domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Covil de Ladrões – Testosterona a mil no típico filme de ação saído dos 80´s disponível na HBO Max

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Os Bad Boys

Na década de 1980 os trogloditas do cinema de ação prosperaram. Toda uma geração (a minha) cresceu tendo a imagem de grandalhões musculosos como ideal de um herói. O nível de testosterona era tão alto que se mesclava ao celuloide e exalava das telas, mostrando personagens truculentos chutando a porta, distribuindo sopapos primeiro e perguntando depois.

Ao longo das décadas seguintes, o estilo machão de filmes foi sendo diluído. O subgênero foi homenageado e tentou ser trazido de volta à tona com a franquia Os Mercenários (2010-2014), mas o representante máximo dele na atualidade segue sendo a cinessérie Velozes e Furiosos (2001-2017). No entanto, atores como o escocês Gerard Butler correm por fora, desligado de mega franquias, e assume o manto do típico porta-voz da saudosa década, com seus ideais deturpados, politicamente incorreto até o osso e, é claro, atitude para dar e vender.



Desde 300 (2007), Butler vem se especializando neste tipo de personagem maior que a vida, e o estereotipo perfeito do brucutu. A prova disso é a fama que seu Mike Banning obteve nos filmes Invasão à Casa Branca (2013) e sua sequência Invasão a Londres (2016) – uma terceira parte é planejada para 2019. Falando nisso, esta é a transição perfeita para Covil de Ladrões, já que o filme é escrito e dirigido por Christian Gudegast, roteirista de Invasão a Londres, e produzido e protagonizado por Butler, mostrando a vontade da dupla em trabalhar juntos novamente no subgênero.

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Para ter uma ideia geral, apesar de sua aparência de Supercine rotineiro, Covil de Ladrões funciona melhor do que a primeira colaboração da dupla; é mais honesto e menos cínico quanto ao tema trabalhado. E por mais que o material seja extremamente genérico e requentado, a coisa até que funciona – engatando na maior parte do caminho.

Na trama, Butler é ‘Big Nick’ O´Brien, nome sugestivo que apenas realça o que mencionei acima. Ele é um policial de elite, líder de uma equipe de agentes que “escreve certo por linhas tortas”. Pense em Alonzo (Denzel Washington), de Dia de Treinamento (2001), com pensamentos menos deturpados e diminua alguns níveis na vilania e psicopatia. O homem da lei está seguindo de perto uma quadrilha especializada em elaborados roubos, encabeçados por um exímio ex-militar, papel de Pablo Schreiber.

Com a vigília, o personagem de Butler chega até Donnie (O´Shea Jackson Jr., o filho de Ice Cube, que interpretou o próprio pai em Straight Outta Compton, 2015), um barman que dubla como piloto de fuga, e parece estar sempre no lugar errado, na hora errada. Através das dicas forçadas de Donnie, o policial vai chegando cada vez mais perto da sofisticada gangue – mas os infratores, que parecem estar sempre a um passo à frente, podem ter outros planos antes de serem descobertos.

Covil de Ladrões tem todo o jeitão dessas produções lançadas direto no mercado de vídeo, tipo de filme que gente como Bruce Willis, Nicolas Cage e John Cusack tem se banhado ultimamente. E esse era exatamente o conceito que eu tinha do longa. Depois que assistimos, o filme sobe alguns pontos em nosso conceito. As cenas são bem realizadas, o diretor Gudegast cria bons momentos de ação, representando bem visualmente a narrativa encenada – o que não é fácil de fazer como se pensa (Michael Bay e Zach Snyder que o digam, com suas sequências de ação incompreensíveis). Além disso, o cineasta cria situações pra lá de tensas, a maioria longe da adrenalina e da ação, buscando apenas o confronto de dois personagens em tela – muitas vezes inclusive sem diálogo.

Eu diria que justamente tais trechos tensos são onde Covil de Ladrões ganha verdadeiramente vida, em situações que sabemos que vai dar m***a, e ficamos apenas esperando o trem sair dos trilhos – vide a cena do restaurante na qual Nick reconhece Donnie, ou na cena do estande de tiros entre o protagonista e o vilão. Temos que dar pontos e reconhecer que Gudegast ao menos tenta criar originalidade em seus personagens e dar-lhes desenvolvimento (o herói é falho e tem na família desfeita o calcanhar de Aquiles).

Mesmo quase todo harmonioso, Covil de Ladrões guarda momentos desnecessários em sua longuíssima duração de inacreditáveis 2h20min de projeção – como a visita do pretendente da filha do personagem de Curtis ’50 Cent’ Jackson (um dos criminosos), uma indiscrição de Nick na casa do inimigo e um desfecho que tenta desavergonhadamente ser Os Suspeitos (1995), de Bryan Singer, mas termina com gosto de enrolação sem sentido. Lá fora, Covil de Ladrões já foi comparado a tudo em menor escala (é claro), desde Fogo Contra Fogo (1995), de Michael Mann, até Caçadores de Emoção (1991), de Katheryn Bigelow.

Para este que vos fala é apenas aquele fast food do qual temos certeza do sabor insosso, mas que acabamos nos surpreendendo, mesmo que no dia seguinte já não lembremos mais da refeição.

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Ao longo das décadas seguintes, o estilo machão de filmes foi sendo diluído. O subgênero foi homenageado e tentou ser trazido de volta à tona com a franquia Os Mercenários (2010-2014), mas o representante máximo dele na atualidade segue sendo a cinessérie Velozes e Furiosos (2001-2017). No entanto, atores como o escocês Gerard Butler correm por fora, desligado de mega franquias, e assume o manto do típico porta-voz da saudosa década, com seus ideais deturpados, politicamente incorreto até o osso e, é claro, atitude para dar e vender.

Desde 300 (2007), Butler vem se especializando neste tipo de personagem maior que a vida, e o estereotipo perfeito do brucutu. A prova disso é a fama que seu Mike Banning obteve nos filmes Invasão à Casa Branca (2013) e sua sequência Invasão a Londres (2016) – uma terceira parte é planejada para 2019. Falando nisso, esta é a transição perfeita para Covil de Ladrões, já que o filme é escrito e dirigido por Christian Gudegast, roteirista de Invasão a Londres, e produzido e protagonizado por Butler, mostrando a vontade da dupla em trabalhar juntos novamente no subgênero.

Para ter uma ideia geral, apesar de sua aparência de Supercine rotineiro, Covil de Ladrões funciona melhor do que a primeira colaboração da dupla; é mais honesto e menos cínico quanto ao tema trabalhado. E por mais que o material seja extremamente genérico e requentado, a coisa até que funciona – engatando na maior parte do caminho.

Na trama, Butler é ‘Big Nick’ O´Brien, nome sugestivo que apenas realça o que mencionei acima. Ele é um policial de elite, líder de uma equipe de agentes que “escreve certo por linhas tortas”. Pense em Alonzo (Denzel Washington), de Dia de Treinamento (2001), com pensamentos menos deturpados e diminua alguns níveis na vilania e psicopatia. O homem da lei está seguindo de perto uma quadrilha especializada em elaborados roubos, encabeçados por um exímio ex-militar, papel de Pablo Schreiber.

Com a vigília, o personagem de Butler chega até Donnie (O´Shea Jackson Jr., o filho de Ice Cube, que interpretou o próprio pai em Straight Outta Compton, 2015), um barman que dubla como piloto de fuga, e parece estar sempre no lugar errado, na hora errada. Através das dicas forçadas de Donnie, o policial vai chegando cada vez mais perto da sofisticada gangue – mas os infratores, que parecem estar sempre a um passo à frente, podem ter outros planos antes de serem descobertos.

Covil de Ladrões tem todo o jeitão dessas produções lançadas direto no mercado de vídeo, tipo de filme que gente como Bruce Willis, Nicolas Cage e John Cusack tem se banhado ultimamente. E esse era exatamente o conceito que eu tinha do longa. Depois que assistimos, o filme sobe alguns pontos em nosso conceito. As cenas são bem realizadas, o diretor Gudegast cria bons momentos de ação, representando bem visualmente a narrativa encenada – o que não é fácil de fazer como se pensa (Michael Bay e Zach Snyder que o digam, com suas sequências de ação incompreensíveis). Além disso, o cineasta cria situações pra lá de tensas, a maioria longe da adrenalina e da ação, buscando apenas o confronto de dois personagens em tela – muitas vezes inclusive sem diálogo.

Eu diria que justamente tais trechos tensos são onde Covil de Ladrões ganha verdadeiramente vida, em situações que sabemos que vai dar m***a, e ficamos apenas esperando o trem sair dos trilhos – vide a cena do restaurante na qual Nick reconhece Donnie, ou na cena do estande de tiros entre o protagonista e o vilão. Temos que dar pontos e reconhecer que Gudegast ao menos tenta criar originalidade em seus personagens e dar-lhes desenvolvimento (o herói é falho e tem na família desfeita o calcanhar de Aquiles).

Mesmo quase todo harmonioso, Covil de Ladrões guarda momentos desnecessários em sua longuíssima duração de inacreditáveis 2h20min de projeção – como a visita do pretendente da filha do personagem de Curtis ’50 Cent’ Jackson (um dos criminosos), uma indiscrição de Nick na casa do inimigo e um desfecho que tenta desavergonhadamente ser Os Suspeitos (1995), de Bryan Singer, mas termina com gosto de enrolação sem sentido. Lá fora, Covil de Ladrões já foi comparado a tudo em menor escala (é claro), desde Fogo Contra Fogo (1995), de Michael Mann, até Caçadores de Emoção (1991), de Katheryn Bigelow.

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