryder), Hopper (David Harbour) e Murray (Brett Gelman) se reúnem para escapar da prisão da União Soviética que mantinha os demogórgons presos e retornar para os Estados Unidos.

Os Irmãos Duffer, as mentes criativas por trás de um dos maiores sucessos da televisão contemporânea, foram bastante ousados em aumentar o tempo de duração para quase longas-metragens – o que significaria mais tempo para desenvolver a narrativa e, ao mesmo tempo, um problema para não se renderem à monotonia rítmica. De fato, apostar fichas em episódios longos permite que cada personagem tenha o seu momento de glória (algo bastante importante, considerando que Vecna é o primeiro vilão a fugir dos trâmites unidimensionais das criaturas e realmente ter uma backstory a ser explorada). Entretanto, com a chegada do novo volume, sentimos o peso desequilibrado entre drama e ação, que só consegue ser ofuscado pela química e pelas atuações magníficas de um elenco estelar.

Há várias referências a temporadas anteriores e, mesmo com o número considerável de personagens habitando cada cena, todos convergem para um ponto em comum. Bower continua a fazer um trabalho esplêndido como Vecna, mergulhado em uma personalidade que é má por natureza e que não se importa em buscar a bondade – servindo como contraponto a Eleven, que se fecha e se martiriza toda vez que comete um erro; Sink, que já se tornara destaque desde do segundo ano, é infundida em um arco de amadurecimento surpreendente e que a transforma na verdadeira protagonista (não é à toa que ela esteja aliada à clássica canção “Running Up That Hill”, de Kate Bush, nos momentos de maior desespero). Sink fornece todas as camadas necessárias para compreendermos a situação pela qual Max passa, e é receptáculo de uma temática importante que renega os maniqueísmos narrativos e mostra que todos nós temos um lado ruim e um lado bom.

Joseph Quinn também entrega uma belíssima rendição como Eddie Munson: se nos episódios anteriores ele fora pincelado com uma personalidade quase imutável, confinado ao “bizarro” da cidade que era principal suspeito das mortes, ele vai de encontro ao que acreditava para ganhar tempo e ser uma das principais chaves para salvar Hawkins e seus amigos. Resolver finalizá-lo com uma brutal despedida era de se esperar, mas reitera a predileção dos criadores da série em descartar personagens que, de certa maneira, parecem não fazer parte do cânone de Stranger Things quanto os outros. É claro que Max experimenta o gostinho da morte nas cenas finais, mas volta em um coma profundo e tem grandes possibilidades de aparecer na próxima temporada.

A estética da 4ª temporada se atrela às iterações predecessoras, com exceção de uma atmosfera muito mais sombria e que se inclina para múltiplas referências cinematográficas, desde os alívios cômicos e autoconscientes com ‘Halloween’ até a estrutura cenográfica de ‘A Hora do Pesadelo’ (que se estende, inclusive, para a caracterização de Vecna). Porém, enquanto o impecável visual contribui para nos engatar na nova história, o roteiro é o que mais sofre problemas por oscilar entre um arrasto narrativo e um frenesi conclusivo.

Os dois últimos episódios são aprazíveis em sua completude e já nos dão o tom do quinto ano. Apesar dos claros problemas e de destinar as melhores sequências para o material promocional – inclusive para um trailer que praticamente entrega boa parte dos aspectos e do desenrolar da história -, é sempre interessante revisitar Hawkins e acompanhar as arrepiantes aventuras de personagens tão amados pelo público e que, com certeza, irão deixar saudades muito em breve.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Para aqueles que não se recordam, o primeiro volume terminou com a revelação de quem o grande vilão do ciclo, Vecna, era: apesar de controlar as criaturas do Mundo Invertido, Vecna não é ninguém menos que a versão totalmente maligna do Número Um (Jamie Campbell Bower), cuja história também se relaciona com Victor Kreel e com os múltiplos assassinatos que vinham acontecendo em Hawkins. Agora que certas revelações foram feitas, a oitava e a nona iterações nos apresentam à aguardada batalha final e a como a temporada final irá concluir essa assombrosa e arrepiante aventura. De fato, certos aspectos continuam se valendo demais de fórmulas recicladas dos ciclos anteriores – mas isso não significa que não nos divertiríamos e nos emocionaríamos com o desenrolar da trama.

Continuando de onde paramos, os nossos heróis conseguem sair do Mundo Invertido apenas para retornarem a esse perigoso universo com o objetivo de destruir Vecna e impedi-lo de concretizar o plano de dominar o planeta remodelá-lo a seu bel-prazer. Logo, Max (Sadie Sink) se oferece como isca para atrair a atenção do antagonista e permitir que seus amigos consigam concluir a missão. Enquanto isso, Eleven (Millie Bobby Brown) é resgatada por Mike (Finn Wolfhard), Will (Noah Schnapp), Jonathan (Charlie Heaton) e Argyle (Eduardo Franco), depois de passar por poucas e boas nas mãos do Dr. Brenner (Matthew Modine) e desvencilhar de membros da inteligência americana que querem destruí-la por acharem que ela tem alguma coisa a ver com os homicídios de Hawkins; e, por fim, Joyce (Winona Ryder), Hopper (David Harbour) e Murray (Brett Gelman) se reúnem para escapar da prisão da União Soviética que mantinha os demogórgons presos e retornar para os Estados Unidos.

Os Irmãos Duffer, as mentes criativas por trás de um dos maiores sucessos da televisão contemporânea, foram bastante ousados em aumentar o tempo de duração para quase longas-metragens – o que significaria mais tempo para desenvolver a narrativa e, ao mesmo tempo, um problema para não se renderem à monotonia rítmica. De fato, apostar fichas em episódios longos permite que cada personagem tenha o seu momento de glória (algo bastante importante, considerando que Vecna é o primeiro vilão a fugir dos trâmites unidimensionais das criaturas e realmente ter uma backstory a ser explorada). Entretanto, com a chegada do novo volume, sentimos o peso desequilibrado entre drama e ação, que só consegue ser ofuscado pela química e pelas atuações magníficas de um elenco estelar.

Há várias referências a temporadas anteriores e, mesmo com o número considerável de personagens habitando cada cena, todos convergem para um ponto em comum. Bower continua a fazer um trabalho esplêndido como Vecna, mergulhado em uma personalidade que é má por natureza e que não se importa em buscar a bondade – servindo como contraponto a Eleven, que se fecha e se martiriza toda vez que comete um erro; Sink, que já se tornara destaque desde do segundo ano, é infundida em um arco de amadurecimento surpreendente e que a transforma na verdadeira protagonista (não é à toa que ela esteja aliada à clássica canção “Running Up That Hill”, de Kate Bush, nos momentos de maior desespero). Sink fornece todas as camadas necessárias para compreendermos a situação pela qual Max passa, e é receptáculo de uma temática importante que renega os maniqueísmos narrativos e mostra que todos nós temos um lado ruim e um lado bom.

Joseph Quinn também entrega uma belíssima rendição como Eddie Munson: se nos episódios anteriores ele fora pincelado com uma personalidade quase imutável, confinado ao “bizarro” da cidade que era principal suspeito das mortes, ele vai de encontro ao que acreditava para ganhar tempo e ser uma das principais chaves para salvar Hawkins e seus amigos. Resolver finalizá-lo com uma brutal despedida era de se esperar, mas reitera a predileção dos criadores da série em descartar personagens que, de certa maneira, parecem não fazer parte do cânone de Stranger Things quanto os outros. É claro que Max experimenta o gostinho da morte nas cenas finais, mas volta em um coma profundo e tem grandes possibilidades de aparecer na próxima temporada.

A estética da 4ª temporada se atrela às iterações predecessoras, com exceção de uma atmosfera muito mais sombria e que se inclina para múltiplas referências cinematográficas, desde os alívios cômicos e autoconscientes com ‘Halloween’ até a estrutura cenográfica de ‘A Hora do Pesadelo’ (que se estende, inclusive, para a caracterização de Vecna). Porém, enquanto o impecável visual contribui para nos engatar na nova história, o roteiro é o que mais sofre problemas por oscilar entre um arrasto narrativo e um frenesi conclusivo.

Os dois últimos episódios são aprazíveis em sua completude e já nos dão o tom do quinto ano. Apesar dos claros problemas e de destinar as melhores sequências para o material promocional – inclusive para um trailer que praticamente entrega boa parte dos aspectos e do desenrolar da história -, é sempre interessante revisitar Hawkins e acompanhar as arrepiantes aventuras de personagens tão amados pelo público e que, com certeza, irão deixar saudades muito em breve.

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