domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Contos do Caçador de Sombras – Filme com Jackie Chan e dublagem de Whinderson Nunes é Surpreendentemente Bom!

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O novo filme de Jackie Chan, ‘Contos do Caçador de Sombras’, chega aos espectadores brasileiros pela notícia de que o ator honconguês foi dublado pelo youtuber e comediante Whindersson Nunes. Mas, acreditem: é muito mais do que isso.

A história é um bocado elaborada e precisa ser acompanhada atentamente pelo espectador. Pu Songling (Jackie Chan) é um contador de histórias meio charlatão, que assusta criancinhas e ilude os pais delas. Tudo porque, na verdade, ele é um caçador de sombras e criaturas das trevas, e, através de sua magia, Pu Songling as aprisiona em seu livro mágico, embora, com o tempo, tenha construído boa relação com algumas dessas criaturas, que o ajuda nas suas caçadas. Em paralelo a isso, o policial Hua (Po-Hung Lin) investiga o roubo em uma loja, mas, o descrédito do delegado local faz com que Hua acabe pedindo ajuda a Pu Songling para se tornar seu aprendiz. Em seguida, jovens donzelas começam a desaparecer na cidade, e, assim o destino desses dois cruza com o do misterioso Ning Cai Cheng (Ethan Juan).



Como dá pra ver, a história é muito mais elaborada do que qualquer outro filme recente de Jackie Chan. Aliás, é uma produção ímpar na carreira do ator: partindo do autor-narrador Pu Songling, ‘Contos do Caçador de Sombras’ constrói uma bela fábula chinesa misturando elementos essenciais de toda boa história – criaturinhas fofinhas, uma história de amor arrebatadora, uma pitada de suspense, belas paisagens, um figurino impecável, uma produção de arte que acompanha a criatividade da história e muito, muito efeito visual. Esse, inclusive, é um dos pontos que mais chama a atenção, pois quase todas as cenas possuem CGI ou algum tipo de efeito especial. Ao fim do longa, vem a revelação: não apenas a história fantasiosa precisava dessa técnica para ser filmada, mas também as gravações foram feitas durante a pandemia lá na Ásia, ainda no fim do ano passado; portanto, para conseguir manter o distanciamento entre os atores em algumas cenas, eles foram inseridos digitalmente na pós-produção.

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Embora esteticamente suntuoso, a proposta de ‘Contos do Caçador de Sombras’ é um pouco indecisa. Talvez por tentar abarcar os contos do título, o longa envolve ao menos três histórias no enredo, cada uma com seus próprios personagens e tramas particulares, e isso acaba confundindo o espectador menos atento. A escolha que Boham Liu fez em construir um roteiro que acompanhasse o narrador da história, e não o herói, pode ser acertada se pensada numa continuação (e, aparentemente, é esse mesmo o plano), mas, para um primeiro filme, causa estranheza, pois, até as histórias se entrelaçarem com firmeza, temos a sensação de estarmos vendo uma série, e não um filme.

Essa mesma falta de definição sobre o protagonismo também reflete no projeto geral do longa, que se propõe um filme para toda a família. O breve primeiro arco dá a entender que é uma história bastante infantil, com Jackie Chan canastrão ludibriando o povo, fazendo caras e bocas, enquanto o elfo do mal literalmente tem como superpoder soltar um pum na cara das pessoas. Mas, em seguida, a história fica mais juvenil, com uma pegada bem mais séria, shakespeariana até, o que possivelmente vai causar o desinteresse da meninada, embora possa atrair aos pais. Assim, o filme para toda a família parece ser dividido em partes, sendo que cada uma delas busca agradar um membro da família.

Jackie Chan está carismático com seu jeitinho simpático de atuar e com a leveza que demonstra nas cenas de luta coreografadas. Mas aí vem a dublagem de Whindersson Nunes, que fica completamente fora de lugar no projeto. Com todo o respeito ao comediante – que se diz fã declarado do ator e, inclusive, quer se parecer esteticamente com ele –, esse não era o filme para ele dublar. Embora seja compreensível que associar o nome do youtuber ao longa fosse uma tentativa do marketing brasileiro de atrair o público de Whindersson – majoritariamente infantil, interessado em produções mais bobeirol –, ‘Contos do Caçador de Sombras’ é um filme rebuscado, mais adulto, e possivelmente não fará gosto a esse público.

Ainda que refinado, se vocês derem uma chance a ‘Contos do Caçador de Sombras’, vocês serão positivamente surpreendidos por um mergulho numa linda e emocionante fábula chinesa, cheia de valores, que pode até mesmo te fazer chorar no final.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Crítica | Contos do Caçador de Sombras – Filme com Jackie Chan e dublagem de Whinderson Nunes é Surpreendentemente Bom!

O novo filme de Jackie Chan, ‘Contos do Caçador de Sombras’, chega aos espectadores brasileiros pela notícia de que o ator honconguês foi dublado pelo youtuber e comediante Whindersson Nunes. Mas, acreditem: é muito mais do que isso.

A história é um bocado elaborada e precisa ser acompanhada atentamente pelo espectador. Pu Songling (Jackie Chan) é um contador de histórias meio charlatão, que assusta criancinhas e ilude os pais delas. Tudo porque, na verdade, ele é um caçador de sombras e criaturas das trevas, e, através de sua magia, Pu Songling as aprisiona em seu livro mágico, embora, com o tempo, tenha construído boa relação com algumas dessas criaturas, que o ajuda nas suas caçadas. Em paralelo a isso, o policial Hua (Po-Hung Lin) investiga o roubo em uma loja, mas, o descrédito do delegado local faz com que Hua acabe pedindo ajuda a Pu Songling para se tornar seu aprendiz. Em seguida, jovens donzelas começam a desaparecer na cidade, e, assim o destino desses dois cruza com o do misterioso Ning Cai Cheng (Ethan Juan).

Como dá pra ver, a história é muito mais elaborada do que qualquer outro filme recente de Jackie Chan. Aliás, é uma produção ímpar na carreira do ator: partindo do autor-narrador Pu Songling, ‘Contos do Caçador de Sombras’ constrói uma bela fábula chinesa misturando elementos essenciais de toda boa história – criaturinhas fofinhas, uma história de amor arrebatadora, uma pitada de suspense, belas paisagens, um figurino impecável, uma produção de arte que acompanha a criatividade da história e muito, muito efeito visual. Esse, inclusive, é um dos pontos que mais chama a atenção, pois quase todas as cenas possuem CGI ou algum tipo de efeito especial. Ao fim do longa, vem a revelação: não apenas a história fantasiosa precisava dessa técnica para ser filmada, mas também as gravações foram feitas durante a pandemia lá na Ásia, ainda no fim do ano passado; portanto, para conseguir manter o distanciamento entre os atores em algumas cenas, eles foram inseridos digitalmente na pós-produção.

Embora esteticamente suntuoso, a proposta de ‘Contos do Caçador de Sombras’ é um pouco indecisa. Talvez por tentar abarcar os contos do título, o longa envolve ao menos três histórias no enredo, cada uma com seus próprios personagens e tramas particulares, e isso acaba confundindo o espectador menos atento. A escolha que Boham Liu fez em construir um roteiro que acompanhasse o narrador da história, e não o herói, pode ser acertada se pensada numa continuação (e, aparentemente, é esse mesmo o plano), mas, para um primeiro filme, causa estranheza, pois, até as histórias se entrelaçarem com firmeza, temos a sensação de estarmos vendo uma série, e não um filme.

Essa mesma falta de definição sobre o protagonismo também reflete no projeto geral do longa, que se propõe um filme para toda a família. O breve primeiro arco dá a entender que é uma história bastante infantil, com Jackie Chan canastrão ludibriando o povo, fazendo caras e bocas, enquanto o elfo do mal literalmente tem como superpoder soltar um pum na cara das pessoas. Mas, em seguida, a história fica mais juvenil, com uma pegada bem mais séria, shakespeariana até, o que possivelmente vai causar o desinteresse da meninada, embora possa atrair aos pais. Assim, o filme para toda a família parece ser dividido em partes, sendo que cada uma delas busca agradar um membro da família.

Jackie Chan está carismático com seu jeitinho simpático de atuar e com a leveza que demonstra nas cenas de luta coreografadas. Mas aí vem a dublagem de Whindersson Nunes, que fica completamente fora de lugar no projeto. Com todo o respeito ao comediante – que se diz fã declarado do ator e, inclusive, quer se parecer esteticamente com ele –, esse não era o filme para ele dublar. Embora seja compreensível que associar o nome do youtuber ao longa fosse uma tentativa do marketing brasileiro de atrair o público de Whindersson – majoritariamente infantil, interessado em produções mais bobeirol –, ‘Contos do Caçador de Sombras’ é um filme rebuscado, mais adulto, e possivelmente não fará gosto a esse público.

Ainda que refinado, se vocês derem uma chance a ‘Contos do Caçador de Sombras’, vocês serão positivamente surpreendidos por um mergulho numa linda e emocionante fábula chinesa, cheia de valores, que pode até mesmo te fazer chorar no final.

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