Quem curte anime japonês sabe o que esperar das animações. É um tipo de produção diferente das animações ocidentais estilo Disney – são carregadas de emoções altamente dramáticas e não necessariamente focam em uma história fechada, linear, mas sim em construir desafios e aventuras para que a missão de seus personagens constantemente seja posta em xeque. É mais ou menos assim que ocorre com a maior parte das séries de anime japoneses, que, ao fazerem sucesso – e boa parte delas faz – ganha extensões em formato de longa-metragem. É o caso da seriezinha ‘Demon Slayer’, que estreia nos cinemas brasileiros seu filme ‘Demon Slayer – Mugen Train: O Filme’.
Tanjirô (Natsuki Hanae, na dublagem original em japonês), Zenitsu (Hiro Shimono) e Inosuke (Yoshitsugu Matsuoka) correm para pegar o trem na plataforma que já está saindo em direção à cidade de Mugen. Eles precisam encontrar em qual vagão está Kyôjurô (Satoshi Hino), um poderoso mestre. Porém, a viagem rapidamente é ameaçada pela presença de demônios terríveis que invadem o sono das pessoas e as aprisiona ali, em memórias felizes das quais elas não querem abrir mão, enquanto seus corpos são ameaçados de morte dentro do vagão. Por isso, Tanjirô terá que aprender a como dominar sua própria força de modo a proteger a todos os passageiros do trem.
Primeiramente, ‘Demon Slayer – Mugen Train: O Filme’ é uma produção feita pensada nos fãs da série. Ou seja, se você está de bobeira e decidir assistir a este filme, provavelmente não irá entender alguns pontos chave do enredo porque ele se constrói diretamente com elementos do anime. Não que o longa seja incompreensível, claro que não. Mas ele impacta de uma forma muito mais intensa na garotada que é fã do trio de caçadores de demônios.
Dramaturgicamente, é preciso dizer que ‘Demon Slayer – Mugen Train: O Filme’ é extreeeemamente dramático, na mesma medida em que é extreeemamente exagerado. Ao mesmo tempo que seus personagens têm surtos infantilóides (que atrai o público pré-adolescente), ao mesmo tempo tem cenas bem pesadinhas para essa garotada (que justifica a classificação etária de 16 anos).
Com uma roupagem juvenil – posto que os personagens têm faixas etárias bem jovens, embora lidem com temáticas de responsabilidade adulta –, o roteiro de Koyoharu Gotouge, baseado no mangá ‘Kimetsu no yaiba’, é elaborado em quatro arcos que se desenvolvem em quase duas horas de duração. Os primeiros três são interligados por uma história linear bastante coerente – a aventura dos protagonistas em enfrentar os demônios que ameaçam o trem –, porém, quando a gente acha que o filme está acabando, surge um novo arco com o surgimento de um novo personagem que embica a trama para uma outra direção, deixando-a em aberto porque, como falamos, o longa faz parte do universo da série.
Ou seja, ‘Demon Slayer – Mugen Train: O Filme’ é como um episódio super estendido do anime: funciona melhor como um OVA do que como um filme. Mas os fãs vão curtir cada momento no cinema, sem dúvida, pois o longa é recheado de batalhas mirabolantes e golpes incríveis que preenchem a telona com muita luz e brilho coloridos.