domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Coração de Cowboy – Celebração da música sertaneja em drama emocionante

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Reconciliação Paternal

Realmente precisamos nos livrar de todos os nossos preconceitos e pré-julgamentos. É claro que este é um lema que deve ser levado para a vida, mas que também se encaixa perfeitamente no cinema. Afinal, quantas vezes fomos surpreendidos por um filme que achamos ser incapaz de criar identificação conosco. Este é justamente o caso com esta ode à música sertaneja e ao estilo de vida interiorano.

Coração de Cowboy é confeccionado com tamanho esmero, tanto no desenvolvimento de personagens, suas relações e no roteiro de forma geral, quanto na parte técnica e atuações ao ponto de se tornar irresistível até para o espectador mais cínico, pretensioso e cético. De tempos em tempos nos deparamos com produções criadas com tanta vontade e empenho dos envolvidos que se tornam à prova de qualquer suspeita. Carisma e coração não faltam nesta obra.



Primeiro longa para o cinema do diretor Gui Pereira, oriundo de videoclipes sertanejos, curtas e especiais para a TV, o filme conta a trajetória Lucca – interpretado pelo músico Gabriel Sater, filho do veterano artista sertanejo Almir Sater. Coração de Cowboy marca igualmente a estreia de Gabriel como ator no cinema. O jovem astro se sai bem em seu retrato do protagonista, que guarda semelhanças com seu próprio status de estrela pop da música, rodeado por fama e sucesso.

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Quando o filme começa, a história ganha contornos de 2 Filhos de Francisco (2005), com uma tragédia marcando a vida de uma família e tirando um promissor artista de seu seio. A fatalidade faz ruir a estrutura e Lucca segue sozinho, afastado dos pais, até chegar ao topo de sua carreira. O filme acompanha a volta do protagonista às raízes e à sua cidadezinha interiorana onde precisa fazer as pazes com o pai amargurado, vivido de forma reluzente por Jackson Antunes, ator muito associado a este tipo de personagem, cujo domínio sobre o biótipo é pleno.

Os entraves entre pai e filho são o ponto alto de Coração de Cowboy. A interação exige fortes desempenhos dramáticos e a resolução emociona. Quem diria? De fato, o longa faz uma boa sessão dupla com o igualmente ótimo 10 Segundos para Vencer, que traz uma figura paterna rígida e exigente (Osmar Prado) e um filho em busca de sua aprovação (Daniel de Oliveira).

Além deste relacionamento seminal que é o cerne da obra, o longa guarda ainda outras dinâmicas interpessoais de seus personagens, como com Marcelle (Thaís Pacholek), a amiga de infância dona de suas próprias questões em família, e Paula (Thaila Ayala), o retrato da mulher independente e moderna. O elenco exibe boa forma e bastante coesão, trabalhando bem sua força e balanceando as fraquezas com tanta honestidade que fica fácil comprar a ideia.

Coração de Cowboy ainda arruma espaço para falar sobre o mercado fonográfico atual, dando cutucadas na forma de críticas sobre o que um artista precisa passar a fim de propagar sua música e mensagens – muitas vezes tendo que realizar duetos e parcerias com músicos que não respeita. A velha máxima de “se vender para o sucesso”, de fazer músicas (filmes caberiam bem aqui também) comerciais renegando as origens, se torna pauta inúmeras vezes, como na cena do programa de auditório e na gravação com um rapper. Esta ideia é personificada através a personagem de Françoise Forton, a empresária do protagonista. Embora o pensamento de que agentes profissionais sejam “vilões” ou “malvados” esteja bem ultrapassada, datando a década de 1980.

Embora novelesco ou televisivo, Coração de Cowboy tem vontade suficiente para ganhar com sua sinceridade. As relações humanas são o grande núcleo do longa. Fora isso, o insight ao universo específico apresentado se mostra ainda relevante. Para quem curte o estilo musical vale dizer que o longa não é especificamente um filme do gênero, com canções apenas pipocando em momentos específicos e na trilha sonora – que guarda participação de verdadeiras lendas da música sertaneja, como os icônicos Chitãozinho & Xororó.

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Coração de Cowboy é confeccionado com tamanho esmero, tanto no desenvolvimento de personagens, suas relações e no roteiro de forma geral, quanto na parte técnica e atuações ao ponto de se tornar irresistível até para o espectador mais cínico, pretensioso e cético. De tempos em tempos nos deparamos com produções criadas com tanta vontade e empenho dos envolvidos que se tornam à prova de qualquer suspeita. Carisma e coração não faltam nesta obra.

Primeiro longa para o cinema do diretor Gui Pereira, oriundo de videoclipes sertanejos, curtas e especiais para a TV, o filme conta a trajetória Lucca – interpretado pelo músico Gabriel Sater, filho do veterano artista sertanejo Almir Sater. Coração de Cowboy marca igualmente a estreia de Gabriel como ator no cinema. O jovem astro se sai bem em seu retrato do protagonista, que guarda semelhanças com seu próprio status de estrela pop da música, rodeado por fama e sucesso.

Quando o filme começa, a história ganha contornos de 2 Filhos de Francisco (2005), com uma tragédia marcando a vida de uma família e tirando um promissor artista de seu seio. A fatalidade faz ruir a estrutura e Lucca segue sozinho, afastado dos pais, até chegar ao topo de sua carreira. O filme acompanha a volta do protagonista às raízes e à sua cidadezinha interiorana onde precisa fazer as pazes com o pai amargurado, vivido de forma reluzente por Jackson Antunes, ator muito associado a este tipo de personagem, cujo domínio sobre o biótipo é pleno.

Os entraves entre pai e filho são o ponto alto de Coração de Cowboy. A interação exige fortes desempenhos dramáticos e a resolução emociona. Quem diria? De fato, o longa faz uma boa sessão dupla com o igualmente ótimo 10 Segundos para Vencer, que traz uma figura paterna rígida e exigente (Osmar Prado) e um filho em busca de sua aprovação (Daniel de Oliveira).

Além deste relacionamento seminal que é o cerne da obra, o longa guarda ainda outras dinâmicas interpessoais de seus personagens, como com Marcelle (Thaís Pacholek), a amiga de infância dona de suas próprias questões em família, e Paula (Thaila Ayala), o retrato da mulher independente e moderna. O elenco exibe boa forma e bastante coesão, trabalhando bem sua força e balanceando as fraquezas com tanta honestidade que fica fácil comprar a ideia.

Coração de Cowboy ainda arruma espaço para falar sobre o mercado fonográfico atual, dando cutucadas na forma de críticas sobre o que um artista precisa passar a fim de propagar sua música e mensagens – muitas vezes tendo que realizar duetos e parcerias com músicos que não respeita. A velha máxima de “se vender para o sucesso”, de fazer músicas (filmes caberiam bem aqui também) comerciais renegando as origens, se torna pauta inúmeras vezes, como na cena do programa de auditório e na gravação com um rapper. Esta ideia é personificada através a personagem de Françoise Forton, a empresária do protagonista. Embora o pensamento de que agentes profissionais sejam “vilões” ou “malvados” esteja bem ultrapassada, datando a década de 1980.

Embora novelesco ou televisivo, Coração de Cowboy tem vontade suficiente para ganhar com sua sinceridade. As relações humanas são o grande núcleo do longa. Fora isso, o insight ao universo específico apresentado se mostra ainda relevante. Para quem curte o estilo musical vale dizer que o longa não é especificamente um filme do gênero, com canções apenas pipocando em momentos específicos e na trilha sonora – que guarda participação de verdadeiras lendas da música sertaneja, como os icônicos Chitãozinho & Xororó.

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