domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Crimes de Família – Netflix lança Suspense intrigante sobre assassinato

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Alicia (Cecilia Roth) é uma mulher rica, e gosta de sê-lo. Gosta de receber as amigas em casa para jantares e chás da tarde regados a fofocas sobre a vida alheia. Gosta de ter Gladys (Yanina Ávila) como sua empregada, mesmo que ela fique com o filho pequeno dela em casa. Aliás, Alicia gosta de fazer-se essencial para esses dois – que, sem ela, nada seriam. Um dia, o telefone toca e é Daniel (Benjamín Amadeo), seu filho, ligando da prisão. Pega de surpresa, ela irá buscar todas as formas para salvar o filho do destino certo no cárcere e manter a reputação de sua família imaculada, afinal, família vem em primeiro lugar, e a sua vem acima de todas as outras.



Olhando assim parece que ‘Crimes de Família’ tem um argumento simples, e tem mesmo. A diferença aqui é a forma como o roteiro de Pablo del Teso e Sebastián Schindel vai apresentando a história. Vemos isso desde a primeira cena, que é mostrada só um pouquinho (ela é fundamental para o desenrolar da história), e, toda vez que o filme avança um pouco, acrescentando elementos para a compreensão do espectador, o roteiro volta e traz um pouquinho mais dessa primeira cena. Isso é feito para que tanto nós, espectadores, quanto a protagonista Alicia possamos seguir juntos no descobrir dos eventos – ou seja, ela vai entendendo as coisas junto com a gente.

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Dirigido pelo também roteirista Sebastián Schindel, destaca-se a habilidade desse diretor em fazer muito com pouco – e se apropriar desse pouco. Por exemplo: o estilo de vida soberbo e aristocrático de Alicia se destaca aos nossos olhos, até mesmo para as coisas mais triviais; mas atente-se, porque o que parece corriqueiro de igual maneira ganha significado no enredo de ‘Crimes de Família’. Sebastián Schindel também se apropria bem dos ambientes em que filma, usando-os como personagens de ostentação em seu filme – a casa, o apartamento, a escola, o tribunal, a prisão etc, tudo faz parte e influencia na construção dessa história.

Em uma camada superficial, ‘Crimes de Família’ pode parecer um episódio estendido de um desses programas televisivos de investigação criminal, como Law and Order ou CSI, e em muitos aspectos até o é, só que numa versão argentina do programa, e na Netflix, com um bocado de influência do dramaturgo alemão Bertold Brecht. Porém, o que ‘Crimes de Família’ oferece é um retrato de como o racismo estrutural funciona em todos os aspectos sociais, e em todos os países. E isso é visto de maneira bem evidente (para quem quiser ver né, claro) através da história da empregada Gladys, que deve se sentir grata por morar na casa da patroa. Não à toa, é um filme baseado em história real.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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Alicia (Cecilia Roth) é uma mulher rica, e gosta de sê-lo. Gosta de receber as amigas em casa para jantares e chás da tarde regados a fofocas sobre a vida alheia. Gosta de ter Gladys (Yanina Ávila) como sua empregada, mesmo que ela fique com o filho pequeno dela em casa. Aliás, Alicia gosta de fazer-se essencial para esses dois – que, sem ela, nada seriam. Um dia, o telefone toca e é Daniel (Benjamín Amadeo), seu filho, ligando da prisão. Pega de surpresa, ela irá buscar todas as formas para salvar o filho do destino certo no cárcere e manter a reputação de sua família imaculada, afinal, família vem em primeiro lugar, e a sua vem acima de todas as outras.

Olhando assim parece que ‘Crimes de Família’ tem um argumento simples, e tem mesmo. A diferença aqui é a forma como o roteiro de Pablo del Teso e Sebastián Schindel vai apresentando a história. Vemos isso desde a primeira cena, que é mostrada só um pouquinho (ela é fundamental para o desenrolar da história), e, toda vez que o filme avança um pouco, acrescentando elementos para a compreensão do espectador, o roteiro volta e traz um pouquinho mais dessa primeira cena. Isso é feito para que tanto nós, espectadores, quanto a protagonista Alicia possamos seguir juntos no descobrir dos eventos – ou seja, ela vai entendendo as coisas junto com a gente.

Dirigido pelo também roteirista Sebastián Schindel, destaca-se a habilidade desse diretor em fazer muito com pouco – e se apropriar desse pouco. Por exemplo: o estilo de vida soberbo e aristocrático de Alicia se destaca aos nossos olhos, até mesmo para as coisas mais triviais; mas atente-se, porque o que parece corriqueiro de igual maneira ganha significado no enredo de ‘Crimes de Família’. Sebastián Schindel também se apropria bem dos ambientes em que filma, usando-os como personagens de ostentação em seu filme – a casa, o apartamento, a escola, o tribunal, a prisão etc, tudo faz parte e influencia na construção dessa história.

Em uma camada superficial, ‘Crimes de Família’ pode parecer um episódio estendido de um desses programas televisivos de investigação criminal, como Law and Order ou CSI, e em muitos aspectos até o é, só que numa versão argentina do programa, e na Netflix, com um bocado de influência do dramaturgo alemão Bertold Brecht. Porém, o que ‘Crimes de Família’ oferece é um retrato de como o racismo estrutural funciona em todos os aspectos sociais, e em todos os países. E isso é visto de maneira bem evidente (para quem quiser ver né, claro) através da história da empregada Gladys, que deve se sentir grata por morar na casa da patroa. Não à toa, é um filme baseado em história real.

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