sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica de Álbum | 1989 – Taylor Swift e sua nostálgica originalidade

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Toda carreira musical eventualmente preza por mudanças – e tais mudanças são muito bem-vindas. É claro que, apesar das múltiplas tentativas, essa busca por algo novo às vezes enfrenta obstáculos e acaba caindo em convenções conhecidas e monótonas ao invés de oferecer ao público algo original e interessante. Felizmente, não é isso o que acontece com 1989, quinto álbum de estúdio de Taylor Swift e que representa, de longe, um incrível ápice em sua carreira iniciada aos quinze anos de idade.

É costumeiro perceber que, logo após um sucesso, a expectativa de determinado público-alvo, ávido por mais composições e obras envolventes, alcance níveis inenarráveis – e por mais que certa parte dos ouvintes não se relacione com o estilo musical de Swift, é inegável dizer que a jovem cantora carrega consigo uma mentalidade mercadológica de ponta e, por vezes, invejável. Não é surpresa que o período que sucedeu o lançamento de Red (2012) serviu para seu amadurecimento e sua fluida transição para a multimilionária indústria do pop – e mais: seu aguardado disco também serviu para reafirmar sua paixão pelo clássico synth-pop da década de 1980, trazida com força em diversas faixas.



A produção musical pode até ser mimética, mas não peca em apenas imitar ou homenagear construções já existentes. Mesmo que a primeira track, Welcome to New York”, funcione como uma apresentação teatral e animada, ainda que previsível, ela não revela o restante do conteúdo – e esse é o aprazível pano de fundo que nos acompanha do começo ao fim. Swift é auxiliada por nomes como Max Martin e Shellback e mostra-se inspirada em grande parte do CD, ainda que deslize aqui e ali, talvez apenas para suprimir algumas necessidades mais populares e modestas. De qualquer forma, mesmo os perceptíveis equívocos não conseguem apagar ou desconstruir o que a artista procura como mensagem principal.

Não há como negar que Taylor acaba deixando para trás suas tendências country e abra portas para um respaldo que não aparecia com tanta força em sua carreira. Porém, ela prefere aglutinar ao renegar o que a colocou no topo da indústria musical, tanto que algumas músicas retomam a beleza da guitarra e a presença extremamente sutil do baixo e do banjo – escolhas nostálgicas que, em geral, funcionam (e aqui, menciono, por exemplo, I Wish You Would”, que resgata seus vestígios interioranos dos Estados Unidos de modo belo e competente).

1989 parece ter ciência de sua estrutura e, mesmo começando de forma morna, cresce ao longo de suas cinco primeiras faixas. Desde o dançante e minimalista Blank Space”, que explode em um épico refrão recheado de fusões do electro e do dance-pop, até All You Had To Do Was Stay”, uma irreverente iteração que permite a insurgência de um convidativo cosmos, Swift explora a si mesma ao máximo e não se cansa, nem nos cansa. Style” também aparece como uma brincadeira estilística declarativa entre “James Dean daydream look in your eyes”, cuja proposital rima é bastante lúdica, mas é Out of the Woods” que nos rouba a atenção por estruturar-se em um propositalmente ultrarromântico tour-de-force.

A quebra nessa fluidez quase mágica vem no miolo do disco, mais precisamente com a pedante Shake It Off”. Aqui, desde a instrumentalização vocal até o arranjo composicional se forçam em um monótono e repetitivo ciclo que, na verdade, não contribui em nada para a obra e se torna datada em pouquíssimo tempo. Felizmente, a volta por cima já ocorre nas próximas faixas, alçando voo em duas belíssimas e melódicas baladas – This Love”, que sem dúvida explora a potência da cantora, e Clean”, uma conclusão bastante satisfatória e que resume cada uma das mensagens das composições anteriores.

1989 é uma ótima adição à discografia de Taylor Swift que, recheada de competentes construções, representa uma brusca e adorável mudança em seu estilo, encontrando um equilíbrio quase perfeito entre suas raízes e sua nova perspectiva.

Nota por faixa:

  • Welcome To New York – 3,5/5
  • Blank Space – 4/5
  • Style – 4,5/5
  • Out Of The Woods – 5/5
  • All You Had To Do Was Stay – 4,5/5
  • Shake It Off – 2,5/5
  • I Wish You Would – 4/5
  • Bad Blood – 3/5
  • Wildest Dreams – 3,5/5
  • How You Get The Girl – 4/5
  • This Love – 4,5/5
  • I Know Places – 4/5
  • Clean – 4/5
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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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É costumeiro perceber que, logo após um sucesso, a expectativa de determinado público-alvo, ávido por mais composições e obras envolventes, alcance níveis inenarráveis – e por mais que certa parte dos ouvintes não se relacione com o estilo musical de Swift, é inegável dizer que a jovem cantora carrega consigo uma mentalidade mercadológica de ponta e, por vezes, invejável. Não é surpresa que o período que sucedeu o lançamento de Red (2012) serviu para seu amadurecimento e sua fluida transição para a multimilionária indústria do pop – e mais: seu aguardado disco também serviu para reafirmar sua paixão pelo clássico synth-pop da década de 1980, trazida com força em diversas faixas.

A produção musical pode até ser mimética, mas não peca em apenas imitar ou homenagear construções já existentes. Mesmo que a primeira track, Welcome to New York”, funcione como uma apresentação teatral e animada, ainda que previsível, ela não revela o restante do conteúdo – e esse é o aprazível pano de fundo que nos acompanha do começo ao fim. Swift é auxiliada por nomes como Max Martin e Shellback e mostra-se inspirada em grande parte do CD, ainda que deslize aqui e ali, talvez apenas para suprimir algumas necessidades mais populares e modestas. De qualquer forma, mesmo os perceptíveis equívocos não conseguem apagar ou desconstruir o que a artista procura como mensagem principal.

Não há como negar que Taylor acaba deixando para trás suas tendências country e abra portas para um respaldo que não aparecia com tanta força em sua carreira. Porém, ela prefere aglutinar ao renegar o que a colocou no topo da indústria musical, tanto que algumas músicas retomam a beleza da guitarra e a presença extremamente sutil do baixo e do banjo – escolhas nostálgicas que, em geral, funcionam (e aqui, menciono, por exemplo, I Wish You Would”, que resgata seus vestígios interioranos dos Estados Unidos de modo belo e competente).

1989 parece ter ciência de sua estrutura e, mesmo começando de forma morna, cresce ao longo de suas cinco primeiras faixas. Desde o dançante e minimalista Blank Space”, que explode em um épico refrão recheado de fusões do electro e do dance-pop, até All You Had To Do Was Stay”, uma irreverente iteração que permite a insurgência de um convidativo cosmos, Swift explora a si mesma ao máximo e não se cansa, nem nos cansa. Style” também aparece como uma brincadeira estilística declarativa entre “James Dean daydream look in your eyes”, cuja proposital rima é bastante lúdica, mas é Out of the Woods” que nos rouba a atenção por estruturar-se em um propositalmente ultrarromântico tour-de-force.

A quebra nessa fluidez quase mágica vem no miolo do disco, mais precisamente com a pedante Shake It Off”. Aqui, desde a instrumentalização vocal até o arranjo composicional se forçam em um monótono e repetitivo ciclo que, na verdade, não contribui em nada para a obra e se torna datada em pouquíssimo tempo. Felizmente, a volta por cima já ocorre nas próximas faixas, alçando voo em duas belíssimas e melódicas baladas – This Love”, que sem dúvida explora a potência da cantora, e Clean”, uma conclusão bastante satisfatória e que resume cada uma das mensagens das composições anteriores.

1989 é uma ótima adição à discografia de Taylor Swift que, recheada de competentes construções, representa uma brusca e adorável mudança em seu estilo, encontrando um equilíbrio quase perfeito entre suas raízes e sua nova perspectiva.

Nota por faixa:

  • Welcome To New York – 3,5/5
  • Blank Space – 4/5
  • Style – 4,5/5
  • Out Of The Woods – 5/5
  • All You Had To Do Was Stay – 4,5/5
  • Shake It Off – 2,5/5
  • I Wish You Would – 4/5
  • Bad Blood – 3/5
  • Wildest Dreams – 3,5/5
  • How You Get The Girl – 4/5
  • This Love – 4,5/5
  • I Know Places – 4/5
  • Clean – 4/5
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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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