sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | ‘Desaparecida’ – Suspense ANGUSTIANTE liderado pela incrível performance de Storm Reid está na HBO Max

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Em 2018, a Sony Pictures conquistava o mundo com o lançamento de Buscando…’, um suspense que, pegando onda na nova onda de found footages que ganhava expressividade desde meados dos anos 2010, apresentou um novo capítulo ao gênero e arrebatou o público com uma narrativa de tirar o fôlego. Agora, a companhia retorna com uma sequência antológica intitulada ‘Desaparecida’, que parte do mesmo princípio estético do capítulo anterior (isto é, um longa screen life) e que, surpreendendo a todos, alcançou um resultado parecido, quiçá melhor.

Como já mencionado, a imagética da produção é idêntica ao título predecessor: toda a narrativa é confinada a telas de computadores, tablets, celulares ou câmeras de segurança – e, dessa vez, acompanha June Allen (Storm Reid), uma jovem que perdeu o pai ainda muito nova e que, agora, vive apenas com a mãe, Grace (Nia Long). Entretanto, o relacionamento entre as duas é bastante desequilibrado, principalmente pela falta de comunicação e por uma disparidade de crenças que se transforma em contínuas brigas e desentendimentos. Quando Grace revela que vai viajar com o novo namorado, Kevin (Ken Leung), June vê a oportunidade de se divertir e cair na farra com os amigos – ao menos pelo pouco período de tempo que ficará sozinha e sem a presença superprotetora da mãe. Entretanto, as coisas tomam um rumo inesperado quando Grace vai buscá-la no aeroporto e ela não aparece.



A princípio confusa, June volta para casa e entra em contato com quem consegue para descobrir o que aconteceu – seja com Heather (Amy Landecker), uma das amigas mais próximas de Grace, seja com o hotel em que o casal ficou hospedado. Mas a constante descoberta de informações estranhas a leva a imaginar que algo horrível pode ter acontecido a eles, como um sequestro. E é a partir daí que ela pede ajuda da polícia e une forças com pessoas de confiança para entender o que, de fato, aconteceu – e onde está sua mãe.

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Se Aneesh Chaganty fez um trabalho primoroso com Buscando…’, a dupla Will Merrick e Nick Johnson teria de manter o frescor narrativo e criativo – esquivando-se de equívocos amadores e de escolhas repetidas que poderiam cansar o público. Dessa forma, Merrick e Johnson seguem os passos de Chaganty e abraçam uma simples premissa de forma eficaz e que consegue honrar a produção original e evoluí-la dentro de uma espécie de “universo compartilhado” que ainda tem muito a nos contar. Ora, os diretores e roteiristas inclusive fazem referência à história de 2018 de maneira inesperada e com a dosagem certa de humor – abrindo espaço para investidas metalinguísticas que apenas auxiliam na expansão desse enervante cosmos.

De certa maneira, é a condução do enredo que insurge como elemento de maior destaque. A intrincada trama é complexa em sua totalidade e funciona dentro de um espaço considerável de tempo – não muito curto a ponto de deixar as resoluções apressadas demais, nem muito longo para nos cansar. O arco de June atravessa todos os estágios de uma conturbada psique humana que inclui confusão, temor, resignação e obstinação, fazendo de tudo para desvendar senhas e fazer conexões quase impossíveis para chegar ao fundo de um mistério que, dia após dia, ganha mais capítulos. E, se você gosta de uma história com múltiplas reviravoltas, com certeza vai se divertir com esse filme.

Reid entrega uma performance incrível, dominando os holofotes com uma atuação repleta de minúcias apaixonantes e uma naturalidade invejável: ainda que não divida a maior parte das cenas com outros atores, ela transparece uma química aplaudível, inclusive com Long, que permanece fiel à backstory de sua personagem até não aguentar mais. Joaquim de Almeida também participa da produção como Javier, um eletricista e faz-tudo colombiano com quem June entra em contato para ajudá-la nas investigações e que se torna um de seus confidentes e amigos. Cada engrenagem destila importância e convida os espectadores a conjecturar sobre o que aconteceu e como juntar as peças desse angustiante quebra-cabeça.

É inevitável traçar paralelos entre as duas obras – e o fato óbvio de se entrelaçaram por uma estética que merece mais reconhecimento no escopo mainstream. Talvez a familiaridade mais gritante (e que não necessariamente é algo ruim) é a sensação claustrofóbica e inescapável que abate os protagonistas: em Buscando…’, David Kim (John Cho) se vê desamparado por todo mundo, engolfado em um misto de culpa e impotência que o deixa à beira da loucura; aqui, June se vê numa situação parecida que se torna mais derradeira pelo fato de ser mais nova – e por lidar com um movimento virtual que cria teorias da conspiração e diminuem a credibilidade das investigações e a benevolência da mãe.

O filme não é livre de erros, como algumas escolhas criativas que forçam um pouco a credulidade da situação e quebram a ótima atmosfera construída no primeiro ato. Entretanto, mesmo tangenciando uma conclusão deus ex machina, os breves deslizes não são fortes o bastante para drenar a excelência fílmica de ‘Desaparecida’ – que merece ser assistido na HBO Max.

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Thiago Nollahttps://www.editoraviseu.com.br/a-pedra-negra-prod.html
Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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Em 2018, a Sony Pictures conquistava o mundo com o lançamento de Buscando…’, um suspense que, pegando onda na nova onda de found footages que ganhava expressividade desde meados dos anos 2010, apresentou um novo capítulo ao gênero e arrebatou o público com uma narrativa de tirar o fôlego. Agora, a companhia retorna com uma sequência antológica intitulada ‘Desaparecida’, que parte do mesmo princípio estético do capítulo anterior (isto é, um longa screen life) e que, surpreendendo a todos, alcançou um resultado parecido, quiçá melhor.

Como já mencionado, a imagética da produção é idêntica ao título predecessor: toda a narrativa é confinada a telas de computadores, tablets, celulares ou câmeras de segurança – e, dessa vez, acompanha June Allen (Storm Reid), uma jovem que perdeu o pai ainda muito nova e que, agora, vive apenas com a mãe, Grace (Nia Long). Entretanto, o relacionamento entre as duas é bastante desequilibrado, principalmente pela falta de comunicação e por uma disparidade de crenças que se transforma em contínuas brigas e desentendimentos. Quando Grace revela que vai viajar com o novo namorado, Kevin (Ken Leung), June vê a oportunidade de se divertir e cair na farra com os amigos – ao menos pelo pouco período de tempo que ficará sozinha e sem a presença superprotetora da mãe. Entretanto, as coisas tomam um rumo inesperado quando Grace vai buscá-la no aeroporto e ela não aparece.

A princípio confusa, June volta para casa e entra em contato com quem consegue para descobrir o que aconteceu – seja com Heather (Amy Landecker), uma das amigas mais próximas de Grace, seja com o hotel em que o casal ficou hospedado. Mas a constante descoberta de informações estranhas a leva a imaginar que algo horrível pode ter acontecido a eles, como um sequestro. E é a partir daí que ela pede ajuda da polícia e une forças com pessoas de confiança para entender o que, de fato, aconteceu – e onde está sua mãe.

Se Aneesh Chaganty fez um trabalho primoroso com Buscando…’, a dupla Will Merrick e Nick Johnson teria de manter o frescor narrativo e criativo – esquivando-se de equívocos amadores e de escolhas repetidas que poderiam cansar o público. Dessa forma, Merrick e Johnson seguem os passos de Chaganty e abraçam uma simples premissa de forma eficaz e que consegue honrar a produção original e evoluí-la dentro de uma espécie de “universo compartilhado” que ainda tem muito a nos contar. Ora, os diretores e roteiristas inclusive fazem referência à história de 2018 de maneira inesperada e com a dosagem certa de humor – abrindo espaço para investidas metalinguísticas que apenas auxiliam na expansão desse enervante cosmos.

De certa maneira, é a condução do enredo que insurge como elemento de maior destaque. A intrincada trama é complexa em sua totalidade e funciona dentro de um espaço considerável de tempo – não muito curto a ponto de deixar as resoluções apressadas demais, nem muito longo para nos cansar. O arco de June atravessa todos os estágios de uma conturbada psique humana que inclui confusão, temor, resignação e obstinação, fazendo de tudo para desvendar senhas e fazer conexões quase impossíveis para chegar ao fundo de um mistério que, dia após dia, ganha mais capítulos. E, se você gosta de uma história com múltiplas reviravoltas, com certeza vai se divertir com esse filme.

Reid entrega uma performance incrível, dominando os holofotes com uma atuação repleta de minúcias apaixonantes e uma naturalidade invejável: ainda que não divida a maior parte das cenas com outros atores, ela transparece uma química aplaudível, inclusive com Long, que permanece fiel à backstory de sua personagem até não aguentar mais. Joaquim de Almeida também participa da produção como Javier, um eletricista e faz-tudo colombiano com quem June entra em contato para ajudá-la nas investigações e que se torna um de seus confidentes e amigos. Cada engrenagem destila importância e convida os espectadores a conjecturar sobre o que aconteceu e como juntar as peças desse angustiante quebra-cabeça.

É inevitável traçar paralelos entre as duas obras – e o fato óbvio de se entrelaçaram por uma estética que merece mais reconhecimento no escopo mainstream. Talvez a familiaridade mais gritante (e que não necessariamente é algo ruim) é a sensação claustrofóbica e inescapável que abate os protagonistas: em Buscando…’, David Kim (John Cho) se vê desamparado por todo mundo, engolfado em um misto de culpa e impotência que o deixa à beira da loucura; aqui, June se vê numa situação parecida que se torna mais derradeira pelo fato de ser mais nova – e por lidar com um movimento virtual que cria teorias da conspiração e diminuem a credibilidade das investigações e a benevolência da mãe.

O filme não é livre de erros, como algumas escolhas criativas que forçam um pouco a credulidade da situação e quebram a ótima atmosfera construída no primeiro ato. Entretanto, mesmo tangenciando uma conclusão deus ex machina, os breves deslizes não são fortes o bastante para drenar a excelência fílmica de ‘Desaparecida’ – que merece ser assistido na HBO Max.

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Em contato com as artes em geral desde muito cedo, Thiago Nolla é jornalista, escritor e drag queen nas horas vagas. Trabalha com cultura pop desde 2015 e é uma enciclopédia ambulante sobre divas pop (principalmente sobre suas musas, Lady Gaga e Beyoncé). Ele também é apaixonado por vinho, literatura e jogar conversa fora.

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