sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica | Cuidado com o Slenderman – realidade mais assustadora que a ficção no documentário da HBO

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De tempos em tempos me pego pensando sobre o impacto da tecnologia em nossas vidas, mas em especial nas vidas das crianças, nascidas na geração do dedo no botão, teclado e touch screen. Ainda é surreal conceber que infantes tenham uma relação melhor com certas máquinas do que nós adultos. No entanto, tal adaptação a esta realidade é mais do que necessária e é preciso superar o choque.

Parte desta discussão é o que temos como proposta no documentário Cuidado com o Slenderman (Beware the Slenderman), nova produção original da HBO, que estreou ontem, dia 15 de maio, no canal e em breve cairá no acervo da HBO Go, para ser assistido a qualquer hora. Um dos tópicos interessantes levantados nesta investigação, e um dos que mais assusta, é a influência da internet na vida de meninos e meninas, muitas vezes sem controle. O tema já foi muito usado, de forma recorrente, em produções de ficção, vide Homens, Mulheres e Filhos (2014), de Jason Reitman.



Desde que foi criada, a internet aprimorou nosso dia a dia, mas também se mostrou um território sem lei, o qual poderia afetar de forma cruel nossa vida fora da virtualidade. Eu que cresci nos anos 1980, e no fim da década seguinte já era um jovem rapaz, lembro dos encontros que costumavam ser marcados às cegas com totais estranhos. Lembro também da história do rapaz que, traído pela namorada, resolveu espalhar pela rede fotos íntimas da moça como vingança, ambos colegiais, numa época em que a world wide web apenas engatinhava.

Tudo isso para chegarmos na inacreditável história das jovens Morgan Geyser e Anissa Weir, ambas de 12 anos de idade, que tentaram assassinar, com 19 facadas, a coleguinha Payton ‘Bella’ Leutner, em nome de uma lenda criada na internet. Surgido em 2009, o Slender man, ou Homem Esguio (como ficou conhecido no Brasil), foi criado como um meme pelo usuário Eric Knudsen, e rapidamente se espalhou pela rede tornando-se uma lenda urbana. A figura de um homem sem rosto, de terno e com braços e pernas alongados, permeou diversos sites especializados em terror e afins, criando um misticismo ao redor do personagem, que soa como algo mais antigo do que verdadeiramente é.

Os mais impressionáveis, pré-adolescentes, crianças e adolescentes são quem mais sofrem com a figura sinistra, que em pouco tempo era dona de seus pesadelos e subconscientes. Mas como é legal sentir medo nessa época e parecer que estamos fazendo algo escondido. Em determinado momento do documentário, uma psicóloga afirma que esta é a pior fase para nos sentirmos sós, já que a idade pede interação humana.

As adolescentes, aparentemente vindas de famílias amorosas e atenciosas, ultrapassaram a linha que divide a realidade da fantasia, e adentraram num perigoso mundo. O chocante crime descrito no filme chega sem o remorso das pequenas psicopatas, e durante a projeção acompanhamos o interrogatório de policiais, nos quais as meninas soam cada vez mais distantes de qualquer bússola moral, além do julgamento, que já as aprisiona por três anos. A decisão é julgá-las como adultas este ano.

O que chama atenção no documentário, dirigido por Irene Taylor Brodsky, é a frieza das mães das meninas ao refletirem sobre o ocorrido, parecendo tão distantes da realidade que as cerca quanto as crias. Por outro lado, os pais, de ambas, são quem desabam de emoção, comportamento esperado levando em conta que seus anjinhos poderão ficar encarceradas por quase uma vida se condenadas. Cuidado com o Slender Man faz mais do que assustar com sustos baratos, ou passar medo com uma criatura saída da fantasia. O filme mostra que nada jamais será tão perturbador quanto a mente humana.

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Parte desta discussão é o que temos como proposta no documentário Cuidado com o Slenderman (Beware the Slenderman), nova produção original da HBO, que estreou ontem, dia 15 de maio, no canal e em breve cairá no acervo da HBO Go, para ser assistido a qualquer hora. Um dos tópicos interessantes levantados nesta investigação, e um dos que mais assusta, é a influência da internet na vida de meninos e meninas, muitas vezes sem controle. O tema já foi muito usado, de forma recorrente, em produções de ficção, vide Homens, Mulheres e Filhos (2014), de Jason Reitman.

Desde que foi criada, a internet aprimorou nosso dia a dia, mas também se mostrou um território sem lei, o qual poderia afetar de forma cruel nossa vida fora da virtualidade. Eu que cresci nos anos 1980, e no fim da década seguinte já era um jovem rapaz, lembro dos encontros que costumavam ser marcados às cegas com totais estranhos. Lembro também da história do rapaz que, traído pela namorada, resolveu espalhar pela rede fotos íntimas da moça como vingança, ambos colegiais, numa época em que a world wide web apenas engatinhava.

Tudo isso para chegarmos na inacreditável história das jovens Morgan Geyser e Anissa Weir, ambas de 12 anos de idade, que tentaram assassinar, com 19 facadas, a coleguinha Payton ‘Bella’ Leutner, em nome de uma lenda criada na internet. Surgido em 2009, o Slender man, ou Homem Esguio (como ficou conhecido no Brasil), foi criado como um meme pelo usuário Eric Knudsen, e rapidamente se espalhou pela rede tornando-se uma lenda urbana. A figura de um homem sem rosto, de terno e com braços e pernas alongados, permeou diversos sites especializados em terror e afins, criando um misticismo ao redor do personagem, que soa como algo mais antigo do que verdadeiramente é.

Os mais impressionáveis, pré-adolescentes, crianças e adolescentes são quem mais sofrem com a figura sinistra, que em pouco tempo era dona de seus pesadelos e subconscientes. Mas como é legal sentir medo nessa época e parecer que estamos fazendo algo escondido. Em determinado momento do documentário, uma psicóloga afirma que esta é a pior fase para nos sentirmos sós, já que a idade pede interação humana.

As adolescentes, aparentemente vindas de famílias amorosas e atenciosas, ultrapassaram a linha que divide a realidade da fantasia, e adentraram num perigoso mundo. O chocante crime descrito no filme chega sem o remorso das pequenas psicopatas, e durante a projeção acompanhamos o interrogatório de policiais, nos quais as meninas soam cada vez mais distantes de qualquer bússola moral, além do julgamento, que já as aprisiona por três anos. A decisão é julgá-las como adultas este ano.

O que chama atenção no documentário, dirigido por Irene Taylor Brodsky, é a frieza das mães das meninas ao refletirem sobre o ocorrido, parecendo tão distantes da realidade que as cerca quanto as crias. Por outro lado, os pais, de ambas, são quem desabam de emoção, comportamento esperado levando em conta que seus anjinhos poderão ficar encarceradas por quase uma vida se condenadas. Cuidado com o Slender Man faz mais do que assustar com sustos baratos, ou passar medo com uma criatura saída da fantasia. O filme mostra que nada jamais será tão perturbador quanto a mente humana.

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