sábado , 21 dezembro , 2024

Crítica | Desenfreado – Filme Medieval Épico Sul-Coreano com Zumbis!

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Um filme medieval, épico, sul-coreano e… com zumbis! Parece completamente contraditório, mas esse filme existe e se chama ‘Desenfreado’ – um dos lançamentos da Dona Netflix essa semana. E surpreende!



A superprodução de 2018 tem como título original ‘Chang-gwol’ e chegou a estrear nos cinemas da Coreia do Sul, arrecadando cerca de U$12 milhões em bilheteria. A trama, porém, é um pouco complicadinha de entender, mas vamos lá: tudo começa quando o Ministro de Guerra, Kim Ja-Joon (o sério Jang Dong-Gun), entra em um navio cargueiro gringo (provavelmente inglês, mas não é definido), que contém um zumbi. O gringo pede ajuda com pólvora para queimar a carga, porém, Kim decide que aquela poderia ser sua grande arma para depor o poder do rei Lee Jo (Kim Eui-Sung). É assim que a província de Joseon é infestada por uma horda de “demônios” – que são, na verdade, zumbis. Para cuidar da situação, o príncipe herdeiro boa pinta e malandrão, Lee Chung (Hyung-Bin) é convocado, juntamente com seu escudeiro e alívio cômico Hak-Soo (o hilário Jeong Man-Sik, numa atuação a la David do Brasil). Enquanto enfrenta a ameaça zumbi, Lee Chung ainda tem que lidar com traições dentro do governo.

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É importante explicar essa sinopse mais alongada por duas razões: primeiro, porque nada disso fica muito claro até quase o fim do primeiro terço, o que gera bastante confusão pro espectador; segundo, porque o longa-metragem parece não ter continuidade, intercalando sequências de cenas que parecem não ter ligação uma com a outra. Essa questão fica mais evidente no primeiro arco do filme, porém, também ocorre nas outras partes, pedindo certa boa vontade de nós, como uma cena que começa ao anoitecer e de repente já está de manhã, mas quando os personagens voltam ao ponto original, está de noite novamente.

Desenfreado’ é uma megaprodução com requintes na ambientação de época, na caracterização e no figurino. Tem cenários belíssimos, trajes que contrastam esteticamente com o horror no qual se passa a trama e até mesmo apresentações artísticas, que são pura poesia. O filme se leva a sério, os atores são dramáticos ao extremo, beirando uma novela mexicana. Seria apenas um drama medieval épico, não fossem os zumbis.

Preparem-se para o que eu vou falar: este é o primeiro filme em que é bonito ver o zumbi. Sério. Imaginem aqueles coreanos vestidos com aquelas roupas que parecem vindas direto do mangá, com aquela pele de porcelana e enfeites dos cabelos. Agora imaginem esses caras se contorcendo, quebrando os ossos, se requebrando, ganhando veias azuis que saltam do pescoço, andando que nem a menina do ‘Exorcista’. Acrescente a esses mesmos indivíduos sangue escorrendo pelos lábios, coloque-os curvados sobre as vítimas. E os zumbis não são bestas não! Eles não são lerdos e não perdem partes do corpo pelo meio do caminho, ao contrário, são uma ameaça real.

Desenfreado’ desperta sentimentos dicotômicos na gente, porque torna essa transformação do zumbi em algo belo, poético. Em algum grau, isso deve ser errado, não? Independentemente, é um entretenimento bem bacanudo, e que pode abrir as portas do cinema sul-coreano de gênero para o nosso público.

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Janda Montenegrohttp://cinepop.com.br
Escritora, autora de 6 livros, roteirista, assistente de direção. Doutora em Literatura Brasileira Indígena UFRJ.

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A superprodução de 2018 tem como título original ‘Chang-gwol’ e chegou a estrear nos cinemas da Coreia do Sul, arrecadando cerca de U$12 milhões em bilheteria. A trama, porém, é um pouco complicadinha de entender, mas vamos lá: tudo começa quando o Ministro de Guerra, Kim Ja-Joon (o sério Jang Dong-Gun), entra em um navio cargueiro gringo (provavelmente inglês, mas não é definido), que contém um zumbi. O gringo pede ajuda com pólvora para queimar a carga, porém, Kim decide que aquela poderia ser sua grande arma para depor o poder do rei Lee Jo (Kim Eui-Sung). É assim que a província de Joseon é infestada por uma horda de “demônios” – que são, na verdade, zumbis. Para cuidar da situação, o príncipe herdeiro boa pinta e malandrão, Lee Chung (Hyung-Bin) é convocado, juntamente com seu escudeiro e alívio cômico Hak-Soo (o hilário Jeong Man-Sik, numa atuação a la David do Brasil). Enquanto enfrenta a ameaça zumbi, Lee Chung ainda tem que lidar com traições dentro do governo.

É importante explicar essa sinopse mais alongada por duas razões: primeiro, porque nada disso fica muito claro até quase o fim do primeiro terço, o que gera bastante confusão pro espectador; segundo, porque o longa-metragem parece não ter continuidade, intercalando sequências de cenas que parecem não ter ligação uma com a outra. Essa questão fica mais evidente no primeiro arco do filme, porém, também ocorre nas outras partes, pedindo certa boa vontade de nós, como uma cena que começa ao anoitecer e de repente já está de manhã, mas quando os personagens voltam ao ponto original, está de noite novamente.

Desenfreado’ é uma megaprodução com requintes na ambientação de época, na caracterização e no figurino. Tem cenários belíssimos, trajes que contrastam esteticamente com o horror no qual se passa a trama e até mesmo apresentações artísticas, que são pura poesia. O filme se leva a sério, os atores são dramáticos ao extremo, beirando uma novela mexicana. Seria apenas um drama medieval épico, não fossem os zumbis.

Preparem-se para o que eu vou falar: este é o primeiro filme em que é bonito ver o zumbi. Sério. Imaginem aqueles coreanos vestidos com aquelas roupas que parecem vindas direto do mangá, com aquela pele de porcelana e enfeites dos cabelos. Agora imaginem esses caras se contorcendo, quebrando os ossos, se requebrando, ganhando veias azuis que saltam do pescoço, andando que nem a menina do ‘Exorcista’. Acrescente a esses mesmos indivíduos sangue escorrendo pelos lábios, coloque-os curvados sobre as vítimas. E os zumbis não são bestas não! Eles não são lerdos e não perdem partes do corpo pelo meio do caminho, ao contrário, são uma ameaça real.

Desenfreado’ desperta sentimentos dicotômicos na gente, porque torna essa transformação do zumbi em algo belo, poético. Em algum grau, isso deve ser errado, não? Independentemente, é um entretenimento bem bacanudo, e que pode abrir as portas do cinema sul-coreano de gênero para o nosso público.

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