Não é de hoje que os produtores e autores de histórias de terror se debruçam sobre os perigos da vida real para construir narrativas ficcionais para, de alguma forma, entreter e alertar o espectador ao mesmo tempo. E não é preciso muita dedicação para encontrar uma boa fonte de histórias absurdas: é só ligar em qualquer noticiário – as notícias que envolvem crimes ocorridos por conta da internet ou dentro dela são cada vez maiores, e vêm variando cada vez mais, principalmente nessa última década, com o crescimento do acesso à rede mundial. Dentre as pessoas que mais sofrem com os crimes ocorridos na web, os jovens ainda são os principais alvos – razão pela qual, também, boa parte dos filmes que bebem nessa fonte trazem jovens como personagens. É nessa pegada que chega aos cinemas esta semana o longa ‘Deep Web: O Show da Morte’ (‘The Deep Web: Murdershow’).
Mandy (Lauren Jackson, de ‘My Little Pony’) só queria sair com as amigas para se divertir, quando conheceu um cara pela internet, que marcou um encontro com ela em um lugar sombrio e isolado. Duas semanas depois, o corpo de Mandy é encontrado, o que faz com que Ethan (Aiden Howard, de ‘Riverdale’) tenha que voltar para casa, ficar com a mãe e viver o luto. Porém, Ethan é um podcaster que costuma denunciar o corpo mole que a polícia estadunidense costuma fazer com relação a denúncias feitas em seus canais. Diante da impassividade policial, Ethan se junta à melhor amiga de Mandy, Kate (Kimi Alexander), para investigar, por conta própria, o que teria acontecido com sua irmã, só que a deep web é um lugar muito, muito perigoso…
Escrito e dirigido por Dan Zachary (cuja carreira permeia o universo dos filmes de terror), ‘Deep Web: O Show da Morte’ tem uma premissa instigante: jovens que, sem querer (bom, com alguma intenção, no fundo, no fundo) acabam entrando na deep web para adquirir coisas ilegais, mas, uma vez lá, acabam se deparando – e, muitas vezes, se envolvendo – em um território muito mais hostil e descontrolado do que imaginam, o que acaba levando perigo para o mundo real no qual vivem. Essa premissa do filme, aliás, vale para a nossa própria realidade.
Com um orçamento apertado, dá para entender as limitações que o diretor teve em realizar seu projeto – e, ainda assim, ele consegue um resultado satisfatório, principalmente no quesito locações. Elencar atores que tenham participado antes de outros projetos jovens, como Aiden Howard, ajuda ao público jovem a simpatizar com o filme, apesar de, como protagonista, Aiden ter reações um pouco curiosas.
Da premissa que nos aproxima ao mundo real, é no desenvolvimento que o diretor e roteirista acaba encontrando seus maiores desafios, principalmente para oferecer motivações para as atitudes dos personagens. Nas cenas de terror e horror explícito (que não são muitas, mas satisfazem), ao menos o espectador, que gostar desse tipo de filme, poderá assistir a cenas bem coreografadas de violência e terror, com direito a mutilação, sangue e luta. Irregular, mas bem intencionado, ‘Deep Web: O Show da Morte’ é um terror para quem gosta de sangue.