domingo , 22 dezembro , 2024

Crítica | Dahmer: Um Canibal Americano: Ryan Murphy revisita um dos piores serial killers com brilhante e doentia minissérie da Netflix

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Embora o caso do serial killer Jeffrey Dahmer tenha se tornado um dos mais chocantes dos Estados Unidos, seu nome nunca conquistou o mesmo alcance popular global que outras perversas figuras como Jack, o Stripador, o Palhaço Assassino e Charles Manson – que invariavelmente se infiltraram na cultura POP mundial de alguma forma. Ainda assim, suas digitais imundas de sangue marcaram a história americana como poucas vezes testemunhamos.



O ano era 1991 e um jovem de cabelos loiros lisos, semblante abatido e pele visivelmente pálida tinha o seu destino eternamente selado ao deixar uma de suas vítimas – um belo homem negro gray – escapar poucos instantes antes de matá-lo. E o que quase fora despercebido pela polícia de Milwaukee, rapidamente se transformou em um dos casos mais escabrosos das últimas décadas. Ryan Murphy faz um apurado resgate dessa terrível trajetória de Jeffrey Dahmer em sua nova minissérie biográfica, Dahmer: Um Canibal Americano. A produção mais pesada e difícil de digerir de toda a sua carreira, a original Netflix é o novo fruto de sua milionária parceria exclusiva com a gigante do streaming.

Trazendo o excelente Evan Peters no papel homônimo, a série remonta toda a jornada de Dahmer de forma grotesca e brutal, fazendo do grafismo sua principal característica. Aqui, nenhuma morte, nenhum abuso e nenhuma atrocidade são poupados dos olhos da audiência. Como um remédio profundamente amargo que não nos desce, a produção flerta com o formato documental para expressar a voracidade doentia de Jeffrey para muito além do que qualquer reportagem jornalística, documentário ou publicação escrita tenha feito.

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Destinada aos de estômago forte e exigindo pequenas pausas – tamanha sua densidade -, a original Netflix ainda nos lembra o quanto as divisões raciais custaram ao povo preto norte-americano. Entre negligência governamental e vista grossa por parte da polícia, os 10 episódios relatam os dilemas de uma comunidade reduzida à sua cor e subjugada a um sistema que favorece o agressor, unicamente por seu tom de pele mais claro. E enquanto Murphy e Ian Brennan não poupam críticas à polícia local de Milwaukee, a trama segue fazendo uma espécie de serviço de utilidade pública, dando voz às vítimas e suas famílias, em episódios que mostram o lado da história que a imprensa pouco ou quase nada relatou.

E embora seja definitivamente uma experiência dolorosa para aqueles que ainda vivem o luto de seus filhos, sobrinhos, netos e irmãos falecidos, é inegável reconhecer que Dahmer: Um Canibal Americano cumpre seu papel como um mea culpa. Olhando para os inúmeros jovens gays (ou não) que foram dilacerados pelas mãos do serial killer, a minissérie honra suas memórias, suas histórias e a curta vida que tiveram. Levando uma parte generosa de nós a cada episódio, a produção ainda nos machuca enquanto audiência, nos embrulha o estômago e nos faz chorar diante dos dolorosos desabafos de cada familiar, feitos durante o julgamento.

Com uma fotografia sombria e uma direção mais taciturna, a série original da Netflix é tecnicamente brilhante. Trazendo uma nova e assustadora faceta do ator Evan Peters – que navega entre papéis díspares com tanta facilidade e reluz em tela -, ela nos engole para dentro dos horrores de Jeffrey Dahmer, tornando-se uma experiência conflitante e dúbia. Em meio a tanto pavor, há também uma arte tão bem executada. E com um roteiro delicado e cenas de respiro que respeitam o formato de produção que Ryan Murphy adora empregar em tudo o que faz (como nas cenas de balada – quer estética mais Murphy que isso?), Dahmer: Um Canibal Americano é de partir o coração. Com um final propositalmente vazio, que faz referência às vozes abafadas ao longo de toda a trajetória criminosa do assassino, a minissérie homenageia as vítimas, mas ainda deixa um enorme vazio que nem mesmo o mais belo tributo seria capaz de preencher.

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Crítica | Dahmer: Um Canibal Americano: Ryan Murphy revisita um dos piores serial killers com brilhante e doentia minissérie da Netflix

Embora o caso do serial killer Jeffrey Dahmer tenha se tornado um dos mais chocantes dos Estados Unidos, seu nome nunca conquistou o mesmo alcance popular global que outras perversas figuras como Jack, o Stripador, o Palhaço Assassino e Charles Manson – que invariavelmente se infiltraram na cultura POP mundial de alguma forma. Ainda assim, suas digitais imundas de sangue marcaram a história americana como poucas vezes testemunhamos.

O ano era 1991 e um jovem de cabelos loiros lisos, semblante abatido e pele visivelmente pálida tinha o seu destino eternamente selado ao deixar uma de suas vítimas – um belo homem negro gray – escapar poucos instantes antes de matá-lo. E o que quase fora despercebido pela polícia de Milwaukee, rapidamente se transformou em um dos casos mais escabrosos das últimas décadas. Ryan Murphy faz um apurado resgate dessa terrível trajetória de Jeffrey Dahmer em sua nova minissérie biográfica, Dahmer: Um Canibal Americano. A produção mais pesada e difícil de digerir de toda a sua carreira, a original Netflix é o novo fruto de sua milionária parceria exclusiva com a gigante do streaming.

Trazendo o excelente Evan Peters no papel homônimo, a série remonta toda a jornada de Dahmer de forma grotesca e brutal, fazendo do grafismo sua principal característica. Aqui, nenhuma morte, nenhum abuso e nenhuma atrocidade são poupados dos olhos da audiência. Como um remédio profundamente amargo que não nos desce, a produção flerta com o formato documental para expressar a voracidade doentia de Jeffrey para muito além do que qualquer reportagem jornalística, documentário ou publicação escrita tenha feito.

Destinada aos de estômago forte e exigindo pequenas pausas – tamanha sua densidade -, a original Netflix ainda nos lembra o quanto as divisões raciais custaram ao povo preto norte-americano. Entre negligência governamental e vista grossa por parte da polícia, os 10 episódios relatam os dilemas de uma comunidade reduzida à sua cor e subjugada a um sistema que favorece o agressor, unicamente por seu tom de pele mais claro. E enquanto Murphy e Ian Brennan não poupam críticas à polícia local de Milwaukee, a trama segue fazendo uma espécie de serviço de utilidade pública, dando voz às vítimas e suas famílias, em episódios que mostram o lado da história que a imprensa pouco ou quase nada relatou.

E embora seja definitivamente uma experiência dolorosa para aqueles que ainda vivem o luto de seus filhos, sobrinhos, netos e irmãos falecidos, é inegável reconhecer que Dahmer: Um Canibal Americano cumpre seu papel como um mea culpa. Olhando para os inúmeros jovens gays (ou não) que foram dilacerados pelas mãos do serial killer, a minissérie honra suas memórias, suas histórias e a curta vida que tiveram. Levando uma parte generosa de nós a cada episódio, a produção ainda nos machuca enquanto audiência, nos embrulha o estômago e nos faz chorar diante dos dolorosos desabafos de cada familiar, feitos durante o julgamento.

Com uma fotografia sombria e uma direção mais taciturna, a série original da Netflix é tecnicamente brilhante. Trazendo uma nova e assustadora faceta do ator Evan Peters – que navega entre papéis díspares com tanta facilidade e reluz em tela -, ela nos engole para dentro dos horrores de Jeffrey Dahmer, tornando-se uma experiência conflitante e dúbia. Em meio a tanto pavor, há também uma arte tão bem executada. E com um roteiro delicado e cenas de respiro que respeitam o formato de produção que Ryan Murphy adora empregar em tudo o que faz (como nas cenas de balada – quer estética mais Murphy que isso?), Dahmer: Um Canibal Americano é de partir o coração. Com um final propositalmente vazio, que faz referência às vozes abafadas ao longo de toda a trajetória criminosa do assassino, a minissérie homenageia as vítimas, mas ainda deixa um enorme vazio que nem mesmo o mais belo tributo seria capaz de preencher.

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