quarta-feira , 20 novembro , 2024

Crítica | Desobediência – O melhor filme de representatividade LGBTQ+ feminina

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Não há nada mais belo do que ser livre para escolher

Existem filmes que marcam toda uma geração negativamente, entretanto, também existem produções que entram para a história pela mensagem positiva, pela quebra de paradigmas dentro da indústria e por provarem que é possível sim criar histórias representativas de forma correta.



Desde o ano passado uma onda de longas-metragens com representações positivas vem acontecendo: ‘Mulher-Maravilha, ‘Pantera Negra, ‘Com Amor, Simon’, ‘Oito Mulheres e um Segredo e agora chega um drama adulto, que não aconteceria se não fosse pela protagonista e produtora Rachel Weisz (O Jardineiro Fiel). Adaptado do livro de Naomi Alderman, Desobediência mostra a história de Ronit (Weisz), que retorna para a comunidade judaica ortodoxa da qual foi expulsa, após receber notícias sobre a morte do pai. Lá ela reencontra Esti (Rachel McAdams), a amiga de infância com a qual teve uma relação, o que reacende a paixão de ambas enquanto exploram os limites da fé e da sexualidade.

A direção e roteiro ficam por conta do chileno vencedor do Oscar por Uma Mulher Fantástica, Sebastián Lelio, escolha da própria Weisz. O cineasta, definitivamente, prova mais uma vez que não só sabe fazer filmes como também trazer uma boa representatividade feminina. A trama por trás de Desobediência não é necessariamente algo novo, nunca visto antes, contudo, possui elementos inovadores e, principalmente, aborda a temática homossexualidade e religião de maneira nunca antes vista dentro da indústria cinematográfica. O longa apresenta um roteiro coerente, bem escrito, com diálogos excepcionais e inesquecíveis, inclusive, contando com alívios cômicos num timing perfeito. A obra mescla o tom dramático e um pouco de comicidade para debater assuntos importantes que estão enraizados na sociedade.

Lelio consegue transitar entre ambos os temas sem precisar ofender ou parecer clichê. É uma obra que acerta de ponta a ponta e até mesmo transporta o espectador para uma reflexão mais aprofundada sobre as questões apresentadas. É um refresco gelado numa tarde ensolarada para a comunidade feminina LGBTQ+, que por muitos anos precisou encarar produções que estereotipassem ou abordassem de maneira simplista demais a sua realidade. Mas calma, a produção é para todos os públicos, e merece ser vista e revista.

A dinâmica criada entre Weisz, McAdams e Alessandro Nivola – que dá vida ao personagem Dovid Kuperman, um dos discípulos do pai de Ronit, que casou com Esti – é daquelas de levantar e aplaudir de tão espetacular e verdadeira que transparece em tela. Os três, que eram melhores amigos na infância, trafegam por uma reconstrução na relação de outrora. Por mais que a protagonista seja Ronit, a história é completamente da personagem da Rachel McAdams e isso só torna o filme do chileno mais especial e gratificante. É digna de uma indicação ao Oscar. Vocês vão vê-la (McAdams) como nunca antes.

É impossível falar deste longa-metragem e não comentar sobre a cena de sexo. Rachel Weisz fez questão de participar de todo o processo de edição para evitar o famoso male gaze, ou seja, a visão masculina, enquanto Sebastián pesquisou com suas amigas gays sobre as relações, para que pudesse ficar o mais fiel possível. Sem nudez, completamente devotada a Esti, a cena é, provavelmente, uma das melhores já produzidas entre duas mulheres e um dos pontos cruciais para a personagem de McAdams. A química entre as duas é tão realística que só contribui para que o público embarque nesta jornada.

A direção é um espetáculo à parte, mesclando-se perfeitamente ao roteiro. Entregando todo o esperado diante de uma história tão rica quanto esta. A trilha sonora também é coerente com toda a produção e a arte faz o trabalho que deve ser feito. É como se todos os itens se unissem para deixar o longa coeso em toda a montagem. A mensagem que passa é clara, e merece ser repetida e relembrada enquanto o preconceito existir.

Desobediência é desses filmes para guardar na estante e rever sempre que possível. Além de dar uma aula para a indústria cinematográfica sobre como realizar filmes positivos a respeito da representatividade feminina LGBTQ+. É, meus caros, Sebastián Lelio sabe fazer cinema (e merece mais prêmios).

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Desde o ano passado uma onda de longas-metragens com representações positivas vem acontecendo: ‘Mulher-Maravilha, ‘Pantera Negra, ‘Com Amor, Simon’, ‘Oito Mulheres e um Segredo e agora chega um drama adulto, que não aconteceria se não fosse pela protagonista e produtora Rachel Weisz (O Jardineiro Fiel). Adaptado do livro de Naomi Alderman, Desobediência mostra a história de Ronit (Weisz), que retorna para a comunidade judaica ortodoxa da qual foi expulsa, após receber notícias sobre a morte do pai. Lá ela reencontra Esti (Rachel McAdams), a amiga de infância com a qual teve uma relação, o que reacende a paixão de ambas enquanto exploram os limites da fé e da sexualidade.

A direção e roteiro ficam por conta do chileno vencedor do Oscar por Uma Mulher Fantástica, Sebastián Lelio, escolha da própria Weisz. O cineasta, definitivamente, prova mais uma vez que não só sabe fazer filmes como também trazer uma boa representatividade feminina. A trama por trás de Desobediência não é necessariamente algo novo, nunca visto antes, contudo, possui elementos inovadores e, principalmente, aborda a temática homossexualidade e religião de maneira nunca antes vista dentro da indústria cinematográfica. O longa apresenta um roteiro coerente, bem escrito, com diálogos excepcionais e inesquecíveis, inclusive, contando com alívios cômicos num timing perfeito. A obra mescla o tom dramático e um pouco de comicidade para debater assuntos importantes que estão enraizados na sociedade.

Lelio consegue transitar entre ambos os temas sem precisar ofender ou parecer clichê. É uma obra que acerta de ponta a ponta e até mesmo transporta o espectador para uma reflexão mais aprofundada sobre as questões apresentadas. É um refresco gelado numa tarde ensolarada para a comunidade feminina LGBTQ+, que por muitos anos precisou encarar produções que estereotipassem ou abordassem de maneira simplista demais a sua realidade. Mas calma, a produção é para todos os públicos, e merece ser vista e revista.

A dinâmica criada entre Weisz, McAdams e Alessandro Nivola – que dá vida ao personagem Dovid Kuperman, um dos discípulos do pai de Ronit, que casou com Esti – é daquelas de levantar e aplaudir de tão espetacular e verdadeira que transparece em tela. Os três, que eram melhores amigos na infância, trafegam por uma reconstrução na relação de outrora. Por mais que a protagonista seja Ronit, a história é completamente da personagem da Rachel McAdams e isso só torna o filme do chileno mais especial e gratificante. É digna de uma indicação ao Oscar. Vocês vão vê-la (McAdams) como nunca antes.

É impossível falar deste longa-metragem e não comentar sobre a cena de sexo. Rachel Weisz fez questão de participar de todo o processo de edição para evitar o famoso male gaze, ou seja, a visão masculina, enquanto Sebastián pesquisou com suas amigas gays sobre as relações, para que pudesse ficar o mais fiel possível. Sem nudez, completamente devotada a Esti, a cena é, provavelmente, uma das melhores já produzidas entre duas mulheres e um dos pontos cruciais para a personagem de McAdams. A química entre as duas é tão realística que só contribui para que o público embarque nesta jornada.

A direção é um espetáculo à parte, mesclando-se perfeitamente ao roteiro. Entregando todo o esperado diante de uma história tão rica quanto esta. A trilha sonora também é coerente com toda a produção e a arte faz o trabalho que deve ser feito. É como se todos os itens se unissem para deixar o longa coeso em toda a montagem. A mensagem que passa é clara, e merece ser repetida e relembrada enquanto o preconceito existir.

Desobediência é desses filmes para guardar na estante e rever sempre que possível. Além de dar uma aula para a indústria cinematográfica sobre como realizar filmes positivos a respeito da representatividade feminina LGBTQ+. É, meus caros, Sebastián Lelio sabe fazer cinema (e merece mais prêmios).

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