sexta-feira , 22 novembro , 2024

Crítica de Álbum | ‘Rare’ é pura poesia intimista na voz de Selena Gomez

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Selena Gomez ganhou fama após estrelar na série fan-favorite ‘Os Feiticeiros de Waverly Place’ e, desde 2009, depois de mergulhar na indústria fonográfica com o lançamento de seu primeiro álbum, ‘Kiss & Tell’, ao lado da banda The Scene. Ainda que as músicas não fizessem muito sucesso crítico – principalmente por parecem pré-fabricadas -, Gomez trilhou um caminho em busca de sua autenticidade ao investir na carreira solo, comovendo os fãs (e o público em geral) com a estreia do ótimo Revival, que nos mostrou uma faceta mais amadurecida e mais pungente de sua construção artística. Cinco anos depois e diversos obstáculos que enfrentou nesse tempo, a cantora reencontrou-se com a chegada de Rare, uma obra única como prenuncia o título e recheada de belas mensagens de superação e autoaceitação.

Depois da divulgação dos dois singles promocionais – que mais uma vez nos surpreenderam pelo dramático teor lírico de lead singer -, ouvir o álbum novo de Selena é um jeito ótimo de começar o ano, ainda mais pela track que abre essa intimista jornada. Rare busca por uma batida mais convencional, explorada em outras canções da artista (vide “Bad Liar”), mas aproveita essa conhecida fórmula para deixar que ela se entregue a poderosos versos que oscilam entre o fundo do poço e a ressurreição de alguém que não era enxergada e, agora, percebeu que precisa apenas de si mesma. Ora, ela até mesmo se condiciona a continuar sua nova trajetória com a deliciosa e inesperada “Dance Again”, cujo clássico minimalismo sintético aglutina elementos noventistas e contemporâneos.



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É inegável dizer que, seguindo os passos de seu CD anterior, Gomez mostra sua versatilidade em unir diversos gêneros e suis-generis em uma coesa produção – resultado também de sua colaboração com nomes como Sir Nolan, Finneas (que trabalhou com Billie Eilish no conceitual ‘When We All Fall Asleep, Where Do We Go?’) e Simon Says. O trio consecutivo às músicas supracitadas, iniciado com o dissonante “Look at Her Now”, passando pela comoção declamatória e atormentada de “Lose You to Love Me” e culminando na saliência sensual de “Ring” – para a qual estende suas raízes latinas e até mesmo aposta em um potente soubrette.

A cantora não pensa duas vezes em desejar expressas suas vulnerabilidades românticas e pessoais em diversas iterações do álbum, além de fazer questão de prestar homenagem para influências automaticamente perceptíveis em algumas das faixas. A autoexplicativa “Vulnerable” recua-se em um controverso minimalismo retumbante que se ergue a partir de uma ambiência dark, onírica e apaixonante, que a aproxima de nomes como Madonna e Miley Cyrus (nomes que já utilizaram essa mesma tendência explanada em alguns de seus hits mais famosos). A inequívoca envolvência também é refletida em outros momentos, como o hino trap-pop “People You Know” (seguindo algo parecido a “Afterlife”, de Hailee Steinfeld) e a soporífera “Crowded Room”.

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As escolhas estéticas são pensadas meticulosamente pela extensa equipe com a qual a performer trabalha. E, diferente da transbordante amálgama que em que o CD poderia se transformar, as dezenas de pessoas que acompanham-na nessa construção convergem para um tema em comum e um sábio liricismo que as perfileira em uma linha narrativa com começo, meio e fim. “Kinda Crazy” trabalha dentro de uma já mencionada dissonância proposital que ecoa em meio a abafados trompetes e um baixo bem estruturado e, apesar da letra “pueril”, fala sobre os perigos de um relacionamento abusivo baseado em mentiras e diversões perturbadas; “Cut You Off” nutre de uma coincidência chocante com “Never Be The Same”, mas logo se encontra com um narcótico R&B movido por apenas dois instrumentos principais e libertadores versos.

Se Selena conduz bem seu caminho por dois terços da obra, nos presenteando com um lado sexy de sua persona que já vinha se manifestando desde ‘Stars Dance’, ela se perde nas últimas faixas para um desfecho que não tem lugar dentro do enredo que nos mostrara. “Fun” ainda carrega uma parte da sonoridade e dos instrumentais originais explorados em tracks anteriores, mas nos dá uma sensação repetitiva conforme nos aproximamos dos atos conclusivos; “A Sweeter Place”, por sua vez, é uma enjoativa composição que perde seu sentido e que abusa de uma distorção eletrônica cansativa – mesmo que a mensagem seja a mais doce e inocente possível.

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Rare é uma ótima entrada para a recém-avivada discografia de Gomez, que há alguns anos apresentava ao público um capítulo novo de sua história e que, eventualmente, conseguiu canalizar para um longo e pessoal desabafo entalado em sua garganta desde o momento em que se percebeu como uma pessoa independente e uma incrível artista que merece mais reconhecimento do que já tem.

Nota por faixa:

  • Rare – 3,5/5
  • Dance Again – 4,5/5
  • Look at Her Now – 4/5
  • Lose You to Love Me – 5/5
  • Ring – 5/5
  • Vulnerable – 4/5
  • People You Know – 3,5/5
  • Let Me Get Me – 4/5
  • Crowded Room (with 6lack) – 4/5
  • Kinda Crazy – 4/5
  • Fun – 3/5
  • Cut You Off – 5/5
  • A Sweeter Place (feat. Kid Cudi) – 1,5/5

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Depois da divulgação dos dois singles promocionais – que mais uma vez nos surpreenderam pelo dramático teor lírico de lead singer -, ouvir o álbum novo de Selena é um jeito ótimo de começar o ano, ainda mais pela track que abre essa intimista jornada. Rare busca por uma batida mais convencional, explorada em outras canções da artista (vide “Bad Liar”), mas aproveita essa conhecida fórmula para deixar que ela se entregue a poderosos versos que oscilam entre o fundo do poço e a ressurreição de alguém que não era enxergada e, agora, percebeu que precisa apenas de si mesma. Ora, ela até mesmo se condiciona a continuar sua nova trajetória com a deliciosa e inesperada “Dance Again”, cujo clássico minimalismo sintético aglutina elementos noventistas e contemporâneos.

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É inegável dizer que, seguindo os passos de seu CD anterior, Gomez mostra sua versatilidade em unir diversos gêneros e suis-generis em uma coesa produção – resultado também de sua colaboração com nomes como Sir Nolan, Finneas (que trabalhou com Billie Eilish no conceitual ‘When We All Fall Asleep, Where Do We Go?’) e Simon Says. O trio consecutivo às músicas supracitadas, iniciado com o dissonante “Look at Her Now”, passando pela comoção declamatória e atormentada de “Lose You to Love Me” e culminando na saliência sensual de “Ring” – para a qual estende suas raízes latinas e até mesmo aposta em um potente soubrette.

A cantora não pensa duas vezes em desejar expressas suas vulnerabilidades românticas e pessoais em diversas iterações do álbum, além de fazer questão de prestar homenagem para influências automaticamente perceptíveis em algumas das faixas. A autoexplicativa “Vulnerable” recua-se em um controverso minimalismo retumbante que se ergue a partir de uma ambiência dark, onírica e apaixonante, que a aproxima de nomes como Madonna e Miley Cyrus (nomes que já utilizaram essa mesma tendência explanada em alguns de seus hits mais famosos). A inequívoca envolvência também é refletida em outros momentos, como o hino trap-pop “People You Know” (seguindo algo parecido a “Afterlife”, de Hailee Steinfeld) e a soporífera “Crowded Room”.

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As escolhas estéticas são pensadas meticulosamente pela extensa equipe com a qual a performer trabalha. E, diferente da transbordante amálgama que em que o CD poderia se transformar, as dezenas de pessoas que acompanham-na nessa construção convergem para um tema em comum e um sábio liricismo que as perfileira em uma linha narrativa com começo, meio e fim. “Kinda Crazy” trabalha dentro de uma já mencionada dissonância proposital que ecoa em meio a abafados trompetes e um baixo bem estruturado e, apesar da letra “pueril”, fala sobre os perigos de um relacionamento abusivo baseado em mentiras e diversões perturbadas; “Cut You Off” nutre de uma coincidência chocante com “Never Be The Same”, mas logo se encontra com um narcótico R&B movido por apenas dois instrumentos principais e libertadores versos.

Se Selena conduz bem seu caminho por dois terços da obra, nos presenteando com um lado sexy de sua persona que já vinha se manifestando desde ‘Stars Dance’, ela se perde nas últimas faixas para um desfecho que não tem lugar dentro do enredo que nos mostrara. “Fun” ainda carrega uma parte da sonoridade e dos instrumentais originais explorados em tracks anteriores, mas nos dá uma sensação repetitiva conforme nos aproximamos dos atos conclusivos; “A Sweeter Place”, por sua vez, é uma enjoativa composição que perde seu sentido e que abusa de uma distorção eletrônica cansativa – mesmo que a mensagem seja a mais doce e inocente possível.

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Rare é uma ótima entrada para a recém-avivada discografia de Gomez, que há alguns anos apresentava ao público um capítulo novo de sua história e que, eventualmente, conseguiu canalizar para um longo e pessoal desabafo entalado em sua garganta desde o momento em que se percebeu como uma pessoa independente e uma incrível artista que merece mais reconhecimento do que já tem.

Nota por faixa:

  • Rare – 3,5/5
  • Dance Again – 4,5/5
  • Look at Her Now – 4/5
  • Lose You to Love Me – 5/5
  • Ring – 5/5
  • Vulnerable – 4/5
  • People You Know – 3,5/5
  • Let Me Get Me – 4/5
  • Crowded Room (with 6lack) – 4/5
  • Kinda Crazy – 4/5
  • Fun – 3/5
  • Cut You Off – 5/5
  • A Sweeter Place (feat. Kid Cudi) – 1,5/5

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