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Crítica com Spoilers | ‘IT: Bem-Vindos a Derry’ retorna com um irretocável 6º episódio e nos prepara para um final bombástico


Cuidado: muitos spoilers à frente.

‘IT: Bem-Vindos a Derry’ já está entrando em sua reta final – e, após os impressionantes acontecimentos da semana passada, em que a perigosa entidade habitando os canos de esgoto de Derry mostrou seu verdadeiro poder, está na hora de começar a amarrar algumas pontas e explicar certas incursões da mitologia eternizada por Stephen King. E, para tanto, adentramos no sexto capítulo da série, que não apenas mantém o altíssimo nível dos episódios anteriores, como navega por esse macabro e perigoso universo com uma fluidez irretocável e atuações aplaudíveis que imortalizam personagens muito bem construídos.

Dirigido por Jamie Travis, a mais recente iteração é intitulada “Em Nome do Pai”, abrindo certas teorias do que a narrativa apresentaria aos espectadores. Logo de cara, somos arremessados ao núcleo da família Hanlon, onde Leroy (Jovan Adepo) repreende o jovem Will (Blake Cameron James) por ter descido aos canos, desobedecendo-o e quase perdendo a vida. Culpando-se pela morte do melhor amigo, o capitão Pauly Russo (Rudy Mancuso), Leroy desconta sua raiva e sua frustração em cima do filho, atraindo uma forte represália de Charlotte (Taylour Paige), que resolve sair da base militar junto com Will até que ele termine a perigosa missão. E, sentindo-se usado por seus superiores e preso em uma prisão sem grades, ele resolve pedir a ajuda de Dick Hallorann (Chris Chalk), apenas para ser barrado mais uma vez e se ver sozinho diante de uma artimanha mortal.



A situação não é nada favorável para nossas crianças protagonistas: após um encontro quase fatal com a Coisa, Lilly (Clara Stack) encontra um objeto estranho sob o esgoto – uma arma que se mostra ser a única coisa capaz de impedir a entidade de atacá-los. Decidindo voltar aos encanamentos para derrotá-lo, ela se envolve em uma profunda discussão com Ronnie (Amanda Christine), rompendo a já frágil união do grupo e colocando-os em lados distintos de uma mesma moeda, além de alimentar uma solidão que atiça o desejo destrutivo da criatura.

Apesar das tentativas de acalmá-la e de fazê-la ajudar o grupo, Ronnie percebe que há coisas mais importantes com que se preocupar – principalmente após reencontrar o pai, Hank (Stephen Rider), que se refugiou na cabana de Hallorann, mesmo a contragosto do soldado. Will procura convencê-la de ir com ele, mas ela percebe que tanto Hank quanto Ronnie não serão separados novamente. Mesmo assim, Hank percebe uma afeição crescente entre as crianças e mostra que confia nas boas intenções do garoto. Enquanto isso, um poderoso sentimento começa a ser explorado entre Rich (Arian S. Cartaya) e Marge (Matilda Lawler), que protagonizam algumas das melhores cenas do episódio.

Travis faz um ótimo trabalho ao conduzir as sequências do capítulo, mostrando que, assim como outros realizadores que foram escalados para a temporada, sabe dosar a medida certa de drama, comédia e terror para esquadrinhar as personalidades complexas que irrompem nas telas – e que conhece os macetes certos para se equilibrar entre cenas tão diferentes entre si. O ápice vem com dois arcos que se desenrolam de maneira formidável: o de Lilly, que, sentindo-se mais uma vez isolada, procura refúgio em Ingrid Kersh (Madeleine Stowe); e a revelação de que Ingrid é, na verdade, filha de um artista de circo que era conhecido como Pennywise (Bill Skarsgard) – cuja forma nos é conhecida desde os filmes de Andy Muschietti -, e que, agora, foi incorporada por essa entidade maligna e sedenta por sangue.

Ainda que lidando com múltiplos núcleos, o roteiro assinado por Jason Fuchs, Cord Jefferson e Brad Caleb Kane em momento algum se apressa demais ou se rende a fillers desnecessários: pelo contrário, há um equilíbrio notável em cada uma das tramas exploradas no episódio, incluindo um estilizada sequência que presta homenagens ao gênero neo-noir, que envolve Ingrid, Pennywise e uma nova reviravolta que não apenas responde a algumas perguntas, mas representa um novo desespero para Lilly e os outros. Ademais, o conflito entre a população branca de Derry e as controvérsias envolvendo Hank escalam a um nível catastrófico que culmina em um finale poderoso e que nos deixa ansiosos para a próxima semana.

O sexto capítulo de ‘IT: Bem-Vindos a Derry’ é mais um acerto de uma das séries mais bem arquitetadas da HBO este ano, expandindo ainda mais o cosmos arquitetado por King e mostrando que ainda há muito a ser contado desse vibrante e arrepiante cosmos. E, caminhando para as duas últimas iterações da temporada, os realizadores por trás da série nos mantêm vidrados e ansiosos para o que o futuro reserva.

Lembrando que o próximo episódio vai ao ar em 4 de dezembro, na HBO e na HBO Max.

Thiago Nolla
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.
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