Nitidamente inspirado em ‘O Massacre da Serra Elétrica‘, ‘Condado Macabro‘ obedece a quase todas as convenções daquele clássico – inserindo as sacanagens brasileiras, é claro – e se sustenta mais como uma homenagem ao estilo, do que especificamente um novo frescor no gênero.
O filme de André de Campos Mello e Marcos DeBritto brinca com muitos dos estereótipos que recheiam 99% dos filmes de terror: toda a turminha adolescente envolto à música, sexo e diversão, está lá. Aquela personagem deslocada e zoada pelos outros, também está lá. O brincalhão inconveniente também. E até o Leatherface – que aqui, ao invés de colocar pele humana como máscara, prefere a de um porco! – também não foi esquecido. E sem falar que tem lugar até pra dois palhaços. E óbvio: uma casa de veraneio onde eles passarão um fim de semana sem luz e com muito sangue.
Uma casa alugada por cinco jovens transforma-se no palco de uma chacina. Um palhaço suspeito é encontrado todo ensanguentado na cena do crime e precisa provar sua inocência para o investigador da pequena cidade onde cometia seus delitos. Sem evidências para prendê-lo, o policial entra no jogo ardiloso do acusado e precisa averiguar sua versão de que assassinos sanguinários possam ter passado pela mansão.
A narrativa poderia ter virado o “samba do crioulo doido” com tantos pastiches dentro desse filão, mas a direção consegue manter o envolvimento, e como já dito, presta boas referências ao filme dos irmãos canibais do Texas, como a fotografia envelhecida e saturada pro amarelo nos ambientes ensolarados, a moto-serra de forma evidente e muitas tomadas quase idênticas ao filme de Tobe Hooper. O que poderia soar como apenas uma “imitação em cenários diferentes”, é driblado por uma história contada em flashback por um dos sobreviventes e que, em certos trechos, até acompanhamos alguns acontecimentos sob dois pontos de vistas. O que gera algo interessante.
Sem pretensões ambiciosas e com um roteiro bem simples, ‘Condado Macabro‘ se mantém bem durante suas quase 2 horas de duração (pelo enredo, poderia até ser mais enxuto), e que só não alcança mais intensidade devido a um elenco um tanto frágil e irregular. Mas no fim de toda a sangreira, se coloca como uma divertida brincadeira num gênero tão pouco explorado no Brasil: o do terror-gore.
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